REDAÇÃO CENTRAL, 28 de jan de 2020 às 11:00
Em 27 de janeiro, comemorou-se 75 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau (Polônia), onde mais de um milhão de pessoas forma vítimas do genocídio dirigido pelo regime nazista.
Entre tantas pessoas que sofrearam perseguição, podemos encontrar vidas exemplares de católicos que decidiram entregar suas vidas para defender sua fé e seus princípios. Conheça a história de cinco santos, beatos e mártires que nos ensinam como ser luz em meio à escuridão da crueldade humana.
1. São Maximiliano Kolbe
São Maximiliano Kolbe nasceu em 8 de janeiro de 1894 na cidade polonesa de Zdunska Wola, que naquele tempo estava ocupada pela Rússia.
Estando como .estudante em Roma, fundou a “Milícia da Imaculada”, a fim de promover o amor e o serviço à Virgem Maria e a conversão das almas a Cristo. De volta à Polônia, publicou a revista mensal “Cavaleiro da Imaculada”.
Em 1929, fundou a primeira “Cidade da Imaculada”, no convento franciscano de Niepokalanów a 40 quilômetros de Varsóvia. Tempos depois, ofereceu-se como voluntário para ir para o Japão.
Retornou à Polônia em plena Segunda Guerra Mundial, foi preso, libertado e preso novamente. Foi enviado ao campo de concentração de Auschwitz. Certo dia, um prisioneiro fugiu e, para der demonstração de severidade, os alemães escolheram 10 prisioneiros que foram condenados a morrer de fome. Entre os homens escolhidos estava o sargento Franciszek Gajowniczek, também polonês, que exclamou: “Meu Deus, tenho esposa e filhos”.
Diante disso, Pe. Maximiliano se ofereceu para trocar de lugar com o condenado. O sacerdote foi levado para o subterrâneo, onde incentivou constantemente os demais presos a seguir unidos em oração. Todos morreram e apenas ele ficou vivo. Ao final, aplicaram-lhe uma injeção letal que acabou com sua vida em 14 de agosto de 1941.
2. Santa Edith Stein
Edith Stein, mais tarde Irmã Teresa Benedita da Cruz, nasceu em Breslau (1891), cidade que pertenceu à Alemanha e que, depois, passou para a Polônia. Na adolescência, deixou a religião judaica porque não encontrava nela o sentido de sua vida.
Mais tarde, chegou a ser uma brilhante estudante de fenomenologia na Universidade de Gottiengen e o filósofo Edmund Husserl a escolheu como sua assistente de cátedra em vez de Martin Heidegger (um dos pensadores e filósofos mais influentes do século XX). Finalmente Edith recebeu o título de Filosofia da Universidade de Freiburg.
Entrou em um estado de crise profunda e em um momento de purificação até que, meses depois, decidiu ser batizada. Buscou a ajuda de um sacerdote e recebeu o sacramento em 1922. Aos poucos, foi brotando nela a inquietude vocacional, enquanto era acompanhada por seu diretor espiritual. Em 15 de abril de 1934, tomou o hábito carmelita e mudou seu nome para Teresa Benedita da Cruz.
As forças de ocupação nazistas declararam todos os católicos-judeus como “apátrida”. Um corpo militar nazista entrou no convento carmelita e levou a carmelita e Rosa, sua irmã, para o campo de concentração de Auschwitz, junto com milhares de judeus,.
Imediatamente, os prisioneiros foram conduzidos para a câmara de gás e Santa Edith partiu para a Casa do Pai em 9 de agosto de 1942, oferecendo sua vida pela salvação das almas, a libertação do seu povo e a conversão da Alemanha.
Santa Teresa Benedita da Cruz foi canonizada em 1998 por São João Paulo II, que lhe deu o título de “mártir do amor” e, em outubro de 1999, foi declarado copadroeira da Europa.
