Vaticano, 1 de jun de 2020 às 11:45
Em um evento organizado pela ONU, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, exortou todas as instituições a terem o ser humano, especialmente os migrantes e os desempregados, no centro de todas as medidas tomadas para combater a pandemia de coronavírus.
Em 28 de maio, a ONU realizou uma videoconferência sobre o financiamento para o desenvolvimento na era da COVID-19, que foi convocada pelos primeiros ministros do Canadá e da Jamaica, e realizada na sede das Nações Unidas, em Nova York.
Neste evento participaram o Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres; o Presidente da Assembleia Geral, Muhammad Tijjani-Bande; entre outros chefes de Estado e de Governo.
Segundo a Universidade Johns Hopkins, atualmente existem mais de seis milhões de casos de coronavírus no mundo e mais de 372 mil pessoas morreram pelo vírus.
Há uma semana, o Banco Mundial advertiu que a crise econômica devido à atual crise poderia levar 60 milhões de pessoas a viverem em extrema pobreza e gerar centenas de milhões de desempregados em todo o mundo.
Segundo assinala a instituição, a economia global diminuirá cerca de 5% e uma queda estimada de 20% nas remessas de migrantes, devido às demissões em massa em setores como restauração ou construção.
O Cardeal Parolin agradeceu em nome do Papa Francisco pela organização do evento de alto nível e enfatizou que a "Igreja permanece próxima de todos os afetados pela pandemia".
O Purpurado indicou que a situação atual oferece uma oportunidade real de buscar soluções comuns, "novas e inovadoras, que não causem divisões, não sejam politizadas ou parciais, e que realmente busquem o bem comum e o desenvolvimento humano integral".
Além disso, referiu-se ao setor da população que se vê incapacitada de manter as suas famílias pelo impacto que a crise teve no emprego e na economia, ao interromper as “redes de fornecimento” e aumentar a “insegurança alimentar”.
"O momento é realmente crítico, onde a brecha que dividiu aqueles que têm dos que não têm aumentou, com o risco de criar um abismo mais difícil de ser superado”, acrescentou.
O Cardeal Parolin destacou que, nessa circunstância, a política deve "estar a serviço da pessoa humana" e não explorar a população para fins egoístas.
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Do mesmo modo, enfatizou que a comunidade internacional deve tornar acessível a todos, “especialmente para os países em desenvolvimento”, novos tratamentos e vacinas que estão sendo descobertos para combater e prevenir o vírus.
"A Santa Sé deseja incentivar a comunidade internacional a enfrentar os crescentes desequilíbrios econômicos entre os Estados, através da reestruturação da dívida ou do perdão parcial e até total", acrescentou.
O Cardeal Parolin indicou que é necessário reconsiderar "os bloqueios econômicos e comerciais", já que atualmente é preciso a "boa vontade de todos para garantir o acesso seguro e irrestrito aos cuidados humanitários e de saúde para os mais necessitados, principalmente migrantes e deslocados”.
"Se existe uma preocupação real com as populações que sofrem, então deve haver uma abertura real para todas as partes envolvidas se comprometerem" com o cuidado aos necessitados, acrescentou.
Finalmente, ressaltou que a Santa Sé incentiva o setor privado e todas as partes interessadas a fazerem parte dessa mudança e a "colocarem a pessoa humana no centro de todas as deliberações e possíveis soluções".
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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