MELBOURNE, 27 de dez de 2019 às 12:00
Mais de vinte fiéis católicos se reuniram do lado de fora da prisão de Melbourne (Austrália), na véspera de Natal, para cantar músicas natalinas e rezar pelo Cardeal George Pell, atualmente preso neste local.
Os católicos também foram com a intenção de rezar por outros presos e funcionários da prisão.
O evento aconteceu às 20h de 24 de dezembro, do lado de fora da prisão localizada na área oeste do centro da cidade.
Um dos cantores, John McCauley, disse à CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que só queriam "que o Cardeal soubesse que é amado e lembrado no Natal".
As músicas incluíam canções tradicionais como O Come All Ye Faithful e Once in Royal David's City, além de favoritos australianos como The Three Drovers. Os cantores escreveram mensagens de apoio e saudações de Natal em uma cópia do livro de canções de Natal, que foi entregue ao Cardeal Pell na recepção da prisão.
Após as canções, um grupo de jovens católicos vietnamitas de Melbourne liderou a oração do Terço ao longo do perímetro da prisão, que abriga mais de 300 reclusos. Rezaram os mistérios dolorosos pelo Cardeal, pelos funcionários da prisão, por outros detentos, pelas vítimas de abusos sexuais e pela “reivindicação dos direitos da Igreja e a exoneração rápida e completa de Sua Eminência”.
Vários dos jovens vietnamitas que apoiaram o Cardeal Pell se inspiraram no exemplo do Cardeal Francis Xavier Nguyễn Văn Thuận, que esteve preso pelas autoridades comunistas no Vietnã por 13 anos, 9 dos quais em regime de isolamento. Ambos foram amigos até a morte do purpurado vietnamita em 2002.
McCauley disse que as pessoas "se reuniram espontaneamente depois que um indivíduo chamado ‘Albert Dreyfus’ sugeriu a ideia nas redes sociais neste mesmo dia".
Albert Dreyfus foi um oficial militar judeu francês julgado e condenado por traição por um tribunal secreto em 1895. Seu caso polarizou o país e foi exonerado depois de anos na prisão.
O Cardeal Pell foi Arcebispo de Melbourne entre 1996 e 2001, quando foi nomeado Arcebispo de Sydney. Em 2014, o Papa Francisco o nomeou chefe da recém-criada Prefeitura para a Economia, responsável por supervisionar e reformar as finanças do Vaticano.
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Em 2017, foi acusado de abusar sexualmente de dois coroinhas após uma Missa dominical, enquanto era Arcebispo de Melbourne em 1996 e 1997. Foi declarado culpado em 11 de dezembro de 2018 por cinco acusações de abuso sexual e condenado a seis anos de prisão. Para solicitar a liberdade condicional, deve cumprir pelo menos três anos e oito meses. O Purpurado mantém a afirmação de que é inocente.
Em novembro, o Supremo Tribunal da Austrália concordou em ouvir seu pedido de permissão especial para recorrer, depois que o Tribunal de Apelações de Victoria confirmou sua condenação em julho, em uma decisão que dividiu profundamente a opinião tanto na Austrália como no exterior.
O Arcebispo de Sydney, Dom Anthony Fisher, disse que "acolheu com satisfação" o progresso do caso do Cardeal Pell diante do Supremo Tribunal.
“O Cardeal sempre manteve sua inocência e continua a fazê-lo. A sentença dividida do Tribunal de Apelações reflete a opinião dividida entre os jurados, os comentaristas legais e dentro de nossa comunidade. Pelo bem de todos os envolvidos neste caso, espero que o recurso seja escutado o mais breve possível”, disse Dom Fisher, em novembro.
O Cardeal Pell, que ainda é Arcebispo e membro do Colégio de Cardeais, foi mantido em regime de isolamento e não tinha permissão para celebrar Missa na prisão. Não tinha permissão para receber visitantes no dia de Natal.
No início deste mês, o ex-primeiro ministro australiano Tony Abbot foi criticado por seus opositores políticos por visitar o Cardeal Pell na prisão, e alguns políticos consideraram a visita como "vergonhosa" e um "insulto cruel" às vítimas de abuso.
Abbot se recusou a fazer comentários sobre as críticas além de dizer que estava “simplesmente visitando um amigo” na prisão de Melbourne.
Confira também:
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— ACI Digital (@acidigital) November 13, 2019