Vaticano, 18 de mar de 2020 às 11:00
O Papa Francisco lembrou que a atitude de Deus em relação ao seu povo é a da proximidade: "Nosso Deus é um Deus próximo", afirmou e lembrou que Ele também "nos pede para sermos próximos uns dos outros".
O Santo Padre se expressou assim durante a Missa celebrada na Casa Santa Marta nesta quarta-feira, 18 de março. O Pontífice ressaltou que essa proximidade é ainda mais necessária durante a crise devido à pandemia causada pelo coronavírus COVID-19.
Diante desta circunstância, Deus “nos pede que manifestemos mais esta proximidade, que a mostremos mais. Nós não podemos, talvez, aproximar-nos fisicamente por medo do contágio, mas sim, despertar em nós uma atitude de proximidade entre nós: com a oração, com a ajuda, tantos modos de proximidade".
"E por qual motivo devemos ser próximos um do outro? Porque o nosso Deus é próximo, quis acompanhar-nos na vida. É o Deus da proximidade. Por isso, nós não somos pessoas isoladas: somos próximos, porque a herança que recebemos do Senhor é a proximidade, ou seja, o gesto da proximidade”.
O Papa Francisco destacou as palavras de Moisés: "De fato, qual grande nação tem deuses tão próximos de si como está de nós o Senhor, nosso Deus, cada vez que O invocamos?".
Essas palavras de Moisés refletem como “o Senhor dá a Lei a seu povo com uma atitude de proximidade. Não são prescrições de um governante, que pode estar distante, ou de um ditador… Não: é a proximidade; e nós sabemos pela revelação que é uma proximidade paterna, de pai, que acompanha o seu povo dando-lhe o dom da Lei".
"O Deus próximo. ‘De fato, qual grande nação tem deuses tão próximos de si como está de nós o Senhor, nosso Deus, cada vez que O invocamos?’ O nosso Deus é o Deus da proximidade, é um Deus próximo, que caminha com o seu povo”.
Essa proximidade de Deus com o povo já é vista no êxodo de Israel para a Terra Prometida: “Aquela imagem no deserto, no Êxodo, a nuvem, a coluna de fogo para proteger o povo: Caminha com o seu povo".
“Não é um Deus que deixa as prescrições escritas, ‘e segue adiante’. Faz as prescrições, as escreve na pedra com as próprias mãos, as dá a Moisés, as entrega a Moisés, mas não deixa as prescrições e vai embora: caminha, é próximo. ‘Qual nação tem um Deus tão próximo?’ É a proximidade. O Nosso Deus é um Deus da proximidade”.
Contudo, “a primeira resposta do homem, nas primeiras páginas da Bíblia, são duas atitudes de não proximidade. Nossa resposta é sempre distanciar-nos, distanciamo-nos de Deus. Ele se faz próximo e nós nos distanciamos”.
A primeira atitude "de Adão, com a mulher, é esconder-se: escondem-se da proximidade de Deus, têm vergonha, porque pecaram, e o pecado nos leva a esconder-nos, a não querer a proximidade. E muitas vezes, a fazer uma teologia somente pensada ‘no juiz’, e por isso me escondo: tenho medo".
A segunda atitude “humana à proposta desta proximidade de Deus é matar. Matar o irmão. ‘Eu não sou o guardião de meu irmão’. Duas atitudes que eliminam toda proximidade. O homem rejeita a proximidade de Deus, ele quer ser dono das relações e a proximidade sempre traz consigo alguma fraqueza. O Deus próximo se faz fraco, e quanto mais se faz próximo, mas fraco parece”.
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O Papa explicou que Deus, “quando vem até nós, a habitar conosco, se faz homem, um de nós: se faz fraco e carrega a fraqueza até à morte e a morte mais cruel, a morte dos assassinos, a morte dos maiores pecadores. A proximidade humilha Deus. Ele se humilha para estar conosco, para caminhar conosco, para ajudar-nos”.
"O Deus próximo nos fala de humildade. Não é um grande Deus, aí”, disse olhando para o céu como se fosse um Deus distante. "Não, é de casa. E vemos isso em Jesus, Deus feito homem, próximo a seus discípulos até à morte: os acompanha, os ensina, os corrige com amor”.
“Pensemos, por exemplo, na proximidade de Jesus aos discípulos angustiados de Emaús: estavam angustiados, estavam derrotados e Ele se aproxima lentamente, para fazer-lhes entender a mensagem de vida, de ressurreição".
Por fim, o Papa pediu ao Senhor “a graça de ser próximos, um do outro; não esconder-se um do outro; não lavar-se as mãos, como fez Caim, do problema do outro: não. Próximos. Proximidade. ‘De fato, qual grande nação tem deuses tão próximos de si como está de nós o Senhor, nosso Deus, cada vez que O invocamos?’”.
Leitura comentada pelo Papa Francisco:
Deuteronômio 4,1.5-9
Moisés falou ao povo, dizendo: 1“Agora, Israel, ouve as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir, para que, fazendo-o, vivais e entreis na posse da terra prometida que o Senhor Deus de vossos pais vos dará. 5Eis que vos ensinei leis e decretos conforme o Senhor meu Deus me ordenou, para que os pratiqueis na terra em que ides entrar e da qual tomareis posse.
6Vós os guardareis, pois, e os poreis em prática, porque neles está vossa sabedoria e inteligência perante os povos, para que, ouvindo todas as leis, digam: ‘Na verdade, é sábia e inteligente esta grande nação!’ 7Pois, qual é a grande nação cujos deuses lhe são tão próximos quanto o Senhor nosso Deus, sempre que o invocamos? 8E que nação haverá tão grande que tenha leis e decretos tão justos, quanto esta lei que hoje vos ponho diante dos olhos? 9Mas toma cuidado! Procura com grande zelo não te esqueceres de tudo o que viste com os próprios olhos, e nada deixes escapar do teu coração por todos os dias de tua vida; antes, ensina-o a teus filhos e netos”.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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