Vaticano, 5 de nov de 2019 às 10:00
Ao receber na manhã de ontem os membros da Federação Internacional das Universidades Católicas (FIUC), que participam de uma conferência em Roma, o Papa Francisco afirmou que "a Igreja não teme o conhecimento, mas o purifica".
Assim indicou o Santo Padre em seu discurso aos participantes da conferência realizada nos dias 4 e 5 de novembro no Centro de Congressos Augustinianum, com o tema "Novas fronteiras para os líderes das universidades. O futuro da saúde e o ecossistema da universidade".
"Hoje, o sistema universitário enfrenta desafios inesperados decorrentes do desenvolvimento da ciência, da evolução de novas tecnologias e das necessidades da sociedade, que exigem das instituições acadêmicas respostas adequadas e atualizadas", afirmou Francisco em seu discurso.
Depois de assinalar a importância de trabalhar para o bem comum, o Santo Padre ressaltou que “a universidade tem uma consciência, mas também uma força intelectual e moral cuja responsabilidade vai além da pessoa a ser educada e se estende às necessidades de toda a humanidade".
Nesse sentido, “a FIUC é chamada a assumir o imperativo moral de trabalhar para alcançar uma comunidade acadêmica internacional mais unida, por um lado, colocando com maior convicção suas raízes no contexto cristão no qual as universidades se originaram e, por outro, consolidando a rede entre as universidades de origem antiga e as de gerações mais jovens, a fim de desenvolver um espírito universalista orientado a melhorar a qualidade de vida cultural de pessoas e povos”.
"O ecossistema das universidades se constrói se cada universitário cultivar uma sensibilidade particular, essa que procede de sua atenção ao homem, a toda a humanidade, ao contexto no qual vive e cresce e a tudo o que contribui para sua promoção", afirmou.
O Pontífice também explicou a importância de formar líderes que combinem os conhecimentos científicos com "a sensibilidade do estudioso e do pesquisador, para que os frutos do estudo não sejam adquiridos no sentido autorreferencial, mas projetados no sentido relacional e social".
"Assim como todo cientista e todo homem de cultura tem uma obrigação de servir mais, porque sabe mais, o mesmo acontece com a comunidade universitária, especialmente se for de inspiração cristã, e o ecossistema das instituições acadêmicas devem responder juntos à mesma obrigação", continuou.
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Do mesmo modo, destacou as palavras do recém-canonizado Cardeal John Henry Newman, patrono da FIUC, que dizia que "a Igreja não teme o conhecimento, mas o purifica todo, não afoga nenhum elemento de nossa natureza, mas cultiva tudo".
Francisco indicou que em todo ensinamento é importante questionar o "porquê" das coisas ”ou seja, exige uma reflexão sobre os fundamentos e sobre os fins de cada disciplina".
“É necessário superar a herança do iluminismo, educar de modo geral, mas antes de tudo, a universidade não é somente encher a cabeça de conceitos. É preciso três linguagens. É necessário que as três linguagens entrem em jogo: a linguagem da mente, a linguagem do coração e a linguagem da mão, para que assim se pense em harmonia com o que se sente, se faz; se sinta em harmonia com o que se pensa e se faz; se faça em harmonia com o que se sente e se pensa. Uma harmonia geral, não extraída da totalidade”, afirmou o Papa.
O Pontífice também destacou a importância da ética na educação. "Trata-se de seu caráter tipicamente epistemológico, que afeta todos os saberes, e não apenas o conhecimento humanístico, mas também o conhecimento natural, científico e tecnológico", afirmou.
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— ACI Digital (@acidigital) November 4, 2019