WASHINGTON DC, 5 de nov de 2019 às 16:00
O sacerdote dominicano e especialista em teologia moral, Pe. Thomas Petri, explicou as razões pelas quais negaram a Eucaristia a Joe Biden, pré-candidato presidencial democrata nos Estados Unidos.
Em um artigo intitulado "Sacerdotes, prudência e política: Por que a Santa Comunhão foi negada a Joe Binden em uma Missa Católica?”, publicado em 3 de novembro em ‘USAToday’, o especialista se referiu ao fato que ocorreu em 27 de outubro, quando Pe. Robert Morey, pároco de St. Anthony Catholic Church, na Diocese de Charleston (Carolina do Sul), negou a comunhão a Biden, por causa de sua postura pública a favor do aborto.
O presbítero explicou inicialmente que os católicos, quando cometem um pecado mortal, podem recorrer ao sacramento da Confissão para depois receber a Eucaristia e que “esta é a maneira normal de fazer as coisas para os católicos típicos que cometem pecados, como fazemos os pecadores em geral”.
“No entanto, alguns católicos podem se fingir de surdos às preocupações da família, dos amigos ou dos pastores. Isso sempre é estressante para todos os envolvidos. A situação piora quando uma pessoa publicamente se obstina em um pecado grave e insiste em que não há nada imoral no que faz”, prossegue Pe. Petri.
O especialista então se referiu ao cânon 915 do Código de Direito Canônico, que declara que “não sejam admitidos à sagrada comunhão os excomungados e os interditos, depois da aplicação ou declaração da pena, e outros que obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto”.
“A razão pela qual a Igreja pode proibir algumas pessoas de receber a Sagrada Comunhão é justamente porque o pecado não é apenas grave, mas público (ou seja, 'manifesto') e se obstinam nele. Uma pessoa assim não vive mais em comunhão com a Igreja, sendo assim, permitir que esta pessoa receba a Santa Comunhão seria também uma mentira”, ressaltou o sacerdote.
“O aborto é um mal grave. Não é um assunto de religião, mas tem a ver com o direito humano fundamental à vida. Aqueles que apoiam publicamente o aborto ou o permitem (seja com leis ou cooperando com ele) são cúmplices desse mal, sejam eles políticos ou pessoas comuns”, indicou Pe. Petri.
“Essa pessoa não só precisa se confessar antes de receber a Santa Comunhão, mas também precisa mostrar que não está mais obstinada em sua agenda. Isso geralmente significa alguma afirmação que corrija seu fechamento antigo”, destacou o especialista em teologia moral.
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O sacerdote disse que a obstinação no apoio público ao aborto não é a única razão para negar a Comunhão a uma pessoa e colocou como exemplo o racismo que ocorreu em Nova Orleans em 1962.
“A dificuldade pastoral desse aspecto do ensinamento da Igreja é que exige que os pastores falem e convençam aqueles que defendem políticas e ações contrárias ao Evangelho, para determinar se, efetivamente, estão obstinados. Isso, em geral, deixa-se ao pároco, mas como o alcance dos políticos vai além de suas paróquias, muitos bispos tomaram para si esta responsabilidade”.
No entanto, continuou o sacerdote, “os bispos dos Estados Unidos não estão unidos em sua aproximação pastoral. Alguns transformaram em política negar a Comunhão aos políticos publicamente obstinados, mas muitos outros insistem em que a Santa Comunhão não deve ser negada e que o sacramento não pode ser reduzido a um jogo político”.
Para concluir, o sacerdote reconhece que “ninguém gosta que lhe digam 'não' ou ser excluído, mas a Igreja ensina que, às vezes, é necessário fazê-lo não apenas para o bem da pessoa, mas para ser consistente com nossos ensinamentos sobre a Comunhão. Isso certamente será um passo difícil enquanto avançamos para um futuro previsível”.
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— ACI Digital (@acidigital) October 29, 2019