Em vistas do momento difícil que vivem os países afetados pelo coronavírus, mais de 100 católicos com liderança política nos países latino-americanos assinaram um manifesto para alentar uma ação comum em prol do bem comum, da dignidade humana e da solidariedade.

Fruto de diversos encontros online organizados pela Academia de Líderes Católicos, os signatários discutiram a realidade dos diferentes países e propuseram medidas concretas para a situação atual dos países diante do coronavírus.

"Nosso olhar nasce da dor por aqueles que sofrem e sofrerão mais por causa desta pandemia: os pobres”, descreve o manifesto.

"São os que estão mais sozinhos e abandonados, os mais frágeis e vulneráveis, os mais pobres e desamparados, os que serão mais afetados pela pandemia", explicam os líderes políticos.

Nesse sentido, “faz-se uma leitura autêntica da realidade a partir das escolhas feitas por Jesus. Uma leitura evangélica da realidade só pode ser feita a partir do sofrimento daqueles que serão mais afetados pela crise, os pobres, os oprimidos e os vulneráveis. Portanto, todas as ações e compromissos para enfrentar a crise devem ser assumidos da perspectiva do impacto sobre os mais vulneráveis ​”.

Tal como manifestaram em reuniões online anteriores, os líderes políticos argumentam que essa crise também é a hora de "pensar em soluções e iniciativas comuns".

"Ou morremos sozinhos como nações, ou saímos adiante todas as nações juntas, como membros da mesma grande pátria: a América Latina", acrescentaram e descreveram algumas medidas que podem ser colocadas em prática.

A reflexão é iluminada pela Doutrina Social da Igreja e pelas palavras do Papa Francisco que, em sua mensagem durante a bênção Urbi et Orbi, expressou que "estamos todos no mesmo barco".

“Todos frágeis e desorientados mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. Neste barco, estamos todos ... descobrimos que não podemos continuar a estrada cada qual por conta própria, mas só o conseguiremos juntos", disse o Santo Padre em 27 de março.

Nesse sentido, os signatários expressam que se sentem “chamados a ser construtores de pontes e não de muros; chamados a viver a diversidade e a apreciar o diálogo como um caminho que nos enriquece”, descreve o documento.

"O estilo de liderança política que se requer é um estilo sinodal, que está disposto a fazer o percurso junto com os seus governados e inclusive com seus rivais políticos”.

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“Trata-se de escutar e compreender os motivos um do outro, dos quais sempre podemos aprender algo. A atitude dialógica e o espírito desarmado também devem permear as relações sociais e políticas”.

Nesse sentido, os signatários pedem para rejeitar "qualquer indício de polarização", pois a "linha de divisão real não está entre esquerda ou direita, conservadores ou progressistas".

“A verdadeira linha de divisão encontra-se entre aqueles que estão dispostos a sacrificar seus concidadãos por agendas pessoais, de grupo ou de partido; e aqueles que entenderam que a hora dramática de nossa geração deve nos unir para colocar em primeiro lugar o interesse de nossos povos”, asseguraram.

"Enfrentamos essa realidade desde nossa condição de políticos, mas acima de tudo de nossa identidade comum como cristãos".

"Entre nós existe uma pluralidade de sensibilidades políticas e sociais, mas estamos unidos por essa certeza que se baseia na virtude da esperança", que é "a confiança e a convicção de que, mesmo nos piores momentos da história, o Espírito de Deus nunca para de incentivar e sustentar seu povo”, concluíram.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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