O Papa Francisco aceitou a renúncia do Bispo Auxiliar de Cincinnati (Estados Unidos), Dom Joseph Binzer, que encobriu os abusos cometidos por um sacerdote na Arquidiocese.

A Sala de Imprensa do Vaticano informou ontem sobre a decisão do Pontífice, embora não indique as razões pelas quais a renúncia foi aceita.

A Arquidiocese de Cincinnati publicou uma nota nesta quinta-feira que inclui uma declaração de Dom Binzer, que disse estar "profundamente triste pelo meu papel nas acusações contra o Pe. Drew, que tiveram um impacto negativo na confiança e na fé das pessoas da Arquidiocese de Cincinnati".

O Arcebispo de Cincinnati, Dom Dennis Schnurr, indicou que Dom Binzer continuará servindo na Arquidiocese com o título de "Bispo Auxiliar Emérito", embora não tenha especificado exatamente quais serão suas funções.

O Arcebispo retirou Dom Binzer de seu cargo de chefe da equipe sacerdotal, em agosto de 2019, depois que a CNA, agência em inglês do grupo ACI, apresentou aos oficiais da Arquidiocese o resultado de sua investigação diante das acusações contra o Bispo Auxiliar que não informou que um sacerdote havia cometido más condutas com adolescentes.

Embora a declaração do Arcebispo não se refira diretamente ao papel de Dom Binzer, fontes arquidiocesanas disseram à CNA em agosto que Dom Schnurr ficou “muito chateado” quando se deu conta da situação.

“O Arcebispo estava mais bravo do que nunca. Quando lhe disseram que Dom Binzer havia ocultado informações, usou palavras que eu nunca o ouvi dizer antes”, disse uma fonte arquidiocesana à CNA.

Em setembro de 2019, um porta-voz da Arquidiocese disse à CNA que Dom Schnurr enviou "um relatório completo a Roma sobre o caso e aguarda uma resposta do Vaticano" e também esperava que o Vaticano "realizasse uma investigação completa".

Depois que o relatório foi enviado, Dom Binzer renunciou ao Comitê de Proteção de Crianças e Jovens do Episcopado dos EUA, ao qual pertencia em representação da Região VI.

Em agosto de 2019, a CNA informou que, em 2013, Dom Binzer foi informado sobre algumas acusações contra um sacerdote que havia sido suspenso recentemente, Pe. Geoff Drew, e não as denunciou ao Arcebispo Schnurr ou às autoridades arquidiocesanas.

Em 2015, novas acusações foram feitas contra Pe. Drew. O tema passou às autoridades do condado de Butler, que determinaram que o que aconteceu não era crime. Novamente, Dom Binzer não informou sobre as queixas nem sobre a investigação civil ao Arcebispo, nem informou ao diretório do pessoal sacerdotal.

Fontes da Arquidiocese indicaram à CNA em agosto que Dom Binzer encontrou o Pe. Drew em duas ocasiões. O sacerdote assegurou-lhe que mudaria sua conduta e isso foi considerado suficiente pelo Bispo Auxiliar.

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No início de 2018, Pe. Drew pediu para ser transferido para a paróquia St. Ignatius of Loyola, em Green Township, à qual pertence a maior escola católica da Arquidiocese de Cincinnati.

Naquela ocasião, e como chefe da equipe sacerdotal, Dom Binzer não denunciou as acusações contra o sacerdote ao Arcebispo Schnurr e a transferência foi aprovada.

Um mês depois, um paroquiano da paróquia anterior de Pe. Drew voltou a enviar as acusações contra o sacerdote, mas desta vez o Arcebispo ficou sabendo.

Além disso, em 2018, Dom Binzer recebeu uma queixa adicional sobre as más condutas do Pe. Drew referentes ao período anterior à sua ordenação, quando era professor de música em uma escola de ensino médio.

Após a investigação arquidiocesana, Pe. Drew foi suspenso e enviado para terapia com um psicólogo, quando também se soube que estava enviando mensagens de texto inapropriadas para um adolescente de 17 anos.

Fontes da chancelaria arquidiocesana disseram à CNA em agosto que somente após o incidente na paróquia St. Ignatius, as autoridades da Arquidiocese de Cincinnati descobriram que havia várias denúncias contra o sacerdote              que chegaram a Dom Binzer, mas que ele não havia divulgado nem informado delas antes de sua transferência em 2018.

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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