Vaticano, 11 de dez de 2019 às 08:47
O Papa Francisco convidou os cristãos a interpretar o sofrimento com os olhos da fé em Cristo, assim como São Paulo fazia durante sua "peregrinação de encarcerado".
O Pontífice se expressou assim durante a catequese que pronunciou nesta quarta-feira, 11 de dezembro, na Audiência Geral realizada na Sala Paulo VI, no Vaticano, na qual explicou o sentido cristão das correntes de São Paulo e, a partir dessa experiência do Apóstolo , o sentido cristão do sofrimento.
"Paulo não é apenas um evangelizador cheio de ardor, missionário intrépido entre os pagãos que dá vida a novas comunidades, mas é também a testemunha sofredora do Ressuscitado".
No livro de Atos dos Apóstolos, o evangelista Lucas "evidencia a semelhança entre Paulo e Jesus: ambos são odiados por seus adversários, acusados publicamente e reconhecidos inocentes pelas autoridades imperiais".
De fato, “a chegada do apóstolo em Jerusalém desencadeia um ódio feroz contra ele. Como ocorreu com Jesus, também para ele Jerusalém é a cidade hostil. Tendo ido ao templo, Paulo foi reconhecido e levado para ser linchado. Foi salvo in extremis pelos soldados romanos”.
"Acusado de ensinar contra a Lei e o templo, ele foi preso e começa a sua peregrinação de encarcerado, primeiro diante do Sinédrio, depois diante do procurador romano em Cesareia e, por fim, diante do rei Agripa".
O Papa destacou como Paulo aproveita os processos contra ele para dar testemunho do Evangelho: "Paulo é chamado a defender-se das acusações e, no final, diante da presença do rei Agripa II, sua apologia se converte em testemunho de fé eficaz”.
“Mesmo quando fala de si mesmo, Paulo anuncia e manifesta o seu Senhor. O verdadeiro missionário, de fato, não é todo centrado em si mesmo, mas é todo direcionado ao Senhor, que é o centro de tudo, especialmente de seu coração”.
Especificamente, "em seu discurso diante do rei, Paulo enfatiza seu íntimo relacionamento com Israel: com os fariseus compartilha a esperança da ressurreição e, como cristão, anuncia que essa ressurreição foi cumprida em Cristo".
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No entanto, o grande testemunho de Paulo durante o processo contra ele é quando narra sua própria conversão: "Cristo ressuscitado fez dele um cristão e confiou-lhe a missão entre as nações", destacou o Papa.
"O testemunho apaixonado de Paulo toca o coração do rei Agripa". “Paulo é declarado inocente, mas ele não pode ser libertado porque apelou a César. Assim, continua a viagem irreversível da Palavra de Deus em direção a Roma”.
O Pontífice explicou em sua catequese que, a partir daquele momento, da transferência de Paulo para Roma, o retrato do apóstolo é o do "prisioneiro cujas correntes são sinal de sua fidelidade ao Evangelho e do testemunho dado ao Ressuscitado".
"As correntes são certamente uma provação humilhante para o apóstolo, que aparece aos olhos do mundo como um ‘malfeitor’. Mas seu amor por Cristo é tão forte que mesmo essas correntes são lidas com os olhos da fé”.
O Papa Francisco encerrou sua catequese enfatizando que "Paulo nos ensina a perseverança na provação e a capacidade de ler tudo com os olhos da fé".
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