NOVA DELHI, 4 de fev de 2020 às 06:00
O Tribunal Superior de Kerala, no sul da Índia, rejeitou um pedido para proibir a Comunhão nas igrejas para impedir a propagação do coronavírus.
A Qualified Private Medical Practitioners Association, uma associação de profissionais médicos no estado do sul, solicitou à Corte que proíba a Comunhão argumentando que esta é “pouco saudável e representará um grave perigo para a saúde do público em geral”.
Os juízes rejeitaram o pedido, destacando que a recepção do pão e vinho eucarísticos, também chamados de Comunhão, era uma questão de fé e de livre escolha dos cristãos, assinalou UCA News.
O tribunal assinalou que a petição não apresenta nenhum caso em que o recebimento da Eucaristia tenha causado a propagação de uma doença, demonstrando que não lhes corresponde interferir na “prática centenária”.
Esse debate começou com o primeiro caso de coronavírus no país, confirmado em 30 de janeiro, em uma estudante de medicina que retornava a Kerala de Wuhan (China).
A estudante "ficou em quarentena junto com outras quatro pessoas de forma isolada", assinalou o ministro da Saúde de Kerala, K.K. Shailaja. “Está estável; não há com o que se preocupar”, acrescentou.
A petição apresentada ao Tribunal ressaltava que, na maioria das igrejas cristãs da Índia, o vinho era distribuído pelos sacerdotes de um único cálice, usando a mesma colher na boca de cada comungante.
Essa prática "gera uma possibilidade muito alta de contaminação por saliva", assinalaram os autores.
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Além disso, indicaram que o sacerdote distribui a Eucaristia na língua, ação que permite a contaminação pela saliva e deve ser restringida para controlar a transmissão de doenças.
O Tribunal assinalou que as denominações cristãs têm "abordagens diferentes para a administração e recepção do Sacramento Sagrado". No entanto, nunca se insiste em sua recepção de maneira obrigatória, sendo que cada fiel deve decidir recebê-la devido a sua “fé absoluta como seguidores do cristianismo”.
O porta-voz da Igreja Siro-Malabar em Kerala, Pe. Antony Thalachelloor, disse que os autores agiram por ignorância. "Quando se lê o pedido que apresentaram, parece que a Comunhão é uma espécie de grande festa onde se servem diferentes pratos”, acrescentou.
Levantar a questão da higiene na distribuição da comunhão é uma indicação clara de que os demandantes "não sabiam nada sobre a Sagrada Eucaristia que é um aspecto muito importante e piedoso de nossa fé”, assinalou a UCA News.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptador por Nathália Queiroz.
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