Dias depois que o assassinato do seminarista nigeriano Michael Nnadi se tornou público, cristãos de todo o mundo prestaram homenagem ao jovem de 18 anos, chamando-o de "mártir" em meio a preocupações com a insegurança do país.

Os planos para seu enterro na terça-feira, 11 de fevereiro, estão em andamento, começando com a Missa no Seminário do Bom Pastor, em Kaduna.

Michael, originário da Diocese de Sokoto, encontrava-se entre os quatro seminaristas sequestrados na noite de 8 de janeiro no Seminário Maior do Bom Pastor, localizado no estado nigeriano de Kaduna. Foi assassinado por seus sequestradores em 28 de janeiro. O Bispo de Sokoto, Dom Matthew Hassan Kukah, informou sobre a morte no sábado, 1º de fevereiro.

Desde então, Michael, que tem um irmão gêmeo e foi criado por sua avó, tem sido lembrado em todo o mundo e alguns cristãos que o conheceram em seu país expressaram o vazio que sua morte deixou em suas vidas.

“Oh, querido irmão! Seu espaço na capela, vazio. Sua cama na casa, vazia. Seu assento no refeitório, vazio. Seu campo esportivo, vazio. Seu assento na sala de aula, vazio. Foi assassinado por pessoas más. Você morreu como mártir, todos nós amamos você, sentiremos sua falta. Descanse em paz”, lamentou um colega, El-Victor Majelo David Ibn Sairuwaon, por meio de sua conta no Facebook.

Para Harold C. Johnson, o falecido Michael "não foi assassinado, mas martirizado em nome de Cristo".

“Que dom maior tem uma pessoa que sacrificar a vida; dar a vida. O nível mais alto de exemplo sobre como caminhar seguindo os passos de Cristo e para o Reino de Deus. Devemos perdoar àqueles que o levaram desta vida”, tuitou Johnson.

Jerry Joe Mary disse: “Sua avó o entregou à Igreja. E você escolheu deixar todo o ouro do mundo apenas para carregar sua cruz e seguir Jesus”.

“Sua avó esperava que algum dia as pessoas fossem convidadas para testemunhar a sua ordenação. Sua avó esperava ver o bispo impondo as mãos e colocando as bênçãos pastorais sobre você... Hoje, seus assassinos fizeram de você um santo. Agora será chamado padroeiro dos seminaristas. Descanse em paz Mike”, publicou Jerry.

Elizabeth Ojochogwu Ameh disse no Facebook: “Senhor, somente Tu compreendes e conheces o drama que está acontecendo neste país, chamado Nigéria. Teus filhos já não estão a salvo, nem sequer seus pastores, nem aqueles em formação, o que pode dizer ou fazer aquele que não tem voz, me dói dizer adeus a um irmão. O céu é o teu lar eterno. Que os anjos deem as boas-vindas a tua alma”.

Outra pessoa, Florence Folashade Ademol, disse: “Esse assassinato é demais, nossos corações sangram por esses inocentes e preciosos desperdícios. Oh Deus, só Tu sabes julgar esta malvada besta que faz isso com a Nigéria e não deixes que o teu juízo demore. Senhor, limpa aqueles que zombam de teu Evangelho”.

“A notícia do assassinato brutal desse jovem inocente me entristece profundamente. Estou horrorizado com o desencadeamento de uma maldade tão terrível”, comentou o presidente executivo da Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), Dr. Thomas Heine Geldern.

“Embora nos centremos no seminarista mártir, não esqueçamos a sua co-mártir, a esposa do médico e a dor do marido e pai de dois filhos que também podem ser martirizados a qualquer momento a partir de agora. Se ainda não foram martirizados”, disse uma fonte na Nigéria à ACI África – agência na África do Grupo ACI – no início desta semana.

A fonte compartilhou uma imagem da "esposa do Dr. Philip", que foi assassinada junto com Michael. A imagem dizia: “Sua partida triste e desnecessária nas mãos de pessoas sem sentido nunca será esquecida. Pedimos desculpas pelo fato de termos falhado contigo, com a sua família e com a sua comunidade. Mas, olhando para você hoje, lembramos que não podemos continuar com essa destruição e carnificina. Então, rezamos: Oh Deus, ajude-nos a agir agora, antes que ataquem os próximos nigerianos”.

Michael e seu gêmeo Richard nasceram em 16 de fevereiro de 2001 e foram batizados em 26 de maio do mesmo ano na Catedral Católica da Sagrada Família, na Diocese de Sokoto, no noroeste da Nigéria.

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Em 2018, Michael foi admitido como seminarista da Diocese de Sokoto, na Nigéria, e prosseguiu, durante seu ano espiritual, ao Seminário St. Paul Spiritual Year Seminary, estado do Níger, na parte central do país, até junho de 2019.

Em outubro passado, continuou sua formação no sacerdócio, ingressando no Seminário Maior do Bom Pastor, em Kaduna. Michael e os outros três seminaristas sequestrados eram estudantes do primeiro ano de Filosofia.

Segundo relatos, desde 11 de janeiro, os sequestradores entraram em contato com os familiares dos quatro seminaristas para discutir os resgates para sua libertação, disse uma fonte na Nigéria à ACI África, em 12 de janeiro.

Um dos quatro seminaristas foi libertado no dia 18 de janeiro. Os sequestradores o jogaram na estrada Kaduna-Abuja, na Nigéria, e foi "ajudado pelos transeuntes". Foi internado na unidade de terapia intensiva do Hospital Católico St. Gerard, em Kaduna, onde está recebendo tratamento.

Em 31 de janeiro, um porta-voz do Seminário Maior do Bom Pastor anunciou a libertação de outros dois seminaristas.

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Ao anunciar o assassinato de Michael, o Bispo de Sokoto disse que Michael "e a esposa de um médico foram arbitrariamente separados do grupo e mortos".

Uma fonte na Nigéria disse recentemente à ACI África que os sequestros e assassinatos selecionados estão sendo cometidos por "um movimento financiado pelo Estado chamado: O Movimento pela Unidade e a Jihad na África Ocidental (MOJWAS)".

Segundo a fonte, MOJWAS tem membros “espalhados por toda a África Ocidental, do Mali central, até a Nigéria, passando pela República do Níger, com uma forte aliança de algumas pessoas e a região de Tillaberi na República do Níger. Estão ativos na bacia do Chade e se juntaram ao Boko Haram”.

A agenda do MOJWAS, disse a fonte, "é conquistar a rica bacia do vale do Benue por razões econômicas e religiosas".

"Irmãos e irmãs, permitimo-nos levantar e começar a falar. Temos que começar a envolver este governo em todos os níveis agora!", disse a fonte à ACI África.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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