Vaticano, 11 de mar de 2020 às 16:00
O Papa Francisco fez um chamado, ao finalizar a Audiência Geral desta quarta-feira, 11 de março, na Biblioteca do Palácio Apostólico, para não esquecer os sírios que fogem da guerra e que estão presos na fronteira entre a Grécia e a Turquia.
Em sua mensagem, o Pontífice pediu que a dor e a emergência causadas pelo coronavírus COVID-19 não faça com que o sofrimento das famílias sírias passe para um segundo plano.
“Não gostaria que esta dor, esta epidemia tão forte nos faça esquecer os pobres sírios que estão sofrendo na fronteira da Grécia e da Turquia: um povo há anos sofredor. Devem fugir da guerra, da fome, das doenças. Não esqueçamos os irmãos, irmãs e tantas crianças que estão sofrendo ali”, foram as palavras do Pontífice.
A Síria, que sofre uma brutal guerra civil desde 2011, experimentou nas últimas semanas um agravamento dos conflitos bélicos. Apesar do fato de o Estado islâmico ter sido derrotado militarmente em 2016 e ter perdido todo o território que controlava, os grupos contrários ao regime do presidente Bashar al-Assad continuam a guerra com o apoio da Turquia.
Nesse contexto, em 28 de fevereiro, a aviação síria causou 33 mortes de soldados turcos no norte da Síria, onde apoiavam os rebeldes. A Síria, que conta com a aliança da Rússia e do Irã, busca a rendição incondicional de grupos rebeldes e a retirada das tropas turcas em seu território.
A ação da aviação síria causou uma resposta turca, causando uma escalada militar com o exército russo destacado na Síria. Para evitar uma guerra aberta entre todos os principais atores internacionais da região, a Turquia e a Rússia fizeram um acordo de cessar fogo, em 5 de março.
As tensões com a Síria nas últimas semanas causaram novos movimentos de refugiados sírios. A Turquia decidiu abrir as fronteiras com a Grécia. Milhares de refugiados sírios e de outros países do Oriente Médio seguiram em direção à fronteira para acessar os países da União Europeia.
No entanto, depararam-se com o fato de que a Grécia se negou a abrir suas fronteiras, por isso ficaram presos.
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A Turquia, que acolhe mais de 3 milhões de refugiados em seu território, exige que os países europeus assumam um compromisso com os refugiados. Solicita também que a União Europeia e a OTAN (aliança militar entre a Turquia, Estados Unidos, os países da União Europeia e outros Estados) respaldem sua política na Síria e que ofereçam avanços na negociação da entrada da Turquia à União.
Em concreto, o presidente turco Recep Erdogan solicitou que os cidadãos turcos possam circular e trabalhar livremente por toda a União Europeia, algo que as autoridades europeias se recusam, porque o governo turco não respeita os parâmetros mínimos de liberdades e respeito aos direitos humanos exigidos nos tratados europeus.
A União, por sua vez, lembrou à Turquia que deve cumprir o acordo migratório com a União Europeia de 2016, que se comprometeu a fornecer ajuda de 6 bilhões de euros para acolher refugiados.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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