MADRI, 7 de nov de 2019 às 11:00
A rede Cáritas na República Democrática do Congo (RDC) começou em 31 de outubro a executar um novo plano de resposta à emergência causada pela epidemia de ebola na parte oriental do país e que, desde seu comunicado oficial, de 1º de agosto passado, já causou 2.182 mortes.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 29 de outubro, deve-se acrescentar a esse número de falecidos que existem 3.268 pessoas afetadas, das quais 3.151 são casos confirmados, 117 prováveis, 1.048 curados e outros 475 casos suspeitos sob investigação.
Segundo informa Cáritas, após esta última avaliação, a OMS decidiu manter a epidemia de ebola em curso na RDC como uma emergência de saúde global. Esta é a décima epidemia do vírus em solo congolês desde 1976 e a segunda mais mortal da história, após a que atingiu a África Ocidental entre 2013 e 2015.
A publicação desses dados coincide com a implantação por parte da Cáritas congolesa, com o apoio de toda a rede internacional da Cáritas, de um novo plano de resposta à emergência, com um orçamento total de 424 mil euros, dos quais 85% já foi coberto por Cáritas doadores.
Cáritas Espanhola contribuiu para este chamado com uma quantia de 131.216,49 euros de doações privadas canalizadas para esta emergência no país através da campanha ‘Cáritas com a emergência de ebola na República Democrática do Congo’.
Este projeto, que durará quatro meses, cobrirá as dioceses de Goma, Bunia, Wamba, Bukavu e Kisangani, nas regiões de Uvira, Kivu do Norte e Kivu do Sul.
Como nas etapas anteriores desenvolvidas pela rede Cáritas nesta região para responder à emergência, as atividades do novo projeto se concentrarão principalmente no lançamento de campanhas de informação, algo que consideram “fundamental para o sucesso da luta contra a epidemia” para as comunidades afetadas ou ameaçadas pela epidemia sobre as características desta doença, a idoneidade das medidas de prevenção e profilaxia recomendadas pelas autoridades de saúde e as atitudes e práticas apropriadas para impedir sua propagação.
Conforme destacam, essas medidas de comunicação são essenciais para conter a epidemia, evitar que se espalhe para novas áreas e vencê-la, pois exigem uma participação muito ativa de todas as pessoas, pois são medidas altamente invasivas, como o isolamento de casos suspeitos, a prevenção de contato, gestão diferente dos ritos funerários, lavagem das mãos etc.
Além disso, o epicentro dessa epidemia está em uma zona de conflito, o que dificulta a aplicação de medidas para a mobilidade da população.
Também especificam que a rede Cáritas, como parte da Igreja Católica do país, tem a vantagem de ter uma ampla rede de líderes comunitários e voluntários no terreno, o que permite o desenvolvimento desse intenso trabalho tanto informativo como formativo nas comunidades mais expostas ao impacto da epidemia e monitorar sua evolução em cada Diocese.
Além do intenso programa de ações de divulgação informativa, de sensibilização da população local e da capacitação de líderes, o projeto contempla a distribuição para as comunidades e centros escolares de produtos de saneamento (cloro, sabão, kits de lavagem das mãos, termômetros, etc.) e outros equipamentos necessários para garantir a prevenção do vírus. Entre outras medidas, está prevista a distribuição de 840 kits de lavagem das mãos em 140 escolas.
Com este novo plano, a Cáritas pretende atingir cerca de 1.725.000 pessoas, ou seja, 287.500 famílias e comunidades nas regiões de Kivu e Ituri, por meio de ações informativas específicas sobre o ebola.
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Também está previsto atingir 360.000 pessoas por meio de atividades de comunicação interpessoal e em grupo lideradas por trabalhadores comunitários de base e grupos juvenis, que se mobilizarão para enviar mensagens através de peças teatrais e apresentações musicais, entre outras ações adaptadas a cada comunidade.
Este projeto também conta com a colaboração de 140 jornalistas que serão mobilizados dentro desse projeto para divulgar mensagens de prevenção sobre a epidemia por meio de um ciclo semanal de programas de entrevistas em 14 estações de rádio em seis idiomas.
A resposta da rede Cáritas a esta crise, como em todas as epidemias, é realizada em coordenação com o Ministério da Saúde congolês e a OMS, por meio de um comitê de monitoramento que se reúne todos os dias para avaliar a situação, identificar desafios e estabelecer novas estratégias de resposta ao ebola.
Essa mesma coordenação se mantém no terreno com todas as agências do sistema das Nações Unidas presentes na área e com outras redes de organizações voluntárias.
Além disso, em todas as províncias afetadas pela epidemia e nos centros de risco, especialmente em Beni, Butembo, Goma, Bunia, Mambasa, Kisangani e Isiro, a Cáritas diocesana participa das reuniões dos grupos de coordenação humanitária que acompanham a evolução da epidemia em cada área.
O ministro da Saúde congolês e seus homólogos dos nove países vizinhos da República Democrática do Congo analisaram em 21 de outubro de 2019, em Goma, a possibilidade, segundo fontes oficiais, de "desenvolver um marco para a colaboração transfronteiriça para uma resposta à epidemia de ebola". Esse mecanismo teria como objetivo "garantir o intercâmbio oportuno de informação crítica para uma resposta e controle rápidos dessa epidemia", assim como "fortalecer a vigilância sanitária transfronteiriça".
Dos países da região, apenas Uganda registrou quatro casos de Ebola em seu território, apesar de milhares de pessoas atravessarem diariamente a fronteira entre a República Democrática do Congo e seus nove vizinhos.
A situação de segurança na região continua sendo preocupante e volátil, com ataques esporádicos e repetidos de grupos armados contra a população civil e as forças de segurança, ou seja, o Exército Nacional e a Polícia. Esses surtos de violência interrompem regularmente muitas das atividades de resposta a emergências.
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— ACI Digital (@acidigital) August 19, 2019