Vaticano, 5 de mai de 2020 às 14:20
Pe. Hans Zollner, sacerdote jesuíta e presidente do Centro para a Proteção de Menores da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, destacou "uma mudança de atitude em muitos dos bispos" dos países que pôde visitar.
Em entrevista à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, o Pe. Zollner, membro da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores e coordenador da reunião do Papa Francisco com os presidentes das conferências episcopais do mundo que ocorreu no Vaticano em fevereiro de 2019, fez um balanço do trabalho que a Igreja está fazendo contra os abusos.
Nesta linha, o sacerdote especialista neste âmbito disse que tal encontro de presidentes de conferências episcopais em fevereiro de 2019 "trouxe consigo a introdução de importantes mudanças para a Igreja em todo o mundo".
Em primeiro lugar, Pe. Zollner lembrou que "em março de 2019, no Estado da Cidade do Vaticano, foram introduzidas tanto uma lei como diretrizes para a proteção dos menores e das pessoas vulneráveis”.
Além disso, “no mês de junho, o Papa anunciou o motu proprio Vos Estis Lux Mundi, que, entre outras coisas, estabeleceu as responsabilidades dos bispos, expandiu o conceito de proteção da 'pessoa vulnerável' e estabeleceu a obrigação de denunciar o abuso sexual ou outros tipos de abuso".
Posteriormente, o Pe. Zollner explicou que, em dezembro de 2019, "o Santo Padre anunciou a abolição do Segredo Pontifício nos casos de violência sexual e abuso de menores cometidos por clérigos, modificou a legislação para que a posse e divulgação de imagens pornográficas que envolvam menores dentro dos casos de delicta gavriora, seja estendida de 14 a 18 anos e, além disso, permitir que leigos especialistas em direito canônico façam parte dos processos”.
Por último, o membro da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores lembrou que em fevereiro de 2020 o Vaticano anunciou a criação de uma força-tarefa (task-force) “para ajudar as conferências episcopais a preparar e atualizar as diretrizes sobre a proteção de menores e pessoas vulneráveis”.
Em relação à criação deste grupo de trabalho, afirmou: "Entendo que estão selecionando as pessoas mais adequadas para oferecer este serviço e estão esclarecendo quais serão as tarefas desde grupo de trabalho”.
"Além das leis e normas, devo dizer que estou observando uma mudança de atitude em muitos dos bispos e conferências episcopais que visitei após o encontro de fevereiro de 2019 com o Papa Francisco", disse Pe. Zollner, "especialmente em muitos países onde a Igreja e a sociedade em geral estão cada vez mais conscientes da urgência de agir firmemente sobre essas questões".
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Nesse sentido, o sacerdote, que é membro desta nova força-tarefa, indicou que "esperamos que se agilize e dê consistência ao processo de revisão das diretrizes nas conferências episcopais, onde isso ainda não aconteceu, em relação às novas normas mencionadas anteriormente e sua implementação”.
"Acho que o grupo de trabalho também ajudará aquelas conferências episcopais que já estão trabalhando no processo de atualização, para que os princípios de 'escutar as vítimas, fazer justiça e se comprometer com todos os tipos de medidas de Safeguarding’ estejam presentes com clareza e sejam prioridade através destes documentos”, advertiu.
Por fim, o presidente do Centro de Proteção de Menores da Pontifícia Universidade Gregoriana sublinhou que recentemente seria realizado um Laboratório Teológico sobre “Teologia frente ao abuso” que foi cancelado devido à pandemia de Covid-19, e acrescentou que um dos objetivos principais desta iniciativa “era promover um diálogo teológico e em longo prazo entre teólogos do mundo inteiro com relação à crise de abuso”.
“Muitas vezes, colocamos toda a responsabilidade de agir nesta área nos psicólogos ou juristas canônicos e esquecemos a profunda base teológica que também está por trás disso. É uma tentativa de ampliar o diálogo sobre o assunto, de um ponto de vista teológico, para poder compreender melhor o que o Senhor quer que nós sejamos e como agimos em resposta ao seu amor pelos mais vulneráveis”, concluiu.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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