SAINT LOUIS, 16 de mai de 2020 às 07:00
Grace Strobel é uma jovem modelo católica que, aos 23 anos, é uma fervorosa defensora da inclusão de pessoas com deficiência e que demonstrou que tudo é possível através da fé.
Conhecida por levar uma vida alegre de serviço à Igreja como coroinha e como voluntária na escola paroquial, Grace demonstrou que seu futuro é promissor, ao contrário do que os especialistas disseram aos seus pais quando ela nasceu.
"Depois que ela nasceu, a sala de parto ficou bastante silenciosa, muito fria e silenciosa", disse Linda Strobel, mãe de Grace, de 56 anos, em declarações ao National Catholic Register (NCR). “Havia cochichos no canto da sala. Mais tarde, disseram que devido ao seu baixo tônus muscular ao nascer e outras características, pensavam que tinha síndrome de Down”, acrescentou,
A síndrome de Down é um distúrbio genético causado por um cromossomo adicional no DNA e é considerada uma condição permanente associada a problemas intelectuais e de desenvolvimento, além de características faciais distintas.
“Basicamente, disseram que ela nunca iria ler ou escrever; que a maioria das crianças com Down tem sobrepeso; que não poderia amarrar os sapatos”, narrou Linda, referindo-se às palavras de uma geneticista que se reuniu com ela e com seu marido poucas horas depois do nascimento de sua filha.
“Não havia um raio de esperança. Nosso mundo desabou. A única coisa positiva foi: ‘São crianças felizes’. Todo o resto era: ‘Ela não fará isso; ela não fará aquilo’”, confessou Linda e disse que, além disso, sugeriram dá-la em adoção.
“Se você não pode lidar com isso, pode colocá-la para adoção. Não há vergonha. Ainda existem instituições”, foi o conselho que a mãe de Grace recebeu. "Mesmo antes de abraçá-la, eles nos disseram todas essas coisas pessimistas", acrescentou Jeff Strobel, pai de Grace, de 57 anos.
Seus pais disseram ao NCR que elevaram suas expectativas acima do que os especialistas lhes disseram e que trabalhavam muito em família para alcançá-las. "Não queríamos ver Grace como um acúmulo de coisas erradas nela. Queríamos ver como poderia se desenvolver em cada aspecto de sua vida”, disse Linda. “Queríamos que Linda tivesse uma vida tão completa quanto fosse possível”, afirmou Jeff.
Linda disse que "não havia expectativas diferentes para ela", assim como para seu filho mais novo, Laney. Explicou que sempre estiveram muito focados em que sua filha desenvolvesse todo o seu potencial, seja seu nível de linguagem, acadêmico, nutrição, exercício, vida social, etc.
"Queríamos estar à frente da curva caso chegassem os atrasos", acrescentou.
Os esforços de toda a família logo foram recompensados, quando Grace começou a ler as palavras à primeira vista aos 3 anos; aos cinco, já havia memorizado mil palavras apenas olhando para elas e já era capaz de ler como um estudante do segundo ano, disse Linda.
Grace foi educada na escola pública e em casa ao mesmo tempo. Do mesmo modo, quando criança teve aulas de ginástica e fez parte da equipe local de natação da YWCA, a Associação Cristã de jovens.
A esse respeito, Linda comentou que "ela não era a nadadora mais rápida, mas fazia parte da equipe" e que "nadava e se exercitava durante toda a hora que as outras crianças o faziam" sem parar. Seus pais estavam cientes de que todos teriam que trabalhar duro, não apenas Grace, e que precisariam fazer exercícios e lições adicionais.
Quando chegou à adolescência, Grace começou a receber preparação para servir a Deus como coroinha na paróquia em que frequentava, San Alban Roe, localizada nos subúrbios de São Luis, onde moram. Sua mãe garantiu que Grace ama esse ministério e, por isso, continua participando.
Para Linda, sua filha "brilhou" e explicou que a autoconfiança de Grace simplesmente explodiu quando, no serviço ao altar, pôde demonstrar que era capaz, responsável e que conhecia o seu trabalho.
Pe. Freddy Deveraj afirmou que aprecia a contribuição de Grace como coroinha. "Estou muito impressionado com ela", disse o sacerdote ao NCR, assinalando que é uma alegria ter a jovem e que a comunidade a ama.
Além disso, nos últimos dois anos, Grace se ofereceu como voluntária no Colégio San Alban Roe, onde realiza várias tarefas, como ler para crianças em idade pré-escolar e jardim de infância; entregar artigos entre a oficina e as aulas; assar e embrulhar biscoitos de açúcar para o almoço e encher copos de temperos no refeitório.
"Ela é uma super estrela. Ela irradia o sol e a graça de Deus. Dizemos no colégio que cada criança é um presente e ela realmente o é. Ela trabalha muito. Está contribuindo com o nosso colégio e nós a amamos”, disse a diretora do colégio onde Grace é voluntária.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Apesar de receber o amor de muitas pessoas, Grace também experimentou a dor de ser o centro dos piores deboches devido à sua deficiência; no entanto, graças ao apoio de seus pais, esse foi um impulso para uma grande iniciativa.
