CRACÓVIA, 12 de mar de 2020 às 10:00
O Arcebispo de Cracóvia (Polônia), Dom Marek Jędraszewski, anunciou na terça-feira, 11 de março, que os processos de beatificação e canonização de Karol Wojtyla e sua esposa Emilia de Kaczorowski, pais de São João Paulo II, começarão nos próximos dias.
A permissão de Dom Jędraszewski, um requisito legal para iniciar o processo, foi acrescentada ao parecer favorável da Conferência Episcopal Polonesa e à aprovação da Congregação para as Causas dos Santos no Vaticano.
Em um comunicado, os bispos da Polônia informaram que "os documentos apropriados chegarão à paróquia da Arquidiocese de Cracóvia nos próximos dias e os fiéis serão informados sobre o início do processo". Estes últimos "serão solicitados a enviar à Cúria Metropolitana de Cracóvia, antes de 7 de maio de 2020, qualquer documento, carta ou mensagem sobre os Servos de Deus, tanto positivos quanto negativos", acrescenta o texto.
“A memória dos pais de São João Paulo II ainda está viva, principalmente nas comunidades de Wadowice e Cracóvia. Faz muito tempo desde a sua morte, mas ainda existem pessoas que os conheceram pessoalmente. Vamos tentar contatá-los e pedir que testemunhem”, disse Pe. Andrzej Scąber, secretário para a canonização da Arquidiocese de Cracóvia.
O sacerdote disse que serão escutadas várias testemunhas diretas, inclusive os netos dos servos de Deus.
“O próprio Papa, em certo sentido, será uma testemunha direta da santidade de seus pais. Existem muitos textos que confirmam que eram pessoas excepcionais”, acrescenta Pe. Scąber.
Assinalou também que serão realizados dois processos de canonização separados, nos quais se deverá demonstrar que Emília e Karol praticaram virtudes heroicas, que disfrutam da reputação de santidade e, por sua intercessão, as pessoas receberam os favores de Deus.
"Esse processo não será fácil devido ao pequeno número de testemunhas oculares, mas já podemos dizer que a documentação que foi compilada, especialmente em relação a Karol Wojtyła, é muito extensa e mostra que esse homem, ao longo de sua vida, evoluiu em seu relacionamento com Deus e levou essa amizade de Deus ao filho, o futuro Papa”, explicou o presbítero.
Finalmente, Pe. Scąber comentou que, em meio a uma sociedade em crise como a de hoje, com "muitos divórcios, relações de convivência, crianças abandonadas", a família Wojtyla, "como diz o Papa Francisco, são santos do bairro, normais, ordinários, que nos mostram que, em uma situação econômica muito difícil, durante a doença, a morte de dois filhos, é possível confiar e estar perto de Deus ".
Em 2018, o então Arcebispo de Cracóvia e ex-secretário pessoal de São João Paulo II, Cardeal Stanislaw Dziwisz, disse que levava em seu coração a possibilidade de iniciar o processo de beatificação e canonização dos pais de São João Paulo II.
Biografias de Karol e Emilia
Emilia Kaczorowska, que veio de uma família de sapateiros, era filha de Feliks Kaczorowski e Maria Scholz. Teve oito irmãos. Nasceu em 26 de março de 1884, em Cracóvia, e foi batizada na Igreja de São Nicolau. A família Kaczorowski morava em Smolensk Street e frequentava a igreja da Congregação das Irmãs de São Félix de Cantalice. Em 1890, Emília iniciou sua educação primária. Há informações na literatura de que ela frequentou a escola da Congregação das Filhas da Divina Caridade, mas o material de arquivo da escola daquela época não sobreviveu. Quando tinha apenas 13 anos, sua mãe morreu.
