REDAÇÃO CENTRAL, 3 de abr de 2020 às 17:00
O Cardeal Muang Bo, presidente da federação das Conferências Episcopais Asiáticas, disse que o governo comunista da China deve pedir desculpas e compensar aqueles que sofrem com a pandemia de coronavírus, especialmente nos países pobres.
"O regime chinês, liderado pelo todo-poderoso Xi Jinping e pelo PCC (Partido Comunista da China) – e não seu povo – deve pedir desculpas e compensar toda a destruição causada pelo coronavírus", escreveu o também Arcebispo de Yangon (Mianmar) em um artigo publicado em 2 de abril na UCANews.
"A China é um país com uma grande e antiga civilização que contribuiu muito para o mundo ao longo da história, mas seu regime é responsável, com sua negligência criminal e repressão, pela pandemia que está varrendo nossas ruas hoje", disse o Purpurado.
“Permitam-me ser claro: o PCC é o responsável, não o povo chinês, e ninguém deve responder a esta crise com ódio pelos chineses. De fato, o povo chinês é a primeira vítima deste vírus e a primeira vítima desse regime. Eles merecem nossa simpatia, nossa solidariedade e nosso apoio. As mentiras, a repressão e a corrupção do PCC que são responsáveis”, indicou.
Em seguida, o Cardeal mencionou um exemplo claro de pessoas que foram silenciadas pelo Partido Comunista Chinês.
"Os médicos que tentaram dar a voz de alarme – como o Dr. Li Wenliang, no Wuhan Central Hospital, que emitiu a advertência para seus colegas médicos em 30 de dezembro – receberam ordens da polícia para ‘parar de fazer comentários falsos'. O Dr. Li, oftalmologista de 34 anos, foi acusado de ‘espalhar boatos’ e foi obrigado pela polícia a assinar uma confissão. Depois, morreu por causa do coronavírus”, denunciou o Purpurado.
Uma das críticas ao regime chinês se refere à falta de informação para a comunidade internacional sobre o coronavírus. Em 1º de abril, o site Bloomberg informou que a inteligência dos EUA descobriu evidências sobre a desinformação da China sobre casos e mortes de coronavírus.
Essa maneira de proceder do governo chinês, lamentou o Cardeal Bo, contribuiu para a expansão da doença, especialmente em países pobres como o dele.
“No meu país, Mianmar, somos muito vulneráveis. Temos fronteira com a China, onde COVID-19 começou, e somos uma nação sem os recursos sociais nem médicos que os países desenvolvidos possuem”.
O Cardeal recordou que “os sistemas de saúde na maioria dos países desenvolvidos estão saturados. Assim, imaginem os perigos em um país pobre e problemático como Mianmar".
Vários especialistas em todo o mundo alertaram sobre as graves consequências econômicas da pandemia de coronavírus, como o crescimento do desemprego.
O primeiro caso da doença foi registrado em Wuhan, na província chinesa de Hebei, em dezembro de 2019. Agora, espalhou-se para mais de 200 países, com mais de um milhão de casos e mais de 50 mil mortes.
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O Cardeal também pediu para a China cancelar as dívidas que outros países têm com ela, a fim de cobrir os custos da epidemia de coronavírus.
Há alguns dias, o Cardeal filipino Luis Antonio Tagle, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, pediu que os países ricos perdoem as dívidas dos países pobres, que lutam para financiar uma resposta ao coronavírus.
O Purpurado disse que o dinheiro que os governos gastam em militares e segurança poderia ser destinado a máscaras e respiradores para enfrentar a epidemia.
O Cardeal Bo assinalou que há uma forte preocupação de que as estatísticas oficiais do regime chinês minimizem a escala de infecção dentro do próprio país e, posteriormente, tentem acusar outros países de terem causado a pandemia.
"As mentiras e propaganda colocaram em risco milhões de vidas em todo o mundo", escreveu o Purpurado.
O Cardeal Bo também denunciou a perseguição religiosa empreendida nos últimos anos pelo governo chinês e lamentou que "Hong Kong, uma das cidades mais abertas da Ásia, tenha sofrido uma enorme deterioração de suas liberdades, direitos humanos e aplicação da lei".
"Os cristãos acreditam nas palavras do apóstolo Paulo quando diz que 'a verdade vos libertará’. A Verdade e a liberdade são dois pilares sobre os quais nossas nações devem construir uma base mais segura e mais forte", concluiu.
Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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