Dom Georg Gänswein, secretário particular do Papa Emérito Bento XVI, informou que, a pedido do Papa Emérito, seu nome não aparecerá como coautor do livro “Do mais profundo de nossos corações” (tradução livre) e que também será retirada sua assinatura da introdução e das conclusões.

Em declarações nesta terça-feira, 14 de janeiro, a CNA Deutsch – agência em alemão do Grupo ACI –, o também prefeito da Casa Pontifícia disse que “o nome de Bento XVI como ‘coautor’ foi removido e que agora o livro será publicado com o texto: ‘escrito com a contribuição de Bento XVI’”. Além disso, a assinatura de Bento XVI foi removida da introdução e da conclusão, já que eles são textos do Cardeal Sarah”. Acrescentou que se trata de “atribuir corretamente a autoria. Não se trata de mudanças no conteúdo”.

Do mesmo modo, em declarações à agência KNA, Gänswein indicou que solicitou ao Cardeal Robert Sarah que transmita este pedido aos editores de “Des profondeurs de nos cœurs” (“Do mais profundo de nossos corações”). O livro será publicado em francês pela editorial Fayard e em inglês por Ignatius Press.

“O Papa emérito, de fato, sabia que o cardeal estava preparando um livro e tinha enviado um pequeno texto seu sobre o sacerdócio, autorizando-o a usá-lo como o desejasse”, relatou Dom Gänswein.

Entretanto, acrescentou que Bento XVI “não tinha aprovado nenhum projeto para um livro assinado conjuntamente nem tinha visto e autorizado a capa”. “Foi um mal-entendido, sem questionar a boa fé do Cardeal Sarah”, expressou Dom Gänswein.

Por sua parte, o Cardeal Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, informou através de sua conta do Twitter, que “considerando as polêmicas que provocou a aparição da obra ‘Do mais profundo de nossos corações’, decide-se que o autor do livro será para futuras publicações: Card. Sarah, com a contribuição de Bento XVI. Entretanto, a íntegra permanece sem mudanças”.

O Cardeal Sarah se referiu à cobertura que certos meios de comunicação deram à publicação do livro, que aborda o celibato sacerdotal, apresentando-o como uma suposta oposição entre o Papa Francisco e seu predecessor.

Anteriormente, o Purpurado publicou um comunicado no qual relatou que, em 5 de setembro de 2019, “logo depois de uma visita ao mosteiro Mater Ecclesiae onde vive Bento XVI, escrevi ao Papa Emérito para lhe solicitar se era possível que fizesse um texto sobre o sacerdócio católico, com uma atenção particular ao celibato”.

“Expliquei-lhe que eu mesmo tinha começado uma reflexão em oração e acrescentei: ‘Imagino que o senhor poderia pensar que suas reflexões poderiam não ser oportunas em razão das polêmicas que talvez as mesmas provocariam nos jornais, mas estou convencido de que toda a Igreja necessita deste dom, que poderia ser publicado entre o Natal  e o início do ano 2020’”.

Disse que, em 20 de setembro, Bento XVI lhe disse que antes de receber a carta, “já havia começado a escrever um texto sobre o tema, mas que suas forças já não lhe permitiam redigir um texto teológico. Entretanto, minha carta o incentivou a retomar esse longo trabalho. Acrescentou que me enviaria quando tivesse feito a tradução em italiano”.

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Indicou que, em 12 de outubro, Bento XVI lhe “enviou de forma confidencial um texto extenso, fruto de seu trabalho de meses. Ao constatar a extensão do escrito, tanto no fundo como na forma, considerei imediatamente que não seria possível lhe propor a um jornal ou a uma revista, considerando seu volume e sua qualidade”.

“Imediatamente, então, propus ao Papa Emérito a publicação de um livro que seria um bem imenso para a Igreja, integrando seu texto e o meu. Logo depois de várias trocas em vistas à elaboração do livro, finalmente enviei, em 19 de novembro, um manuscrito completo ao Papa Emérito incluindo, como o tínhamos decidido de comum acordo, uma introdução e uma conclusão comuns, o texto de Bento XVI e o meu”.

“Em 25 de novembro, o Papa Emérito expressou sua grande satisfação em relação aos textos redigidos em comum e adicionou isto: ‘Por minha parte, estou de acordo que o texto seja publicado na forma prevista por si”, escreveu o Cardeal Sarah.

O Purpurado disse que, em 3 de dezembro, foi ao mosteiro Mater Ecclesiae “para agradecer novamente ao Papa Emérito por ter confiado tanto em mim. Expliquei-lhe que nosso livro seria impresso nas férias de Natal, que seria publicado na quarta-feira, 15 de janeiro, e que, em consequência, viria a lhe dar a obra ao retornar de uma viagem a meu país natal”.

“A polêmica que se suscitou durante várias horas contra mim, insinuando que Bento XVI não foi informado da publicação do livro ‘Do mais profundo de nossos corações’, é profundamente abjeta. Perdoo sinceramente a todos os que me caluniam ou que querem me opor ao Papa Francisco. Minha proximidade com Bento XVI segue intacta e minha obediência filial ao Papa Francisco absoluta”, conclui o Cardeal Sarah seu comunicado.

Posteriormente, o Purpurado publicou outro tuíte para informar que “pude falar esta manhã com o arcebispo Georg Gänswein. Este comunicado de imprensa segue sendo minha única versão do desenvolvimento dos fatos. Também tive uma conversa com a direção da editora Fayard para colocar em prática as solicitações específicas do Arcebispo Gänswein”.

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Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Rafael Tavares.

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