Linda narrou alguns anos atrás, quando Grace era voluntária em outro colégio, ficou arrasada com os deboches de algumas crianças. Para superar essa dor, Linda e Grace pesquisaram sobre a síndrome de Down e desenvolveram uma apresentação para os estudantes chamada #The GraceEffect para aumentar a conscientização sobre o problema. Assim, desde 2017, Grace expôs sua iniciativa a cerca de 3 mil crianças em idade escolar.
"Basicamente, ela quer ensinar às crianças sobre a síndrome de Down e sobre as lutas" envolvidas, disse Linda. Da mesma forma, "quer que entendam que ela é como todos os outros, que ela tem sentimentos e se machuca e que tem que trabalhar duro para fazer o que todo mundo faz", acrescentou a mãe.
"Se explica as coisas com as quais tem que lidar diariamente, tanto física como emocionalmente, e o demonstra aos estudantes, já não dá mais medo", disse a mãe de Grace, e explicou que "as pessoas têm medo do que não entendem". Nesse sentido, disse que ser capaz de ajudá-los a entender o assunto fará com que vejam "as pessoas com deficiência de uma maneira diferente, não por pena, mas por respeito".
"Queremos que as pessoas com deficiência sejam respeitadas e valorizadas como parte de nossa sociedade", afirmou Linda. "Não importa quem você é, todos queremos as mesmas coisas: ser valorizados, respeitados e sentir-nos bem conosco mesmos", disse Grace ao NCR.
Enquanto pesquisava sobre as conquistas das pessoas com síndrome de Down, Grace conheceu uma modelo australiana e perguntou à mãe se ela também poderia ser modelo. Então, Linda contratou um fotógrafo e postou as fotos nas redes sociais.
"[As fotos] viralizaram com 220 mil compartilhamentos em duas semanas. Nós soubemos que já tínhamos algo". Foi assim que a mãe entrou em contato com uma design de modas de San Luis, Ola Hawatmeh, para realizar o sonho de Grace de caminhar pela passarela na Semana da Moda de Atlantic City, em Nova Jersey, Estados Unidos.
Grace também apareceu em desfiles de moda locais, em artigos de revistas e jornais e na televisão local e nacional, incluindo o programa norte-americano The Today Show. Também tem um site chamado "GraceStrobel.com".
Além disso, a jovem modelo é representada pela agência de talentos Gamut Management, focada em mudar a maneira como as pessoas com deficiência são representadas na cultura pop.
Gamut Mindy Scheier, diretora executiva da agência de talentos, disse à NCR que "Grace tem a capacidade de mudar a percepção das pessoas com deficiência diante da opinião pública" e que o objetivo de sua agência é expandir sua carreira de modelo, atriz e como influenciadora.
“Em primeiro lugar, ela é uma mulher, uma pessoa que tem uma plataforma onde pode contar sua história sem pedir desculpas. Ela tem vontade, ambição e visão... sua deficiência não a define”, disse Scheier.
“Meus pais acreditaram em mim, trabalharam comigo e me deram a oportunidade de sempre ter sucesso. Sempre trabalhei duro. Quero fazer coisas como todo mundo e ter uma oportunidade, e estou determinada. E Deus está comigo, sim!”, disse Grace, que recentemente assinou mais dois contratos de modelo.
O jornal NCR perguntou a Grace sobre seus planos para o futuro. "Continuar desfilando, conversando e eu quero um namorado", disse a jovem modelo.
Linda e Jeff expressaram sua satisfação quando os pais de outras crianças deficientes lhes agradecem pela inspiração e esperam que os sucessos de Grace também cheguem a eles.
“Acho que Grace nos foi dada da forma como é por uma razão: mudar nossas vidas e nossa família, mas também como um sinal de Deus para mostrar que é possível, sua glória e o amor de Deus. Ela é toda amor e toda alegria. Ter um filho com um problema genético não é fácil, mas ela é realmente um presente para nós”, disse Jeff.
Linda concordou com o marido e disse que Grace foi uma educadora para sua família. "Ela nos surpreendeu com uma vida completamente nova, uma vida que nos ensinou a ver as coisas de maneira diferente: ver o amor, a alegria e a bondade nas pessoas", acrescentou.
"Aprendi com a sua coragem, força e perseverança. Ela nos ensinou o amor incondicional e o que significa perdoar. Isso nos converteu nas pessoas que somos hoje. Grace é um reflexo do amor de Deus”, disse Linda. Jeff acrescentou: “Ela é um exemplo de que tudo é possível”.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
Confira também:
Mulher com Síndrome de Down busca mudar leis de aborto do Reino Unido https://t.co/ak63yRbekW
— ACI Digital (@acidigital) February 27, 2020