Vaticano, 6 de fev de 2020 às 09:30
O Papa Francisco condenou a "idolatria do dinheiro, a avidez e a especulação", ao reunir-se com os participantes da iniciativa "Novas formas de fraternidade solidária, de inclusão, integração e inovação", realizada na Pontifícia Academia das Ciências Sociais.
Em seu discurso, pronunciado em 5 de fevereiro, na Casina Pio IV, no Vaticano, o Pontífice pediu aos participantes "que construam pontes, pontes que favoreçam o desenvolvimento de um olhar solidário a partir dos bancos, das finanças, dos governos e das decisões econômicas".
O Papa alertou que "centenas de milhões de pessoas ainda se encontram imersas na pobreza extrema e não dispõem de alimento, habitação, assistência médica, escolas, eletricidade, água potável e estruturas higiênicas adequadas e indispensáveis", acrescentando que "calcula-se que cerca de cinco milhões de crianças abaixo dos 5 anos morrerão este ano devido à pobreza. Outras 260 milhões não receberão uma educação por falta de recursos, por causa das guerras e das migrações. Isso em um mundo rico, hein?”.
“Essa situação levou milhões de seres humanos a serem vítimas do tráfico de pessoas e das novas formas de escravidão, como o trabalho forçado, a prostituição e o tráfico de órgãos. Eles não têm direitos e garantias; nem sequer podem desfrutar da amizade ou da família. Tais realidades não devem ser motivo de desespero, mas de ação, são realidades que nos impulsionam a fazer algo”, alertou o Papa.
Francisco disse que a principal mensagem de esperança é que "trata-se de problemas solucionáveis e não de ausência de recursos", porque "não existe um determinismo que nos condene à iniquidade universal".
Assim, o Pontífice explicou que São João Paulo II chamava esta “globalização da indiferença” de “estruturas de pecado”. "Tais estruturas encontram um clima propício para a sua expansão toda vez que o Bem Comum é reduzido ou limitado a determinados setores ou, no caso que nos reúne hoje, quando a economia e a finança se tornam fins em si mesmas", afirmou Francisco.
“É a idolatria do dinheiro, a avidez e a especulação. E essa realidade agora se soma à vertigem tecnológica exponencial, que aumenta em passos nunca antes vistos a velocidade das transações e a possibilidade de produzir lucros concentrados que estejam ligados aos processos produtivos nem à economia real. A comunicação virtual favorece este tipo de coisas”, indicou.
Nesse sentido, o Santo Padre incentivou a promoção da “solidariedade e economia para a união, não para a divisão, com a consciência clara e saudável da corresponsabilidade”.
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"Praticamente daqui é necessário afirmar que a maior estrutura de pecado ou a maior estrutura da injustiça é a indústria da guerra, porque é dinheiro e tempo a serviço da divisão e da morte", disse o Papa, pois “o mundo perde todos os anos bilhões de dólares em armamentos e violências, somas que poderiam acabar com a pobreza e o analfabetismo se pudessem ser redirecionadas".
Finalmente, o Papa solicitou uma “nova ética” que supõe “que todos se comprometam a trabalhar juntos para acabar com os paraísos fiscais, evitar as evasões e a lavagem de dinheiro que roubam da sociedade, como também para dizer às nações a importância de defender a justiça e o bem comum sobre os interesses das empresas e multinacionais mais poderosas (que acabam sufocando e impedindo a produção local)”.
Ao despedir-se, o Santo Padre pediu que “não se esqueçam de rezar por mim, porque o trabalho que tenho que fazer não é fácil; e eu invoco sobre vocês todas as bênçãos do Senhor, sobre vocês e seu trabalho. Obrigado”.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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