O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse em 2 de junho que o projeto de lei de legalização do aborto não será debatido no curto prazo devido ao contexto de saúde da pandemia da COVID-19.

"A verdade é que agora tenho outras emergências que vão da pandemia até a dívida externa", expressou Fernández quando questionado pelo programa Basta, da Radio Metro.

"Acho que é um tema que devemos resolver. Assumi um compromisso e eu tenho uma convicção de sempre, no sentido de que a punição não resolve nada”, acrescentou.

"Honestamente, tenho outros temas mais urgentes para mim", disse o presidente, por isso “em algum momento enviarei a lei do aborto” e o Congresso cuidará dela.

O projeto de legalização do aborto estava pronto para ser ingressado no Parlamento em março, mas a chegada do coronavírus ao país adiou o trâmite.

Depois que as sessões virtuais foram implementadas no Congresso Nacional, Fernández insistiu em enviar.

Para repudiar essa decisão, as organizações pró-vida na Argentina realizaram uma marcha virtual no sábado, 30 de maio, na qual milhares de pessoas participaram através das redes.

A esse respeito, o médico Fernando Secin expressou que as declarações de Fernández são "uma carícia" que "devem ser tomadas com extrema cautela", porque não se sabe com certeza quando colocará o tema na agenda.

Nesse sentido, e como o governo "sabe sondar o povo", "acho que a marcha virtual pela vida poderia ter ajudado em sua decisão, para não continuar aumentando o descontentamento que existe", explicou à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

O médico enumerou algumas carências sanitárias na Argentina que respondem a desperdícios de dinheiro, atos de corrupção e uma oposição "amordaçada", nestes momentos.

"O sucesso da marcha virtual", devido ao seu alcance e participação nas redes sociais, "nos encoraja a permanecer mais unidos do que nunca e a continuar trabalhando nos níveis nacional e latino-americano", insistiu Secin.

Enquanto isso, a líder da ONG Más Vida, Ayelén Alancay, afirmou que "não queríamos ficar sem reafirmar nosso compromisso de defender as duas vidas", assim como outros países da América Latina.

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"Embora tenhamos escolhido fazê-lo em casa, não deixamos de reforçar a mensagem 'se houver aborto eu saio' dirigida ao nosso presidente, que tinha a intenção de enviar a lei do aborto ao Congresso", disse à ACI Prensa.

"Animados com os resultados, estamos comprometidos em continuar realizando ações virtuais, de formação, conscientização e promoção da defesa da vida" por meio da tecnologia.

"A grande intenção que temos com nossos seguidores nos motiva a continuar nos readaptando a essas mudanças, mas sempre firmes com o compromisso que a causa exige", disse Alancay.

Enquanto isso, a diretora de Campanhas de CitizenGO Argentina, Silvina Spataro, afirmou que estão "vivendo um momento crucial na Argentina" devido a especulações sobre o tratamento do projeto de legalização do aborto, descrito pelo governo Fernández como um "'serviço essencial' durante a crise do coronavírus”.

Na marcha virtual "as associações pró-vida de todo o país falaram sobre suas atividades e propostas para defender a vida desde a concepção". Havia também "referentes pró-vida e políticos, nacionais e internacionais", destacou.

"Acompanhamos e apoiamos toda a Onda Celestial e demonstramos que seguimos de pé na defesa da vida", concluiu Spataro.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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