O Diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, destacou que a exortação apostólica pós-sinodal do Papa Francisco é magistério, enquanto o documento final do Sínodo da Amazônia, realizado em outubro de 2019, não é.

"A exortação apostólica é magistério, o documento final não é magistério", disse Bruni na coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira, 12 de fevereiro, na Sala Stampa do Vaticano, durante a apresentação do esperado texto do Santo Padre após o Sínodo da Amazônia realizado em outubro de 2019, em Roma.

“O Sínodo não tinha como tema o celibato, embora certamente teve seu peso. A questão do celibato ou da entrada no sacerdócio de diáconos permanentes era em resposta a uma exigência pastoral de evangelização. O Papa recebeu essa exigência e parece-me que respondeu com três palavras, em particular, que estão no ponto 90 da exortação”.  Estas palavras são "oração, generosidade e formação".

O numeral 90 da exortação do Santo Padre afirma que a necessidade de ter sacerdotes na Amazônia “leva-me a exortar todos os bispos, especialmente os da América Latina, a promover a oração pelas vocações sacerdotais e também a ser mais generosos, levando aqueles que demonstram vocação missionária a optarem pela Amazônia. Ao mesmo tempo, é oportuno rever a fundo a estrutura e o conteúdo tanto da formação inicial como da formação permanente dos presbíteros, de modo que adquiram as atitudes e capacidades necessárias para dialogar com as culturas amazônicas. Esta formação deve ser eminentemente pastoral e favorecer o crescimento da misericórdia sacerdotal”.

Na coletiva de imprensa de hoje, o Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, afirmou que “a exortação apostólica não fala de aprovação do documento final. Não fala disso, fala de apresentação, mas não de aprovação. Convida a lê-lo, diz que não repete e não quer destacar, e não cita” o documento final do Sínodo da Amazônia.

"Isso é importante destacar", frisou o Purpurado.

"Não há uma palavra canônica clara de aprovação", continuou o Cardeal Baldisseri e destacou que, embora o documento final "tenha certa autoridade moral, não tem (autoridade) magisterial".

Em seguida, Bruni recordou que “o Sínodo foi sobre evangelização e havia alguns assuntos sobre como pode ser realizado. Nesse sentido, algumas propostas foram feitas e nem todas foram incluídas na exortação apostólica” do Papa.

O Diretor da Sala de Imprensa ressaltou que, embora o Papa reconheça o papel do documento final do Sínodo a ponto de “apresentá-lo oficialmente e nos encorajar a lê-lo, isso não o converte em magistério. Tudo aquilo que está no documento final deve ser lido à luz da exortação apostólica”.

"Inclusive a aplicação ou a implementação solicitada no ponto 4 sobre os pastores, ou seja, sacerdotes, homens e mulheres consagrados, fiéis leigos, inclusive essa aplicação deve ser feita à luz da mesma exortação", continuou.

O ponto 4 da exortação apostólica declara: “Deus queira que toda a Igreja se deixe enriquecer e interpelar por este trabalho, que os pastores, os consagrados, as consagradas e os fiéis-leigos da Amazônia se empenhem na sua aplicação e que, de alguma forma, possa inspirar todas as pessoas de boa vontade”.

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Ao ser consultado sobre por que o Papa não se pronunciou na exortação sobre a possibilidade de ordenar homens casados, uma proposta dos bispos incluída no documento final do Sínodo, o Cardeal Baldisseri disse que “o Santo Padre não disse uma palavra sobre nenhum número do documento final. Disse que não o cita e não o citou sobre esse tema”.

“Parece-me que respondeu quais são os passos a serem dados, que são os de exortar os bispos a terem vocações. Em segundo lugar, o de pedir aos bispos a generosidade para enviar sacerdotes missionários à Amazônia. Terceiro, a formação antes, durante e permanente. A formação sacerdotal adaptada à região, que naturalmente toca o problema da inculturação. Ele não falou sobre o rito amazônico ”, continuou o Purpurado.

"Falou dos leigos, para que assumam a responsabilidade nessa área e ampliou um horizonte que vale, sobretudo, para a Amazônia, e fecha aí”, acrescentou.

Por sua parte e ao responder a uma pergunta sobre a ordenação de homens casados ​​e as diaconisas, o Cardeal Michael Czerny afirmou que “a melhor maneira de entender isso é que faz parte de um processo, de um caminho. Por isso se chama Sínodo. Há um longo caminho a seguir, assim como já se avançou um. Então, os assuntos para os quais vocês retornam são os assuntos do caminho e que o Santo Padre não resolveu de uma forma diferente da que já disse na exortação”.

“Se há assuntos que você acredita que estão abertos ou que a Igreja acredita que estão abertos, continuarão sendo debatidos, discernidos, serão rezados e, quando estiverem maduros, serão apresentados à autoridade competente para tomar uma decisão”, continuou.

"Se você está buscando um tipo de fechamento para o seu artigo como uma declaração forte, receio lhe dizer que não existe esse tipo de fechamento", concluiu o Cardeal.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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