Vaticano, 12 de fev de 2020 às 11:40
Em sua exortação apostólica pós-sinodal "Querida Amazônia", publicada neste dia 12 de fevereiro, o Papa Francisco assegurou que sem as mulheres a Igreja "se desmorona" e destacou que elas "prestam à Igreja a sua contribuição segundo o modo que lhes é próprio e prolongando a força e a ternura de Maria, a Mãe”.
“Na Amazônia, há comunidades que se mantiveram e transmitiram a fé durante longo tempo, mesmo decênios, sem que algum sacerdote passasse por lá. Isto foi possível graças à presença de mulheres fortes e generosas, que batizaram, catequizaram, ensinaram a rezar, foram missionárias, certamente chamadas e impelidas pelo Espírito Santo”, afirmou.
“Durante séculos, as mulheres mantiveram a Igreja de pé nesses lugares com admirável dedicação e fé ardente. No Sínodo, elas mesmas nos comoveram a todos com o seu testemunho”, acrescentou.
O sacerdócio feminino seria reducionismo
O Santo Padre fez um chamado a "alargar o horizonte para evitar reduzir a nossa compreensão da Igreja a meras estruturas funcionais".
"Este reducionismo levar-nos-ia a pensar que só se daria às mulheres um status e uma participação maior na Igreja se lhes fosse concedido acesso à Ordem sacra", afirmou.
No entanto, enfatizou, "este horizonte limitaria as perspectivas, levar-nos-ia a clericalizar as mulheres, diminuiria o grande valor do que elas já deram e sutilmente causaria um empobrecimento da sua contribuição indispensável".
O Papa destacou que "Jesus Cristo apresenta-Se como Esposo da comunidade que celebra a Eucaristia, através da figura de um varão que a ela preside como sinal do único Sacerdote".
“Este diálogo entre o Esposo e a esposa que se eleva na adoração e santifica a comunidade não deveria fechar-nos em concepções parciais sobre o poder na Igreja. Porque o Senhor quis manifestar o seu poder e o seu amor através de dois rostos humanos: o de seu divino Filho feito homem e o de uma criatura que é mulher, Maria”.
"A força e a ternura de Maria, a Mãe"
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O Santo Padre indicou que “as mulheres prestam à Igreja a sua contribuição segundo o modo que lhes é próprio e prolongando a força e a ternura de Maria, a Mãe. Deste modo não nos limitamos a uma impostação funcional, mas entramos na estrutura íntima da Igreja”.
“Assim compreendemos radicalmente por que, sem as mulheres, ela se desmorona, como teriam caído aos pedaços muitas comunidades da Amazônia se não estivessem lá as mulheres, sustentando-as, conservando-as e cuidando delas. Isto mostra qual é o seu poder caraterístico”, disse.
O Papa também incentivou "os talentos populares que deram às mulheres tanto protagonismo na Amazônia", mas observou que "a situação atual exige que estimulemos o aparecimento de outros serviços e carismas femininos que deem resposta às necessidades específicas dos povos amazônicos neste momento histórico”.
“Numa Igreja sinodal, as mulheres, que de fato realizam um papel central nas comunidades amazônicas, deveriam poder ter acesso a funções e inclusive serviços eclesiais que não requeiram a Ordem sacra e permitam expressar melhor o seu lugar próprio”, afirmou.
"Convém recordar que tais serviços implicam uma estabilidade, um reconhecimento público e um envio por parte do bispo", indicou.
Desse modo, disse, as mulheres podem ter "uma incidência real e efetiva na organização, nas decisões mais importantes e na guia das comunidades, mas sem deixar de o fazer no estilo próprio do seu perfil feminino".
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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