Islamabad, 25 de jan de 2020 às 07:00
No próximo dia 3 de fevereiro, a cristã Huma Younus, de 14 anos, poderia testemunho diante da Suprema Corte do Paquistão sobre o sequestro, casamento e conversão forçados que sofre há alguns meses nas mãos de um grupo de muçulmanos.
? Por primera vez en #Pakistan: Se presenta ante la Corte Suprema el caso de Huma Younus, la joven católica de 14 años secuestrada y forzada a convertirse al Islam. Asimismo, se exige la aplicación de la Ley de Restricción del Matrimonio Infantil ➡️ https://t.co/qsR2UEXyZk pic.twitter.com/NNkU7uZq6H
— Ayuda a la Iglesia Necesitada (@AyudaIglesNeces) January 22, 2020
Trata-se de um ponto de inflexão histórico nos numerosos casos de meninas e jovens cristãs forçadas a se converter ao islã no Paquistão.
Segundo informa a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), os dois juízes da Suprema Corte do Estado de Sind (Paquistão), Muhammad Iqbal Kalhoro e Irshad Ali Shah, pediram na semana passada à polícia encarregada da investigação que a jovem Huma participe da próxima audiência de seu caso.
Sendo assim, seria a primeira vez que uma vítima de conversão forçada testemunharia diante de um tribunal; mas também foi o primeiro caso de conversão e casamento forçados que se apresentou na Suprema Corte do Paquistão e é a primeira vez que se exige a aplicação da lei de Restrição do Casamento Infantil.
Esta lei proíbe os casamentos com menores e entrou em vigor em 2014 no estado de Sind, mas até o momento não foi aplicada.
“Até agora, nenhuma família havia dado o passo de pedir justiça, porque os cristãos são pobres e pouco instruídos e não têm recursos para pagar os custos e um advogado”, explicou a advogada Tabassum Yousaf.
Entretanto, asseguram que não será fácil trazer Huma de volta para casa. Especialmente pela corrupção e conivência das forças policiais com os sequestradores.
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Yousaf, advogada da família, explicou a ACN que, no dia 9 de janeiro, “Huma foi citada ao tribunal de primeira instância para assinar uma declaração na qual afirma ser maior de idade. Nem eu nem os pais sabíamos disso e tais procedimentos não poderia ser feitos na ausência de ambas as partes. Está claro que a polícia está ajudando o sequestrador”.
Por sua parte, o sequestrador Abdul Jabbar afirma apenas de palavra que a menina é maior de idade, enquanto os pais de Huma proporcionaram ao tribunal dois documentos que atestam sua menoridade: um certificado da escola e uma certidão de batismo da paróquia católica de São Tiago de Karachi. Em ambos os documentos aparece a data de nascimento de Huma: 22 de maio de 2005.
Enquanto os pais de Huma esperam a próxima audiência, lançaram um chamado comovente através de ACN.
“Fazemos um chamado à comunidade internacional e aos principais meios de comunicação. Peço-lhes que ergam a voz em defesa de Huma. Nossa filha tem 14 anos... Se sua filha de 14 anos tivesse que passar por tudo isso, o que fariam? Quanto sofreriam? Pensem em nossa pequena como se fosse sua própria filha. Por favor, ajudem-nos!”, assegurou a mãe da jovem sequestrado.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
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