Vaticano, 31 de jan de 2020 às 12:00
O Papa Francisco defendeu os cuidados paliativos para os doentes terminais porque, além de oferecer o cuidado médico ao paciente, abre-lhe “a porta da esperança”.
O Santo Padre fez esta defesa na audiência que concedeu na quinta-feira, 30 de janeiro, aos participantes da Assembleia Plenária da Congregação para a Doutrina da Fé.
No Palácio Apostólico do Vaticano, o Papa advertiu que “o contexto sociocultural atual está progressivamente corroendo a consciência a respeito daquilo que torna preciosa a vida humana. Vida humana que, frequentemente, é avaliada em fundação de sua eficiência e utilidade, ao ponto de considerar ‘vidas descartadas’ ou ‘vidas indignas’ aquelas que não respondem a tais critérios”.
O Papa recordou que “uma sociedade merece a qualificação de ‘civil’ se desenvolve os anticorpos contra a cultura do descarte; se reconhece o valor intangível da vida humana; se a solidariedade é efetivamente praticada e protegida como fundamento da convivência”.
Disse que “o tema do cuidado dos doentes, nas fases críticas e terminais da vida, chama em causa a tarefa da Igreja de reescrever a ‘gramática’ do assumir e do cuidar da pessoa que sofre”. “Sem a compaixão, quem olha não se sente envolvido naquilo que observa e passa além; ao contrário, quem tem o coração compassivo é tocado e envolvido, se detém e cuida”, assinalou.
O Pontífice exortou a criar, em torno do enfermo, “plataforma humana de relações que, além de favorecer o cuidado médico, abra a porta à esperança, especialmente naquelas situações-limite nas quais o mal físico é acompanhado por desconforto emotivo e angústia espiritual”.
“A proximidade relacional, e não meramente clínica, com o enfermo, considerado na unicidade e na integridade de sua pessoa, impõe o dever de não abandonar jamais ninguém em presença de maus incuráveis. A vida humana, devido o seu destino eterno, conserva todo o seu valor e toda a sua dignidade em qualquer condição, inclusive de precariedade e fragilidade, e, como tal, é sempre digna da máxima consideração”.
Na busca desses objetivos, o Papa destacou o trabalho dos hospitais especializados em cuidados paliativos, “onde os doentes terminais são acompanhados com um qualificado apoio médico, psicológico e espiritual, para que possam viver com dignidade, confortados da proximidade das pessoas queridas, a fase final da vida terrena deles”.
Por isso, o Pontífice expressou seus votos de que “tais centros continuem a ser lugares nos quais se pratiquem com empenho a ‘terapia da dignidade’, alimentando assim o amor e o respeito pela vida”.
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Uma realidade dinâmica
Por outro lado, diante dos superiores, oficiais e membros da Congregação para a Doutrina da Fá, Francisco destacou seu trabalho na “promoção e tutela da integridade católica sobre a fé e a moral”.
Nesse sentido, assinalou que “a doutrina cristã não é um sistema rígido e fechado em si, e nem mesmo uma ideologia que muda com o passar dos tempos. É uma realidade dinâmica que, permanecendo fiel ao seu fundamento, se renova de geração em geração e se resume num rosto, num corpo e num nome: Jesus Cristo Ressuscitado”.
Também explicou que “a transmissão da fé exige que se considere o seu destinatário, que se conheça ele e o ame efetivamente”.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
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