Arcebispo de Los Angeles após morte de George Floyd: O racismo é um pecado

LOS ANGELES, 1 de jun de 2020 às 11:15

Dom José Gomez, Arcebispo de Los Angeles e presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), expressou em 31 de maio sua oração por George Floyd e sua família e assegurou que “o racismo é um pecado e nega o que Deus quer para a pessoa humana”.

Ao celebrar a Missa pela Solenidade de Pentecostes na Catedral de Nossa Senhora de Los Angeles, Dom Gomez lamentou que "estamos vivendo um momento de conflito e turbulência em nossa cidade e em outras cidades do nosso país".

“Hoje queremos rezar juntos por George Floyd, assassinado nesta semana, e por sua família. E rezemos por todos aqueles que estão trabalhando para acabar com a injustiça do racismo em nossa sociedade”, afirmou.

Como registrado em vários vídeos, em 25 de maio, um grupo de policiais de Minneapolis prendeu e agrediu Floyd, um afro-americano de 46 anos, acusando-o de ter usado uma nota falsa de 20 dólares em uma loja local e de resistir à autoridade.

Um dos agentes, que atualmente está preso e acusado de assassinato em terceiro grau e homicídio culposo (involuntário), manteve seus joelhos por vários minutos no pescoço de Floyd. O homem perdeu a consciência e foi levado por paramédicos a um hospital, onde foi declarado morto.

Em 26 de maio, os quatro policiais envolvidos foram demitidos e estão sob investigação do FBI.

Os protestos deixaram dezenas de feridos e mortos, incluindo um policial e dois manifestantes. Em um esforço para conter os protestos, foram decretados toques de recolher em mais de 20 cidades dos Estados Unidos, enquanto a Guarda Nacional foi implantada em mais de uma dúzia de estados e em Washington, DC.

O Presidente da USCCB lamentou que “é uma triste verdade que já toleramos o racismo por muito tempo nos Estados Unidos. Mas não é isso que Deus quer".

Pentecostes, esta grande festa que celebramos hoje, mostra-nos a verdade sobre o propósito e o plano de Deus para nossa família humana. Como escutamos na primeira leitura, durante Pentecostes, em Jerusalém, havia homens e mulheres de "todas as nações que estão debaixo do céu".

O Prelado recordou que quando o Espírito Santo desceu sobre Santa Maria e os apóstolos "todos começaram a falar em 'línguas diferentes'. E todos os que estavam em Jerusalém naquele momento conseguiram entender o que estavam dizendo, ‘cada um na sua própria língua materna’".

"Este é o belo sonho de nosso Criador para a raça humana", assinalou.

Dom Gomez assegurou que “quando Deus olha para nós, Ele vê além da cor da nossa pele, ou dos países de onde viemos ou do idioma que falamos. Deus só vê seus filhos, seus filhos amados e suas filhas amadas".

O Arcebispo de Los Angeles assinalou que “Jesus está enviando cada um de nós para espalhar a mensagem de paz, de pessoa para pessoa, de coração para coração. Hoje, mais do que nunca, precisamos de um espírito para fazer a paz e para buscar soluções não violentas para nossos problemas”.

"A paz que Jesus nos dá não é uma falsa paz de quem aceita a injustiça por medo ou para evitar problemas ou confrontos", indicou, mas "é algo que precisamos construir, algo que precisamos 'fazer'".

“Significa trabalhar para ajudar as pessoas a verem outro ponto de vista, a verem o outro lado do argumento. Significa sempre trabalhar para criar confiança, promover o entendimento e incentivar o perdão e a amizade ", afirmou.

Dom Gomez enfatizou que "a paz é um dos 'frutos' do Espírito Santo, nesta grande festa do Espírito Santo, rezemos hoje pelos dons do Espírito, pelos frutos do Seu Espírito".

"Rezemos hoje para receber o Espírito Santo e renovemos nossa consciência de Sua presença em nossas vidas", encorajou "e peçamos ao Espírito Santo que traga esse fogo para nossos corações e nossas vidas, de modo que possamos ser melhores testemunhas e mais fortes construtores da paz nestes tempos difíceis para a nossa sociedade".

"Também continuamos rezando por todos aqueles que estão doentes com o coronavírus e por todos os homens e mulheres corajosos que continuam trabalhando para cuidar deles", expressou.

"E peçamos a intercessão de Maria, nossa Santa Mãe, que é a Mãe da Igreja e a Rainha da Paz", acrescentou. "Que ela nos ajude a seguir o caminho da não-violência e a encontrar a força para eliminar o racismo de nossos corações e para que trabalhemos para construir uma sociedade pela vida, liberdade e igualdade para todos", concluiu.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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