Abuja, 13 de fev de 2020 às 08:30
O Arcebispo católico de Benin City e presidente da Conferência Episcopal Católica da Nigéria, Dom Augustine Obiora Akubeze, ressaltou que o governo do país não protege os cristãos frente aos sérios problemas políticos que a Nigéria está passando por causa dos grupos radicais.
Em uma entrevista concedida à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), Dom Akubeze indicou que a situação na Nigéria é uma tensão “autoinfligida e desnecessária”, devido a uma polarização política.
O Prelado enfatizou que, apesar da constituição do país "reconhecer o princípio federalista", o governo realizou nomeações suspeitas, atribuindo praticamente todos os cargos de chefes militares ao grupo étnico Hausa-Fulanis.
Esse grupo é 95% muçulmano, em um país onde 50% da população é cristã. "A autoridade que lidera a segurança está dirigida por um único grupo religioso, um único grupo étnico, em uma nação multirreligiosa e multiétnica", acrescentou.
Além disso, Dom Akubeze indicou que a insegurança se espalhou por todo o país, devido à ameaça que representa o grupo terrorista Boko Haram, ao "atacar nigerianos inocentes, tanto muçulmanos como cristãos", e pelos contínuos confrontos entre pastores, predominantemente muçulmanos Fulanis e camponeses.
“A justiça e a paz sempre andam de mãos dadas, e qualquer um que deseje uma paz genuína deve promover a justiça. Para que a paz e a segurança reinem na Nigéria, deve haver justiça política, religiosa, étnica, econômica e judicial para todo e qualquer nigeriano”.
Dom Akubeze recordou os sequestros contínuos de consagrados e religiosas e lamentou o recente assassinato do seminarista Michael Nandi.
O Prelado indicou que igrejas e entidades religiosas estão tomando medidas para proteger seus membros. “Há igrejas que solicitam os serviços da polícia nigeriana para o culto dominical e precisam pagar pela segurança que lhes é proporcionada. Há quem contrate pessoal de segurança privada e, em alguns casos, os próprios fiéis se voluntariam para cuidar da segurança, depende da área”.
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No entanto, "a maioria das agências de segurança privadas contratadas carece de recursos para enfrentar o nível de ameaça representada pelos pastores Fulanis e Boko Haram", acrescentou.
Finalmente, Dom Akubeze agradeceu o interesse de diferentes fundações por prestar assistência à Nigéria diante da situação difícil que as pessoas sofrem no país e pediu que os meios de comunicação ocidental continuem comunicando as “atrocidades” que vivem na Nigéria.
Essa cobertura, disse, pressionará o governo da Nigéria a mudar e obrigará os governos das nações da União Europeia e da América a "procurarem maneiras de proteger a vida dos cristãos e de outros nigerianos, que são constantemente atacados pelo Boko Haram e pelos pastores fulanis”.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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