CAIRO, 17 de jan de 2020 às 16:00
O gabinete no Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu que o governo do Egito liberte Ramy Kamel Salid, um ativista que está detido desde novembro de 2019 por denunciar atos de violência contra cristãos no país.
De acordo com a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), no início de novembro, Ramy Kamel Salid foi detido em sua casa, durante a madrugada, por agentes não uniformizados da polícia sob a acusação de pertencer a uma organização terrorista e de transmitir informações falsas.
Salid é um ativista dos direitos humanos e busca denunciar atos de violência contra a comunidade cristã no Egito, sobretudo no sul do país, onde tem aumentado o número de famílias despejadas à força de suas casas “por vizinhos muçulmanos”.
#Egypt ONU pede libertação de activista detido há dois meses por denunciar violência contra cristãos https://t.co/cQy6kaKJqA #free_ramy #ReligiousFreedom #Ramy_Kamel pic.twitter.com/N05hd8CiMz
— Fundação AIS | ACN Portugal (@FundacaoAIS) January 16, 2020
A prisão deste ativista, assegura ACN, já foi condenada por vários grupos de defesa dos direitos humanos e a própria ONU, em nota publicada em 11 de dezembro, pede ao governo egípcio a libertação deste “defensor dos direitos” dos cristãos.
Na nota, especialistas em direitos humanos das Nações Unidas pedem às autoridades do Egito que coloquem um fim à “detenção arbitrária e maus-tratos a Ramy Kamel Saied Salid, que trabalha para defender os direitos humanos da minoria cristã copta do país”.
Afirma também que “Ramy Kamel, que havia documentado ataques às igrejas coptas, foi preso, interrogado e supostamente torturado em 4 e 23 de novembro de 2019”.
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De acordo com a ONU, atualmente, o ativista está na prisão de Tora, no Cairo, acusado de pertencer “a uma organização terrorista” e de utilizar as redes sociais para espalhar “notícias falsas que ameaçam a ordem pública”.
Além disso, os responsáveis da ONU asseguram que as autoridades não apresentaram provas que sustentem as acusações. Por outro lado, a Coptic Solidarity, organização de defesa da comunidade cristã no Egito, garante que a repressão dos ativistas dos direitos humanos tem aumentado no país desde setembro de 2019.
Coptic Solidarity informa que mais de 3 mil pessoas teriam sido detidas por participarem, de alguma forma, de protestos contra o governo do Egito.
Por sua vez, o relatório ‘Perseguidos e Esquecidos?’, sobre a perseguição aos cristãos no mundo, produzido pela Fundação ACN, indica que o número de ataques bombas contra igrejas no Egito tem diminuído. Porém, continuam sendo verificados episódios de extrema violência e, apesar das medidas de segurança adotadas pelo governo egípcio, os coptas continuam sendo vítimas de perseguição.
O relatório da ACN observa que “continuam a ocorrer protestos contra edifícios religiosos, um problema que aparentemente piorou desde que o governo tornou mais fácil a aprovação de licenças de construção de edifícios religiosos”, e assinala ainda que “as mulheres e jovens cristãs coptas continuam sendo sequestradas para conversão e casamento forçados”.
Confira também:
Relatório recomenda que Reino Unido peça à ONU resolução sobre cristãos perseguidos https://t.co/Q0wHWwqcvF
— ACI Digital (@acidigital) July 17, 2019