Vaticano, 27 de mai de 2020 às 17:00
O sacerdote e missionário francês Charles de Foucauld será proclamado santo depois que o Papa Francisco reconheceu o milagre atribuído à sua intercessão através da assinatura do decreto da Congregação para as Causas dos Santos.
Depois de uma primeira etapa de sua vida afastado da fé, Charles de Foucauld, pertencente a uma família aristocrática, experimentou uma profunda conversão depois de testemunhar a religiosidade dos muçulmanos durante uma viagem ao Marrocos e de experimentar a fé cristã de sua família na França.
Após um longo caminho em busca de sua vocação, foi ordenado sacerdote e mudou-se para a África, onde realizou intenso trabalho missionário baseado no diálogo com o Islã e na luta contra a escravidão.
O Beato Charles de Foucauld nasceu na cidade francesa de Estrasburgo, em 15 de setembro de 1858. Aos 6 anos de idade ficou órfão e cresceu com o irmão na casa dos avós. Estudou com os jesuítas em Nancy e em Paris.
Durante a sua adolescência, ele se distanciou da fé e se entregou a uma vida mundana, embora sempre demonstrasse grande força de vontade e capacidade inata de superação. Entrou para a carreira militar, uma vocação que seu avô tentou incutir nele desde pequeno, mas foi expulso por má conduta e fugiu com sua amante.
Posteriormente, retornou ao exército, mas essa segunda experiência militar também não deu certo e renunciou para se dedicar ao estudo das línguas semitas, em concreto, o árabe e o hebreu.
Suas inquietações o levaram a uma perigosa viagem ao Marrocos de 1883 a 1884, fazendo-se passar por religioso judeu. Também percorreu parte da Argélia e Tunísia e realizou importantes trabalhos cartográficos que lhe renderam a medalha de ouro da Sociedade Francesa de Geografia.
O contato com os muçulmanos o levou a se perguntar sobre Deus. Ficou impressionado com a religiosidade islâmica e como os muçulmanos levavam a sério sua religião enquanto ele tinha se dedicado a desperdiçar dinheiro em aventuras.
De volta à França, a chama da espiritualidade acendeu nele quando compreendeu a fé cristã de sua família. Entrou em contato com o sacerdote Pe. Huvelin e, graças a ele, voltou ao cristianismo em outubro de 1886, quando tinha 28 anos.
Para aprofundar sua fé, fez uma peregrinação à Terra Santa e lá descobriu sua vocação. Durante 7 anos, morou em diferentes mosteiros trapistas, primeiro em Nossa Senhora das Neves e depois no mosteiro sírio de Akbes. Mais tarde, mudou-se para Roma para estudar e depois se retirou para morar sozinho em oração e adoração junto às Clarissas de Nazaré.
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Foi ordenado sacerdote em 1901, aos 43 anos, e empreendeu uma nova viagem ao Saara, onde iniciou sua missão com os tuaregues na aldeia de Tamanrasset. Lá, evangelizou os povos do deserto e lutou contra a escravidão: começou a comprar escravos para libertá-los.
Escreveu vários livros sobre a cultura dos tuaregues e de outros povos saarauís e traduziu os Evangelhos para o seu idioma.
Em 1909, fundou a União de Irmãos e Irmãs do Sagrado Coração com a missão de evangelizar as colônias francesas na África. Os povos berberes, maioria no noroeste da África, reconheceram que a missão de Charles de Foucauld gerava sentimentos amigáveis em relação aos franceses.
Foi assassinado, em 1º de dezembro de 1916, na porta de sua ermida durante uma revolta antifrancesa na Argélia.
Do seu carisma surgiram dez congregações religiosas e oito associações de vida espiritual. Ele foi beatificado pelo Papa Bento XVI em 2005.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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