Abuja, 4 de fev de 2020 às 05:00
A Diocese Yola (Nigéria) assentou as bases para a construção de uma residência que abrigará aqueles que deixaram suas casas, forçados pelo grupo terrorista islâmico Boko Haram em Maiduguri, no norte do país.
De acordo com Pe. Moses Ma'aji, Diretor de Comunicações da Diocese de Yola, a instalação é única em seu tipo, a primeira residência permanente para deslocados internos neste país da África Ocidental que foi duramente afetado por atividades terroristas durante quase uma década.
“No passado, o país realocou pessoas devido a desastres naturais, como inundações. É a primeira vez que realocamos pessoas devido a desastres causados por outros seres humanos. E, definitivamente, é a primeira vez que os levamos para lugares permanentes, ao qual podem chamar de lar, longe do terror em seus lares anteriores”, disse Ma'aji à ACI África – agência africana do Grupo ACI –, em uma entrevista em 28 de janeiro.
As novas casas, cuja construção começou com a colocação da fundação em um evento organizado em 27 de janeiro, pelo Bispo de Yola, Dom Stephem Dami Mamza, abrigarão 86 famílias que chegaram de Maiduguri, uma área especificamente afetada pela insurgência.
Cada família tem uma média de seis membros que, de acordo com Pe. Ma'aji, "têm lembranças terríveis de onde vieram".
“Alguns deles não têm um lugar para chamar de lar, já que suas casas foram incendiadas por membros do Boko Haram. Alguns deles perderam todos os seus entes queridos e tudo o que precisam é de uma comunidade onde começar a vida novamente”, indicou.
O presbítero nigeriano contou que “uma mãe veio com a sua filha. A mulher viu como mataram os seus três filhos em sua presença. Não há como dizer àquela mulher que volte para casa, porque voltar para lá provavelmente trará lembranças terríveis”.
Em uma mensagem publicada na página oficial do Facebook da Conferência Episcopal Católica da Nigéria (CBCN), cita-se o Bispo de Yola, indicando que as aldeias de onde provêm os deslocados internos “ainda não eram seguras devido a atividades de insurgência”.
Na publicação, o Bispo expressou sua confiança de que o projeto habitacional será concluído antes de abril de 2020. Do mesmo modo, espera que sejam construídos no local uma escola, um hospital e um fornecimento de água limpa graças à ajuda da ONG católica “Missio”.
Indicou que Missio são “os sócios mais fortes que estiveram apoiando a Diocese de Yola durante os últimos cinquenta anos” e pediu às pessoas e organizações que apoiem a Igreja para que possa completar o projeto a tempo.
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Enquanto isso, Pe. Ma'aji disse que há planos para construir um módulo no projeto habitacional, onde as pessoas deslocadas poderão ir à Missa.
Assinalou que a maioria dos deslocados internos que atualmente estão alojados em barracas da diocese são agricultores e destacou a necessidade de fornecer-lhes terras para realizar atividades agrícolas.
As vítimas do Boko Haram começaram a encher a Catedral de Santa Teresa, na Diocese de Yola, em 2014, quando a insurgência começou em Maiduguri, comentou Pe. Ma'aji.
“Inicialmente, havia cerca de 150 famílias que foram para a catedral, onde fizemos o possível para colocá-las em barracas. Alguns partiram para começar a vida em outro lugar, mas temos mais de 80 famílias que não têm para onde ir”, acrescentou.
Os que buscaram refúgio na diocese, segundo o sacerdote nigeriano, eram católicos e membros de outras denominações que gradualmente se converteram ao catolicismo.
Por fim, Pe. Ma'aji também informou que "existe um plano no terreno de estabelecer uma escola primária".
Publicado originalmente em ACI África. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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