LAHORE, 22 de mai de 2020 às 09:25
Em 28 de abril, Mohamad Nakas e outros 12 homens, todos armados, entraram na casa da católica Maira Shahbaz, de 14 anos, e a sequestraram, atirando para cima enquanto se afastavam.
Nighat, mãe dessa adolescente, teve que ser internada no hospital de Faisalabad (Paquistão) devido ao choque que sofreu depois de saber o que havia acontecido.
Logo depois de deixar o hospital, a mãe da jovem lançou seu apelo através da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre. "Suplico que minha filha volte. Tenho medo de não vê-la nunca mais”, assegurou.
Maira teria sido forçada a se casar com o sequestrador e renunciar à sua fé católica.
O tribunal paquistanês de Faisalabad decidiu em favor do sequestrador, Mohamad Nakash, que assegurou que Maira teria 19 anos, apesar da certidão de nascimento e dos documentos oficiais eclesiásticos e civis confirmarem que a jovem tem 14 anos.
O advogado da família, Khalil Thair Sandhu, assegura que o sequestrador Nakash já era casado e tem dois filhos, e que soube da existência da jovem Maira porque ela mora perto de sua casa, nos arredores de Madina Town, onde trabalha como Barbeiro.
O advogado Sandhu também acrescenta que, no tribunal, o sequestrador forneceu documentos forjados, que mostram que o suposto casamento ocorreu em outubro passado, quando a jovem tinha apenas 13 anos de idade.
Sandhu declarou que "as pessoas que fizeram essas coisas com uma menina como Maira não nos tratam como seres humanos, mas como animais" e lembrou que, na audiência de 5 de maio, o magistrado de Faisalabad, Kamran Khalid, foi influenciado por alguns 150 homens que se reuniram para apoiar Nakash.
O advogado também declarou que pretende recorrer da decisão, apresentado o caso ao Supremo Tribunal de Lahore e, se necessário, também perante o Supremo Tribunal do Paquistão, o mesmo que absolveu Asia Bibi, em 2018.
Ajuda à Igreja que Sofre também coletou o testemunho de Lala Robin Daniel, ativista de direitos humanos, amiga e vizinha de Maira.
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“A família Shahbaz é uma das mais pobres de Madina Town. O pouco que eles têm vem de seu trabalho como faxineiros. O pai os abandonou e em nossa sociedade uma família cristã é extremamente vulnerável".
De fato, Maira foi forçada a abandonar a escola para procurar trabalho e ajudar sua família financeiramente.
Alessandro Monteduro, diretor da Ajuda à Igreja que Sofre na Itália, garantiu que “ocorreu recentemente um caso semelhante, o de Huma Younus, uma adolescente cristã sequestrada em Karachi, em outubro passado. E hoje temos que informar o que aconteceu com Maira Shahbaz".
“Esses casos, considerados individualmente, já são muito graves, mas o que é realmente angustiante é a existência de um verdadeiro sistema perverso. Todos os anos, cerca de mil meninas e mulheres cristãs e hindus são sequestradas da mesma maneira no Paquistão. Além disso, acrescenta-se a falta de proteção pelas autoridades judiciais, que geralmente são influenciadas pela pressão social", disse Monteduro, expressando seu desejo de que o Paquistão seja libertado das "influências de grupos extremistas".
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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