REDAÇÃO CENTRAL, 4 de dez de 2019 às 10:35
Em Gaza, a pequena comunidade católica reza o Terço para que a Virgem Maria traga paz a esta região do Oriente Médio, atingida pela violência e na qual cada vez permanecem menos cristãos.
Assim o expressaram fiéis e sacerdotes em uma reportagem transmitida pelo canal italiano TV 2000 sobre a comunidade católica de 117 membros que mora neste pequeno território de 385 quilômetros quadrados localizado entre Israel e Egito, e que desde 2007 é administrada, de fato, pelo grupo terrorista islâmico Hamas.
“Pedimos profundamente ao grande poder do Terço que mude a situação em nosso país. Faltam-nos muitos direitos, mas nossa principal dificuldade é sempre nos sentir inseguros. Não poder projetar nada, isso nos consome dia a dia”, expressou George Anton, um dos fiéis católicos residentes em Gaza.
Por sua parte, George Salam Saba, um fiel católico, disse que a vida na Faixa é difícil, especialmente “quando bombardeiam. É preciso ficar trancados em casa, não podemos ir à paróquia com as crianças, e eles também sabem que os mísseis poderiam nos atingir”.
Em 12 de novembro, Israel lançou um ataque aéreo sobre Gaza, matando o líder do grupo terrorista Jihad Islâmica, Abu al-Ata, considerado responsável pelo lançamento de foguetes da Faixa até o território israelense nos últimos meses. A esposa também morreu e dois filhos ficaram feridos.
Após a morte de al-Ata, os membros da Jihad Islâmica – que mantém vínculos com o Irã – lançaram cerca de 300 foguetes contra Israel. Os israelenses afirmam que interceptaram a maioria deles. Durante esses dias, até o cessar-fogo alcançado em 14 de novembro, nos dois lados da fronteira as escolas estiveram fechadas.
Na reportagem divulgada em 25 de novembro pela TV 2000, o agora ex-pároco de Gaza, Pe. Mario da Silva, mostrou do terraço da paróquia da Sagrada Família um dos lugares de onde os mísseis são lançados. "Atrás desses prédios que estão aqui é um campo de futebol e às vezes eles disparam a partir daí", indicou.
“A pior coisa que vi aqui não foi a guerra, mas acho que a situação atual, onde as pessoas não têm esperança no futuro. Acho que isso é o pior”, disse Pe. da Silva.
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Por seu vez, o novo pároco, Pe. Gabriel Romanelli, se referiu ao êxodo dos cristãos. Indicou que, com as novas tecnologias, os mais jovens podem conhecer outras realidades. "É como se estivessem em uma prisão com as janelas voltadas para o exterior”, indicou.
Segundo a emissora italiana, na Faixa de Gaza ,50% das pessoas não têm emprego. Isso significa que "a atividade diária na paróquia, a ajuda econômica, social e de saúde da Igreja" não bastam "para deter o êxodo".
Um exemplo é o caso de Yousef Tarazi, um jovem católico que visa emigrar para o Brasil com sua mãe e duas irmãs.
“Decidi partir porque esta cidade é terrível, mais ainda quando se é cristão. Não há trabalho, há atentados, havia obtido permissão para sair pela fronteira com o Egito. Não é fácil, porque temos que dirigir mais de oito horas para chegar ao Cairo e o caminho é perigoso. Rezo à Virgem para que nos ajude. Meu coração está triste porque tenho muitos amigos, mas decidi outra vida em outro país”, expressou.
Pe. Romanelli disse que em Gaza “o ecumenismo tem uma força enorme. Diante do Santíssimo Sacramento, rezando o Terço, todos os que desejam vir são convidados. A participação da comunidade católica é numerosa, mas também da comunidade ortodoxa grega e também de alguns protestantes”.
Por sua parte, Pe. da Silva disse que, embora a vida em Gaza seja difícil, a cidade “é muito mais bela do que difícil, e essa resposta do povo, ajudando as pessoas que realmente precisam, deixa em nosso coração, um sentimento de gratidão a Deus”.
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— ACI Digital (@acidigital) April 9, 2018