Nesta quinta-feira, 21 de novembro, no segundo dia de sua viagem à Tailândia, o papa Francisco visitou o Saint Louis Hospital, onde dirigiu uma saudação à equipe médica deste e de outros centros católicos e lhes agradeceu por seu trabalho, pois realizam “uma das maiores obras de misericórdia” ao ir “muito além de um simples e louvável exercício da medicina”.

A seguir, a saudação do Santo Padre:

Queridos amigos!

Sinto-me feliz por ter esta oportunidade de me encontrar convosco, pessoal médico, sanitário e auxiliar do Hospital St. Louis e de outros hospitais católicos e centros de caridade. Agradeço ao Diretor as suas amáveis palavras de apresentação. Para mim, é uma bênção contemplar pessoalmente este precioso serviço que a Igreja oferece ao povo tailandês, especialmente aos mais necessitados. Saúdo afetuosamente as Irmãs de São Paulo de Chartres, bem como as outras religiosas aqui presentes, e agradeço a vossa silenciosa e alegre dedicação a este apostolado. Em vós temos a possibilidade de contemplar o rosto materno do Senhor, que Se inclina para ungir e levantar os seus filhos. Obrigado!

Gostei de ouvir as palavras do Diretor sobre o princípio que anima este Hospital: «Ubi caritas, Deus ibi est – onde houver caridade, aí está Deus». De facto, é precisamente na prática da caridade que nós, cristãos, somos chamados não só a manifestar que somos discípulos missionários, mas também a verificar a fidelidade do nosso seguimento e a das nossas Instituições. «Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40) – diz o Senhor. Discípulos missionários sanitários, que se abrem a «uma fraternidade mística, contemplativa, que sabe ver a grandeza sagrada do próximo, que sabe descobrir Deus em cada ser humano, (...) procurar a felicidade dos outros como a procura o seu Pai bom» (Evangelii gaudium, 92).

Deste ponto de vista, realizais uma das maiores obras de misericórdia, porque o vosso compromisso sanitário vai muito além dum simples e louvável exercício da medicina. Tal compromisso não se pode reduzir apenas à realização de algumas ações ou determinadas programas, mas deveis ir mais além, abertos ao imprevisto, ou seja, acolher e abraçar a vida como chega à urgência do hospital para ser atendida com uma compaixão especial, que brota do amoroso respeito pela dignidade de todos os seres humanos. Os processos de cura exigem e reclamam também a força duma unção capaz de restituir, em todas as situações que se devem atravessar, um olhar que dignifica e ampara.

Todos vós, membros desta comunidade sanitária, sois discípulos missionários quando vedes um paciente e aprendeis a chamá-lo pelo nome. Sei que o vosso serviço pode, às vezes, ser pesado e extenuante; viveis no meio de situações extremas, e isto requer que possais ser acompanhados e assistidos no vosso trabalho. Daí a importância de desenvolver uma pastoral da saúde, na qual não só os pacientes, mas todos os membros desta comunidade possam sentir-se acompanhados e sustentados na sua missão. Sabei também que os vossos esforços e o trabalho das várias instituições que representais são o testemunho vivo do cuidado e atenção que somos chamados a demonstrar por todas as pessoas, especialmente pelos idosos, os jovens e os mais vulneráveis.

Neste ano, o Hospital St. Louis comemora o 120º aniversário da sua fundação. Quantas pessoas receberam alívio no seu sofrimento, foram consoladas nas suas aflições e acompanhadas na sua solidão! Ao dar graças a Deus pelo dom da vossa presença ao longo destes anos, peço-Lhe que este apostolado e outros semelhantes sejam cada vez mais sinal e emblema duma Igreja em saída que, querendo viver a sua missão, é incentivada a levar o amor sanador de Cristo a todas as pessoas que sofrem.

No final deste encontro, visitarei os enfermos, as pessoas com deficiência, podendo assim acompanhá-los, pelo menos um pouco, no seu sofrimento.

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Todos sabemos que a doença traz sempre consigo grandes interrogativos. A primeira reação pode ser rebelar-nos, chegando mesmo a viver momentos de confusão e desolação. É o grito que brota da dor, e assim deve ser; o próprio Jesus, sofrendo, o deu. Com a oração, queremos unir-nos também nós ao d’Ele.

Unindo-nos a Jesus na sua paixão, descobrimos a força da sua proximidade à nossa fragilidade e às nossas feridas. É um convite a agarrarmo-nos à sua vida e ao seu sacrifício. Se às vezes sentirmos dentro de nós «o pão da angústia e a água da tribulação», rezemos para poder encontrar também, numa mão estendida, a ajuda necessária para descobrir o conforto que vem do Senhor, que já não Se esconderá mais (cf. Is 30, 20), mas está próximo e nos acompanha.

Coloquemos este encontro e a nossa vida sob a proteção de Maria, sob o seu manto. Que Ela volva os seus olhos cheios de misericórdia para vós, especialmente no momento da dor, da enfermidade e de qualquer forma de vulnerabilidade. Que Ela vos alcance a graça de encontrardes o seu Filho na carne ferida das pessoas que servis.

A todos vós e vossas famílias, vos abençoo. E peço-vos, por favor, que não vos esqueçais de rezar por mim.

Muito obrigado!

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