Karol Wojtyla nasceu em 18 de julho de 1879 em Lipnik, perto de Biała, filho de Maciej Wojtyla e Anna Przeczek, em uma família de alfaiates. Foi batizado na igreja da Divina Providência em Biala. Com dois anos de idade, perdeu a mãe. Nos anos 1885-1890, frequentou a Escola Folclórica Alemã em Biała e, em 1890, começou a estudar no ginásio alemão em Bielsko. Em 1900, foi chamado para servir no exército em Wadowice. Depois de um ano, serviu como cabo e foi direcionado para a Escola de Cadetes de Infantaria de Lviv. Em 1903, completou seu serviço militar no posto de pelotão e conseguiu voltar para casa. No entanto, decidiu que permaneceria no exército como soldado profissional e serviu como suboficial em Cracóvia e Wadowice.
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Em 1905, Emília conheceu Karol. Sua proposta de casamento foi aceita e seu matrimônio foi abençoado em 10 de fevereiro de 1906, na Igreja de São Pedro e São Paulo, em Cracóvia, na igreja paroquial de Emília e na igreja da guarnição militar de Karol. Os novos cônjuges deram à luz três filhos: Edmund (nascido em 1906), Olga, que morreu pouco depois do nascimento e batismo (1916) e Karol (nascido em 1920), o futuro Papa.
Os Wojtyla moravam em Krowodrza. Em 1913, a família se mudou para Wadowice, onde Karol conseguiu um emprego na unidade de administração militar do governo.
O ano de 1916 foi particularmente doloroso na vida de Karol, quando sua filha Olga morreu logo após o nascimento e o batismo, e seu meio-irmão Józef morreu na frente. Em 31 de outubro de 1918, Karol terminou seu serviço no exército austríaco como segundo tenente e no dia seguinte uniu-se ao exército polonês, onde se tornou chefe do escritório da Comissão de Suplementos de Poviat, em Wadowice. Os cartões de qualificação apresentavam-no como um oficial com pleno conhecimento do ofício, experiência e, ao mesmo tempo, humilde e amigável.
Quando Emilia teve sua terceira gravidez no outono de 1919, os médicos assinalaram que a gravidez ameaçava a sua vida. No entanto, ela não hesitou e decidiu dar à luz um menino. Em 18 de maio de 1920, seu filho Karol nasceu. Ele estava saudável, enquanto a mãe, segundo os prognósticos dos médicos, não se recuperou após o parto. Sentia-se pior e a doença estava piorando. Em 1924, Karol se tornou tenente e, após três anos, devido à doença progressiva de sua esposa, ele se aposentou.
Em maio de 1929, Karol (filho) recebeu a Primeira Comunhão. Nesse mesmo ano, a saúde de Emilia se deteriorou significativamente e ela morreu em 13 de abril, depois de receber os últimos sacramentos na presença de seu marido. A cerimônia fúnebre foi realizada em 16 de abril na igreja de Wadowice e, em 17 de abril de 1929, ela foi enterrada no cemitério Rakowicki, em Cracóvia.
O viúvo cuidava da casa e dos filhos. Em 1932, seu filho Edmund, médico especialista que trabalhou no Hospital Municipal de Bielsko por dois anos, foi infectado por um paciente e morreu de escarlatina.
Depois que Karol (filho) se formou em 1938, seu pai se mudou com ele para Cracóvia. Moravam na rua Tyniecka, em Dębniki. O futuro Papa João Paulo II estudou na Universidade Jagiellonian. Quando começou a guerra, pai e filho tentaram fugir para o leste do país. Após a invasão do exército soviético em 17 de setembro de 1939, eles retornaram a Cracóvia e, em 1940, Karol (filho) começou a trabalhar na empresa Solvay, em Zakrzówek.
Karol (pai) ficou gravemente doente no inverno de 1940. Ele morreu em um apartamento em Tyniecka, em 18 de fevereiro de 1941, devido a insuficiência cardíaca. Tinha 63 anos. Seu corpo foi enterrado em 21 de fevereiro no cemitério Rakowicki, em Cracóvia, junto com sua esposa e filho.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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