SÃO PAULO, 23 de nov de 2019 às 11:55
Foi beatificado neste sábado, 23 de novembro, o brasileiro Padre Donizetti Tavares de Lima, “figura exemplar de sacerdote, completa do ponto de vista humano, espiritual e social, que se distinguiu ao viver em plenitude o Evangelho”.
A Missa de beatificação de Pe. Donizetti foi presidida pelo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Angelo Becciu, em Tambaú, Diocese de São João da Boa Vista (SP), com a presença de milhares de fiéis, além de religiosos, seminaristas, sacerdotes e bispos.
Em sua homilia, o Cardeal Becciu ressaltou o “exemplo concreto e vivo de sacerdote zeloso, homem de oração e ação, que viveu a doutrina social da Igreja”, deixado por Pe. Donizetti.
“Na sua grande humildade, ele se considerou o último dos padres, mas a Igreja agora o coloca como modelo para todos os sacerdotes”, sublinhou, acrescentado que o novo beato “nos encoraja, os pastores de almas, a dedicarmos nossa vida totalmente ao ministério, nos tornando voz de quantos não têm voz na sociedade, defendendo os indefesos e apoiando os abandonados”.
Nesse sentido, deixou um convite especial aos “seminaristas que se preparam para o sacerdócio”, para que descubram no Pe. Donizetti “o modelo de discernimento vocacional que os leve a se tornarem luz e sal da terra no contexto do mundo e da sociedade hodierna com os seus desafios”.
Além disso, afirmou o agora beato “representa um exemplo luminoso de vida evangélica também para os fiéis leigos, chamados a colocar os próprios talentos a serviço da evangelização, em particular, como lembrou o Concílio Vaticano II, animando com o espírito cristão as realidades temporais”.
“Trata-se de se empenhar com coragem nos vários âmbitos culturais, sociais e políticos, atuando a doutrina social da Igreja e portando a mensagem vivificante do Evangelho”, completou.
De acordo com o Purpurado, “no Beato Donizetti Tavares de Lima brilha a imagem de Cristo Bom Pastor, preocupado por ir à procura da ovelha perdida, de curar as feridas, de tratar os que estão doentes, apascentando o rebanho segundo a justiça”.
“Ele realizou um fecundo ministério sacerdotal centrado na oração, no trabalho apostólico, no sofrimento até a doação total de si mesmo”, explicou, ao citar as obras que realizou em favor dos pobres, dos doentes, dos operários, das famílias.
Segundo assinalou, “como pároco, não se poupou no serviço à sua gente, ninguém era excluído da sua atenção” e, “em todas as criaturas sofredoras, via o rosto de Cristo”.
Frente às suas obras, indicou o Cardeal Becciu, pode-se perguntar: “Onde encontrou tanta energia para viver uma missão tão vasta e extraordinária?”. “Antes de tudo, na oração. As testemunhas referem que rezava muito, celebrava com fervor, ficava frequentemente em oração diante do Santíssimo Sacramento”.
Além disso, Pe. Donizetti “nutria uma devoção filial a Nossa Senhora, venerada como Nossa Senhora Aparecida”, recordou. “Frente às graças e ajudas celestes que obtinha com a sua oração, repetia: ‘Eu não sou ninguém, mas posso obter de Deus, através de Nossa Senhora’”.
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Assim, observou o Purpurado, “foi através de sua intensa vida interior, da sua relação íntima com Jesus que se desencadeou o heroísmo sempre demonstrado no dar-se aos irmãos, também aceitando as perseguições para defender o direito e a justiça”.
“A esperança no prêmio eterno reservado aos trabalhadores da justiça e da paz estava de tal modo radicada em seu ânimo que o tornava preparado para enfrentar as provas cotidianas com calma, serenidade e abandono à divina vontade”, afirmou.
Ao final da celebração, o Bispo da Diocese de São João da Boa Vista, Dom Antônio Emídio Vilar, agradeceu, na pessoa do Cardeal Becciu, ao Papa Francisco “por inscrever o venerável servo de Deus Donizetti Tavares de Lima no número dos bem-aventurados da Santa Igreja”.
“Se para os devotos do Pe. Donizetti ele sempre foi considerado santo, hoje chegou o dia tão esperado em que a própria hierarquia da Igreja confirma e declara oficialmente a santidade do Beato Donizetti”, expressou o Bispo, ressaltando que “hoje é dia de louvarmos e agradecermos a Deus pelo dom, o presente de Deus, do bem-aventurado Donizetti”.
Dom Vilar ressaltou que “o Pe. Donizetti foi o apóstolo da acolhida, um verdadeiro pastor com cheiro de ovelhas”, o qual “nos deixou o exemplo da cultura do encontro e de uma Igreja em saída, que tanto nos pede o Papa Francisco”.
“Hoje, o clero diocesano recebe de Deus seu exemplo de santidade e carisma a ser imitado”, salientou o Prelado.
Por fim, a se referir à imagem de Pe. Donizetti, Dom Vilar observou que, “como padre diocesano, seu gesto firme de bênção nos comunica a salvação de Cristo em sua cruz. É um gesto de bênção que, em nome da Santíssima Trindade, nos cumula de graças divinas”.
“Sua imagem nos deixa esse legado, uma mão a abençoar e a outra mão junto ao peito, sobre o coração, como sinal do coração sacerdotal de Jesus, fonte de toda bênção”, completou.
Confira também:
Este é o milagre que levará à beatificação do brasileiro Padre Donizetti https://t.co/iBZWVMxSlD
— ACI Digital (@acidigital) April 9, 2019