Mais de 2mil jovens de 120 países ao redor do mundo estão participando de uma comunidade virtual para se preparar para o evento “Economia de Francisco”, que ocorrerá em novembro, em Assis (Itália).

O evento “Economia de Francisco” reúne jovens economistas e empresários de todo o mundo. O evento aconteceria de 26 a 28 de março de 2020, mas foi adiado por causa da propagação da Covid-19.

Uma das organizadoras desta iniciativa nomeada pelo Papa Francisco é a religiosa da Congregação das Filhas de Maria Auxiliadora, Ir. Alessandra Smerilli, que após concluir seus estudos eclesiásticos - teologia, filosofia, espiritualidade - realizou diferentes estudos acadêmicos no âmbito da economia.

Em conversas com a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, a irmã Alessandra confirmou que a reunião "deveria ser adiada para novembro", mas reconheceu que ainda não se sabe “como serão as condições da pandemia neste período”.

Apesar disso, Smerilli relatou que "os jovens estão se preparando e criaram uma comunidade virtual".

“Nestes meses, quase todos os dias realizam encontros 'webinar', encontros temáticos, reuniões 'online', nas quais cada um compartilha uma parte de seu próprio caminho, uma oração, uma experiência concreta que imagina ou que já tenha começado para iniciar a construir a economia de Francisco”, explicou.

Nesse sentido, a irmã Alessandra contou que “para nós, os adultos que trabalhamos com eles, é um 'sopro de ar fresco', uma injeção de confiança no futuro, a consciência de que, se lhes deixarmos mais espaço, a economia e o cuidado da casa comum melhorariam. Esta é a floresta que cresce em silêncio!”.

Deste modo, os preparativos para este evento continuam. A religiosa italiana assinalou à ACI Prensa que "o número de participantes no momento é de mais de 2 mil jovens, já selecionados, procedentes de 120 países ao redor do mundo" e acrescentou que "a sede principal do encontro será na cidade de Assis", localizada na região italiana da Úmbria, um lugar conhecido mundialmente por ser a cidade natal de São Francisco, mas acrescentou que "depois deveremos entender se, e como será possível, reunir-se lá de todas as partes do mundo".

Economia do futuro

A irmã Alessandra recordou que o objetivo do encontro consiste em que o Papa Francisco tenha convidado os jovens para "repensar a economia atual e dar uma alma à economia do futuro".

O Santo Padre "convida os jovens economistas, empresários e 'change makers' a assumir a responsabilidade de não fugir diante do grito dos mais pobres, mas de se encarregar construindo uma economia mais amigável das pessoas, das relações, do meio ambiente" advertiu Smerilli.

Sobre a forma de trabalhar dos jovens, a irmã Alessandra disse que "os jovens foram divididos em 12 temas, a partir dos quais deverão preparar propostas que serão entregues ao Papa Francisco".

Quando perguntada sobre como ela vive pessoalmente como religiosa, consagrada, a preparação da “economia de Francisco”, a irmã Alessandra afirmou à ACI Prensa: “os jovens com seu entusiasmo me dão uma enorme carga positiva. São capazes de pensar, de colocar-se em rede e de agir. Eles têm uma visão do futuro e sabem colaborar. Com energia, conseguem dar vida e novas experiências”.

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"Para mim, que escolhi seguir a Cristo e dar vida pelos jovens, esse caminho com eles reacende minha vocação, seja como religiosa ou como economista", ressaltou.

Nesse sentido, Smerilli descreveu que o maior desafio é “saber como acompanhar esse processo e ajudar a canalizar a energia dos jovens de maneira que eles possam ter um futuro. Fazer com que os jovens da economia de Francisco contagiem outros jovens, sejam ouvidos por adultos e se tornem pró-ativos".

Mulher economia

Após a fundação, em novembro de 2018, da "Rescue Women Enterprises", que promove o acesso ao microcrédito, fundos de poupança e educação para mulheres e meninas em situações de vulnerabilidade", Ir. Alessandra Smerilli publicou recentemente o livro "Mulher economia. Da crise a uma temporada de esperança” (original em italiano “Donna Economia. Dalla crisi a stagione di speranza”).

O objetivo do livro é o resultado de uma pesquisa que procurou formular "uma nova definição, baseada na responsabilidade dos atores financeiros perante uma sociedade ‘boa’ que promova a vida e a justiça para todos".

Por isso, Smerilli escreveu que “sua contribuição teórica é a elaboração de uma nova missão financeira, especialmente a relacionada à economia real, que integra a responsabilidade dos atores financeiros e responsabilizá-los".

“Antes de denunciar os sistemas, antes de mudar o que não gostamos, devemos nos perguntar se estamos dispostos a mudar. Não amamos as desigualdades, a finança que gera a disparidade, estamos preocupados com as mudanças climáticas e os riscos relacionados. Podemos e devemos solicitar novas regras e novas estruturas, mas nenhuma mudança ocorrerá se não começar com a escolha de cada um de nós sobre qual direção escolher, em nossas compras, em nossas escolhas econômicas e ecológicas, nas poupanças e nos investimentos”, afirma no livro Smerilli.

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Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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