O prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Cardeal Peter Turkson, denunciou a existência de racismo em todo o mundo e exortou as pessoas a buscarem justiça e fraternidade, e a perdoar aqueles que os prejudicaram.

Na quarta-feira, 3 de junho, o Cardeal de Gana assinalou ao Vatican News que o racismo é um fenômeno social generalizado que ocorre não apenas nos Estados Unidos, mas em muitas outras partes do mundo.

“Para nós, como Igreja, (o racismo) vai contra o fundamento de nossa concepção da pessoa humana, desde a sua Criação. Somos criados à imagem e semelhança de Deus, e cada pessoa é imbuída da dignidade humana que é preciosa aos olhos de Deus”, acrescentou.

O Cardeal Turkson falou sobre a justiça como uma "virtude positiva" e respondeu a algumas perguntas sobre o racismo no atual contexto de protestos nos Estados Unidos pela morte de George Floyd sob custódia policial.

No vídeo da prisão de Floyd, em 25 de maio, aparece um oficial do Departamento de Polícia de Minneapolis ajoelhado no pescoço de Floyd durante vários minutos. Nesse momento, escuta-se o afro-americano dizendo "não consigo respirar", pouco antes de falecer.

“A justiça é na verdade a reconstituição de relações, o restabelecimento de vínculos. Numa situação como essa, o grito que invoca a justiça é o grito contra o que fere a fraternidade", afirmou.

O Purpurado indicou que qualquer situação que ataque radicalmente a dignidade humana "se torna uma fonte de grande preocupação".

O Cardeal Turkson assinalou dois exemplos de atos de injustiça contra Deus e o homem que ocorreram logo após a criação.

“A primeira foi a desobediência à palavra de Deus e a segunda foi a morte de um irmão", disse, referindo-se ao assassinato que Caim comete contra seu irmão Abel. "O primeiro caso de violência é a morte de um irmão", acrescentou.

Além disso, o Cardeal indicou que, diante do racismo, a Igreja deve promover a dignidade da pessoa humana.

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"É nesse contexto que o presidente da Conferência Episcopal dos EUA, refletindo sobre essa situação, afirma que as desordens nas cidades dos Estados Unidos refletem a justificada frustração de milhões de irmãos e irmãs que, ainda hoje, sofrem humilhação, mortificação, desigualdade de oportunidade apenas por causa da cor de sua pele”, ressaltou.

O Cardeal Turkson também disse que a Igreja Católica apoia o irmão de Floyd em seu chamado a uma ação civil não-violenta.

"Eu acrescentaria ao apelo à não violência o apelo ao perdão. Acredito que esta seja a maneira como podemos enobrecer a memória de George Floyd", acrescentou.

O Purpurado também exortou os bispos, sacerdotes e outros líderes católicos dos Estados Unidos a participarem da oração, especialmente em cidades que sofrem violência, e propôs a realização de um evento ecumênico de oração.

“Como Igreja católica, é isso que podemos fazer: rezar por George agora. Seria bonito organizar um grande evento de oração para reunir as pessoas. Isso lhes daria a oportunidade de expressar sua raiva reprimida, mas de uma maneira saudável, religiosa e que leva à cura", concluiu.

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