3. Beato Pe. José Kowalski
José Kowalski nasceu em 13 de março de 1911, em Siedliska (Polônia), um pequeno povoado camponês. Pertenceu a uma família profundamente católica, por isso, foi batizado em 19 de março, dia em que se celebra a festa de São José.
O beato se destacava por seu serviço, atenção e trabalho árduo, assim como por sua disposição para poiar os jovens e no serviço de confissões. Seu zelo por aproximar mais as pessoas de Cristo chamou a atenção do exército nazista, que o prendeu junto com outros onze salesianos em 23 de maio de 1941.
Entretanto, apesar dos riscos, Pe. José realizou sua pastoral no campo de concentração de Auschwitz. De acordo com os testemunhos, o beato organizava a oração cotidiana no campo.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Pe. José Kowalski faleceu na madrugada de 4 de julho de 1942, afogado no esgoto do campo, depois de ter sido torturado. Foi beatificado em 13 de junho de 1999.
“Com pleno conhecimento, com vontade decidida e disposta a todas as consequências, abraço a doce cruz do chamado de Cristo e quero levá-la até o final, até a morte”, disse o beato, que, seguindo o chamado de Deus, se uniu à congregação salesiana em 1927.
4. Serva de Deus Stanislawa Leszczynska
Leszczynska nasceu em 8 de maio de 1896, na Polônia, em uma família católica. Em 1922, anos em que as mulheres costumavam dar à luz em suas casas, foi recebida como parteira na Universidade de Varsóvia.
Em 1916, casou-se com Bronislaw Leszczynski, com quem teve dois filhos e uma filha. Entretanto, foi separada dos homens de sua família quando a Alemanha invadiu a Polônia em 1939.
Após ser capturada pelos nazistas, foi enviada junto com sua filha para o campo de concentração em Auschwitz, onde, como parte das práticas dos nazistas, as mulheres que engravidavam eram assassinadas, pois consideravam que os bebês eram “inúteis” e atrasavam os trabalhos das mães no campo de concentração.
Por isso, “Mutti” (Mãe), como apelidaram Stanislawa no campo, teve que improvisar uma “sala de maternidade” nas barracas que se encontravam perto das caldeiras, que estavam infestadas de todos os tipos de insetos e umidade. Porém, esse lugar se tornou a salvação de milhares de mães e bebês. A profunda fé católica da parteira a levou a batizar cada recém-nascido com o sinal da cruz na testa.
“Mutti” esteve em Auschwitz até sua libertação pelas tropas soviéticas em 27 de janeiro de 1945, faleceu em 1974 e sua causa de canonização foi introduzida na Diocese de Lodz.
5. Serva de Deus Maria Cecilia Autsch
Maria Cecilia Autsch, batizada como Ângela do Sagrado Coração, nasceu em Röllecken (Alemanha), em 1900.
Em 26 de outubro de 1933, mesmo ano em que Adolf Hitler subiu ao poder, Maria começou o postulantado no convento das trinitárias de Mötz (Áustria), pequeno povoado do Tirol austríaco.
Foi presa pela Gestapo devido a “um comentário que fez enquanto fazia compras para o seu convento, em que manifestou que ‘Hitler é um flagelo para a Europa’”, segundo foi revelado nos documentos incorporados à sua causa.
Foi levada para o campo de concentração de Ravensbrück (Alemanha) e depois para o de Auschwitz (Polônia), onde, por ser alemã e enfermeira, foi destinada ao dispensário médico, onde conseguiu esconder mais rações de comida ou sabão para mulheres doentes.
Em 1944, a religiosa morreu depois de ser atingida por uma bomba durante um bombardeio no campo de concentração, enquanto ajudava os doentes a se refugiar.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
Confira também:
Nunca mais! Essa é a oração do Papa Francisco para não esquecer o horror de Auschwitz https://t.co/DvyjtKMddz
— ACI Digital (@acidigital) January 27, 2020