Lisboa, 12 de jun de 2020 às 11:30
Segundo informou a Agência Ecclesia, do Episcopado Português, a Câmara Municipal da capital Lisboa condenou o ato de vandalismo contra a estátua do Padre António Vieira, localizada no Largo Trindade Coelho, na zona do Bairro Alto, ocorrido na noite desta quinta-feira, 11. A estátua do missionário jesuíta, representado segurando uma cruz e cercado por 3 crianças indígenas, foi pichada com a frase “descoloniza” em manifestações contra o racismo na capital portuguesa.
A figura do Padre Vieira (1608-1697), autor dos famosos Sermões e incansável catequista no Brasil, tem sido infundadamente associada à promoção da escravatura no século XVII e por isso foi atacada pelos manifestantes.
Esta não é a primeira vez que a estátua é profanada. Segundo a Agência Ecclesia, a estátua já tinha sido alvo de atos de vandalismo em 2018, altura em que o portal dos Jesuítas em Portugal publicou um texto sobre o Padre Vieira, qualificando-o um “profeta sempre incómodo”.
Por sua parte, o historiador António Borges Coelho, em declarações à RTP notícias repudiou o fato de associarem a imagem do Padre Vieira ao escravagismo qualificando isto de "absurdo". Ele recordou à reportagem da RTP uma famosa carta de Padre Antonio Vieira ao Rei Afonso VI em que o jesuíta precisamente denunciava o maltrato aos índios e o trabalho escravo nas colônias.
Na sua página na rede social Facebook, a autarquia de Lisboa informou que “procedeu à limpeza da estátua, acrescentando que “todos os atos de vandalismo contra o património coletivo da cidade são inadmissíveis”.
As autoridades da capital portuguesa seguem buscando os responsáveis pelo ato de vandalismo, que fere o patrimônio público e a sensibilidade dos portugueses, em sua grande maioria católicos.
Quem foi o Padre Vieira?
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Nascido a 6 de fevereiro de 1608, em Lisboa, António Vieira partiu com a família para o Brasil aos seis anos de idade; como religioso jesuíta foi missionário e diplomata, ficando conhecido pelas denúncias da desumanidade com que os colonos tratavam indígenas e também contra escravos na sua época.
Além de sacerdote e catequista, foi considerado pelo poeta Fernando Pessoa um “imperador da língua portuguesa”.
“Vieira foi, inevitavelmente, um homem do seu tempo. Mas foi, também, um homem à frente do seu tempo, porque capaz de se elevar acima da mentalidade dominante, encarnando o papel de consciência crítica do Portugal setecentista. Por isso, Vieira não pode ser condenado por grupos que querem apagar a nossa história”, escreveu o padre Bruno Nobre, sacerdote jesuíta professor de filosofia na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (FFCS) da Universidade Católica Portuguesa, citado na notícia da Agência Ecclesia.
A coleção completa dos famosos Sermões do Padre Vieira, iniciada em 1679, exigiu 16 volumes. Cerca de 500 de suas Cartas foram publicadas em 3 volumes. Padre Vieira faleceu na Bahia a 18 de julho de 1697, aos 89 anos de idade e seu legado humanistíco e espiritual é reconhecido em todo o mundo católico.
Confira:
Arquidiocese do México condena pichações abortistas em igrejas católicas https://t.co/mpqZmT6GNp
— ACI Digital (@acidigital) June 4, 2020