CARACAS, 16 de jan de 2020 às 11:00
O Administrador Apostólico de Barquisimeto, Dom Victor Hugo Basabe, indicou durante a Missa pela Divina Pastora que a Venezuela é um povo sitiado, ao qual o egoísmo e a ambição dos que estão no poder negaram as necessidades mais básicas para viver.
Em 14 de janeiro, como é tradição, a cidade de Santa Rosa, no estado de Lara (Venezuela), celebra a Divina Pastora em um percurso de mais de sete quilômetros até a Catedral de Barquisimeto.
Durante a homilia, Dom Basabe cumprimentou o povo venezuelano e todas as pessoas que tiveram que deixar o país devido às “circunstâncias políticas, econômicas e sociais adversas”.
O Prelado centrou sua reflexão em uma comparação entre o povo de Israel, transformado em muralha de contenção contra o avanço das forças de Nabucodonosor e a Venezuela.
"O antigo povo que é citado na primeira leitura é hoje o povo venezuelano inteiro, um povo sitiado, um povo ao qual desejam reduzir à prostração, negando-lhe o mais básico para sua vida”, assinalou o Prelado, em referência aos contínuos cortes do serviço elétrico, a carência de água potável e a morte de crianças e idosos por doenças.
Dom Basabe enfatizou que o país está "sitiado por uma violência institucional que persegue, que aprisiona, que bane aqueles que discordam do status quo e promovem mudanças na direção do país".
O Prelado enfrentou o governo, observando que as cidades estão destruídas “pela negligência e ineficácia de alguns governantes que colocam em primeiro lugar somente as suas opções, suas ânsias de poder, de domínio e de enriquecimento ilícito, e se esquecem de trabalhar pelo bem comum para o qual lhes foi concedida a confiança de governar”.
Também recordou as perseguições políticas do governo de Nicolás Maduro e a má situação laboral vivida pelos professores, médicos e enfermeiras, que realizam "atos de mágica" para exercer sua profissão.
Finalmente, o Prelado criticou as forças armadas do país, que juraram defender todo o país e seus cidadãos, e hoje, politicamente parcializados, oprimem o próprio povo "quando este clama por seus direitos e por justiça".
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Dom Basabe lembrou ao povo venezuelano que, nas circunstâncias que o país enfrenta, são chamados "a responder com as armas da fidelidade a Deus, em cujas mãos estão nossa vida e nosso destino como nação".
"É o momento de nos preocuparmos por desterrar de nós também toda conduta imprópria, a fim de opor ao mal que quer crescer entre nós, a bondade de nossas vidas”, acrescentou.
O Prelado pediu à Virgem Maria, Divina Pastora, sua intercessão para que "possamos ver logo a Venezuela transitar pelos caminhos da autêntica paz, a autêntica democracia e a verdadeira liberdade”.
Após a missa, os fiéis acompanharam a Divina Pastora pelas ruas de Barquisimeto, em sua "visita" número 164 à Catedral da cidade. Na procissão também havia uma imagem de José Gregorio Hernández, que deve ser canonizado nos próximos meses.
O líder da oposição, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional e reconhecido como presidente interino da Venezuela por cerca de 60 países, também participou da procissão, junto com o primeiro vice-presidente da Assembleia Nacional, Juan Pablo Guanipa, e vários deputados do Parlamento.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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