Cubanos rezaram por vítimas de Katrina na festa da Padroeira nacional

HAVANA, 9 de set de 2005 às 14:35

Uns cinco mil cubanos se reuniram nesta capital para celebrar a festa da Virgem da Caridade do Cobre, Padroeira de Cuba, com uma procissão e Missa presidida pelo Arcebispo de Havana, Cardeal Jaime Ortega, que dedicou as preces pelas vítimas do furacão Katrina.

Similares manifestações de fé se viram em toda a Ilha, onde o governo autorizou 60 procissões marianas. a desta capital foi uma das mais multitudinárias e intensas. Uma réplica da imagem, que se venera no Santuário do Cobre, percorreu quase um quilômetro do bairro de Centro Havana até chegar à igreja da Santíssima Caridade do Cobre, onde se oficiou a Missa central.

Os fiéis de todas as idades lotaram ruas, terraços e balcões com velas, flores e objetos de cor amarela, cor associada à Padroeira, e explodiram em aplausos com a passagem da imagem.

Durante sua homilia, o Cardeal Ortega se referiu aos "terríveis" estragos do furacão Katrina especialmente nas cidades do sul dos Estados Unidos como Nova Orleans e manifestou seu desejo de que a Igreja Católica em Cuba acompanhe "com oração e apoio" os atingidos.

"Há um problema humano, doloroso, que é muito difícil. É preciso acompanhar com a oração e o apoio psicológico a toda essa gente que sofre e os apoiamos com nossos corações", indicou.

Do mesmo modo, advertiu que "o ser humano, frente a uma difícil prova pode fazer-se terrivelmente duro, agressivo e violento, mas ao mesmo tempo vemos exemplos de amizade, fraternidade, de pessoas entregues ajudando a outros".

Segundo o Cardeal, "este é o caminho que temos que tomar na vida sempre, porque tenhamos provas e dificuldades, limitações e às vezes miséria não podemos viver somente em um descontentamento que nos torne amargos".

O Cardeal Ortega pediu à Virgem da Caridade que o amor prevaleça entre "todas as famílias da ilha, para todo o povo, para os que governam" e para "os cubanos que vivem fora de seu país porque fixaram sua residência em outros lugares, pois a Virgem é a Mãe de todos".

Exílio solidário

O jornal O Nuevo Herald informou que doze mil pessoas se reuniram ontem à noite na Arena de Miami para uma solene Missa em honra da Padroeira de Cuba. A imagem Mariana entrou em procissão aos gritos de "Viva a Virgem!" e "Virgem da Caridade, salve Cuba!"

A Missa foi presidida pelo Arcebispo de Miami, Dom. John Favalora, e a homilia esteve a cargo do Dom. Juan García Rodríguez, Arcebispo do Camagüey.

Dom. García também pediu à Virgem "refúgio, consolo e esperança" para os atingidos pelo Katrina, e rogou pelos presos e o restabelecimento "do reino de Deus em Cuba".

"Apresentamos à Virgem da Caridade nossos presos e rogamos para eles o vinho da liberdade e de uma maior presença da pastoral carcerária", assinalou o Arcebispo, cujo pai cumpriu prisão por motivos políticos na ilha. Também apresentou à Virgem da Caridade "aos bispos de Cuba, que vivemos, evangelizamos, sofremos e lutamos para estabelecer o reino de Deus em Cuba".

Às vésperas da festividade Mariana, os organizadores chamaram os paroquianos a contribuir ativamente em um radio-maratona, a favor dos danificados pelo passo da Katrina. Uma parte do dinheiro arrecadado servirá para o restabelecimento do teto e outros danos causados pela tormenta na edificação da Capela da Caridade, o principal templo católico da comunidade cubana em Miami.