REDAÇÃO CENTRAL, 28 de jan de 2020 às 09:00
Horas antes de morrer no domingo, a estrela do basquete Kobe Bryant participou da missa na Igreja Católica Nossa Senhora Rainha dos Anjos, em Newport Beach, Califórnia, como fazia todos os domingos. Agora, sua paróquia está em luto e reza pelo eterno descanso do jogador e da filha, Gianna Bryant, de 13 anos, também falecida no acidente.
A Santa Missa desta segunda-feira da paróquia californiana foi oferecida especialmente pelas almas de Kobe Bryant, sua filha Gianna e as outras vítimas fatais do acidente de helicóptero ocorrido em Calabasas, no sul da California, este domingo, 26 de janeiro, adiantou o canal NBC 4 Los Angeles.
A NBC também informou que os paroquianos se reuniram para rezar o rosário pelos dois membros da família Bryant que faleceram e pelas demais vítimas do acidente.
Os paroquianos disseram que Bryant participava regularmente das missas e da vida de sua comunidade paroquial.
Heny Russell, um ministro extraordinário da Sagrada Comunhão na paróquia, lembrou que dar a comunhão para Bryant representava para ele um desafio, devido à grande estatura do jogador.
"Quando eu lhe dava a comunhão, tinha que esticar meus braços e pés para alcançá-lo", disse Russell, demonstrando como precisava ficar praticamente na ponta dos pés para dar o Corpo de Cristo ao jogador que tinha quase dois metros de altura.
"Eles são pessoas muito humildes", disse Russell à NBC ao descrever a família de Kobe.
Bryant, 41, era pai de quatro filhos. Gianna Bryant, que faleceu junto a Kobe, também praticava basquete e sonhava jogar pela Universidade de Connecticut. Eles tomaram um voo de helicóptero precisamente para assistir um torneio de basquete juvenil.
Bryant, sua esposa e filhos, são paroquianos e membros ativos da paróquia Nossa Senhora Rainha dos Anjos.
Depois que sua morte foi anunciada, católicos nos EUA relataram experiências de ver Bryant na missa de domingo e dias da semana em outras partes da Califórnia e do país. Mesmo quando se ausentava aos fins de semana para jogar pelos Lakers, Kobe ia à missa em paróquias de outros lugares nos Estados Unidos.
A cantora Cristina Ballestero postou no Instagram este 26 de janeiro uma história de seu encontro com Bryant na Holy Family Cathedral em Orange, Califórnia, durante uma missa de dia de semana.
“Quando chegamos à comunhão, [Bryant] esperou que eu passasse na frente. Se você cresceu na Igreja Católica, sabe que isso é um sinal de respeito por parte dos homens para com as mulheres presentes na igreja. Ele também disse uma vez que eu tinha uma bonita voz”.
"Sua característica mais inspiradora foi a decisão de voltar à fé em Deus e receber a misericórdia de Deus e de ser um homem melhor após uma decisão da qual se arrependeu", acrescentou Ballestero.
Assim que a morte de Kobe Bryant foi reportado, quando ainda não havia sido noticiada a morte da filha Gianna, o Arcebispo de Los Angeles, Dom José Gomez, prontamente enviou suas condolências e elevou suas orações pela família de Kobe.
A fé católica de Kobe Bryant o ajudou a superar momentos difíceis
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Em 2001, aos 23 anos, Kobe casou-se com a Vanessa Laine, de 19 anos, quem também é católica. A cerimônia foi celebrada na igreja de Saint Edward em Dana Point, estado da Califórnia (Estados Unidos). Dois anos depois tiveram sua primeira filha.
No mesmo ano também aconteceu algo que mudaria para sempre a vida do jogador, e por essa razão precisou apoiar-se na sua fé: foi acusado de estuprar uma jovem em um quarto de hotel no Colorado.
Envergonhado, Kobe admitiu imediatamente que teve relações sexuais com a mulher, o que era um adultério contra sua esposa. Mas, sempre afirmou que não houve estupro.
Este acontecimento causou um imenso dano à sua família, e também trouxe graves consequências para sua carreira: importantes patrocinadores o abandonaram, suas camisetas deixaram de ser vendidas e obviamente, sua reputação foi muito afetada.
Um ano depois, um juiz negou as acusações de estupro. A mulher também apresentou uma denúncia civil contra Kobe, a qual foi resolvida por meio de um acordo extrajudicial. Em meio à situação, o esportista emitiu um comunicado público pedindo desculpas à mulher e à família desta, assim como à sua própria família.
Em uma entrevista com a revista GQ no começo de 2015, Kobe explicou como se sustentou em sua fé católica para passar por essa difícil provação.
O fato de perder meus patrocinadores “era na verdade a última das minhas preocupações. Tinha medo de ser preso? Sim. Tinha 25 anos, cara. Estava aterrorizado. A única coisa que realmente me ajudou durante esse momento –sou católico, cresci como católico, meus filhos são católicos– foi falar com um sacerdote”.
“Na verdade, foi um pouco engraçado”, recordou Bryant, pois “ele olhou para mim e disse ‘Você é culpado? ’ e eu respondi: ‘é obvio que não’. Em seguida, me perguntou ‘Você tem um bom advogado? ’ disse: ‘Oh, sim, ele é muito bom’. Então ele simplesmente disse ‘Então deixe estar. Segue em frente. Deus não te dá nada que você não possa suportar, e está nas mãos dele agora. Isto é algo que você não pode controlar. Por isso deixe as coisas acontecerem”. E esse foi o momento decisivo".
Kobe e sua esposa permaneceram juntos durante alguns anos depois das acusações, e inclusive tiveram outra menina. Mas em 2011, sua esposa pediu o divórcio. Felizmente, em 2013 suspenderam o trâmite de divórcio e se reconciliaram.
Kobe se retirou do basquete profissional em 2016. Ele deixa a esposa, Vanessa Bryant e outras 3 filhas: Natalia, de 17 anos, Bianka Bella, 3 anos e Capri Kobe, um bebê de menos de um ano de idade.
** Artigo publicado originalmente em Catholic News Agency, traduzido e adaptado por Rafael Tavares, em 28/01/2020.
Confira:
A fé católica de Kobe Bryant foi decisiva para sua vida e carreira https://t.co/SBBMOZ5oZN
— ACI Digital (@acidigital) January 27, 2020