No dia 29 de junho, a “Carta para as mulheres”, escrita por São João Paulo II, completou 25 anos. Esta reflete sobre a verdadeira feminilidade e o importante papel da mulher na sociedade e na Igreja.

Em uma coluna do National Catholic Register, a escritora católica Emily Stimpson Chapman afirmou que a reflexão do santo polonês a ajudou a encontrar "o que significa ser mulher" e o "gênio feminino", no momento em que experimentava muitas inseguranças sobre seu próprio corpo e personalidade.

Stimpson assinalou que São João Paulo II como Papa e filósofo tem uma abordagem singular na qual “afirma a dignidade dada por Deus a cada pessoa” e reconhece que, por trás de cada conflito, há um fracasso em reconhecer a dignidade humana e um desejo de destruí-la.

Por exemplo, a escritora indicou que, graças à defesa gentil mas concreta de São João Paulo II em uma conferência das Nações Unidas sobre o controle populacional em 1994, foi possível frustrar os esforços das feministas para definir o aborto como um direito humano universal.

No entanto, um ano depois, agendou-se outra conferência da ONU, desta vez sobre as mulheres, em Pequim. Os próprios defensores dos direitos ao aborto estariam lá, promovendo a mesma agenda", acrescentou.

Stimpson destacou que foi então que o Santo Padre decidiu tomar a ofensiva declarando 1995 como "o ano da mulher" e começou a "falar e escrever constantemente sobre as lutas que as mulheres enfrentam" e sua dignidade.

A autora assinalou que o texto mais importante foi a "Carta às Mulheres", publicada em 29 de junho de 1995, na qual o santo "apresentou uma compreensão diferente à dada pelo mundo sobre a mulher e o feminismo".

Stimpson indicou que São João Paulo II quis "falar diretamente com cada mulher, refletir com ela sobre os problemas e as perspectivas do que significa ser mulher em nosso tempo".

O Papa indicou que homem e mulher foram criados à imagem de Deus "diferentes, mas iguais", sendo complementares entre si e lamentou o "fracasso do mundo (e, às vezes, o da Igreja) em reconhecer a dignidade das mulheres”, e a persistência de reduzir a visão da mulher ao seu corpo.

"Isso impediu as mulheres de serem verdadeiramente elas mesmas e resultou no empobrecimento espiritual da humanidade", ressaltou o Santo Padre em sua carta.

A busca pela identidade feminina

Em 1995, quando estava no segundo ano da universidade, Stimpson se perguntou pela primeira vez o que significava ser mulher e que diferença havia com o homem, além da anatomia.

"Toda a minha vida, tudo o que me disseram foi que homens e mulheres eram iguais e que podia fazer qualquer coisa que um homem pudesse fazer", assinalou. "No entanto, aos 19 anos, não estava tão certa disso", acrescentou.

Stimpson assinalou que, ao analisar as mulheres da universidade e em seu entorno, nas revistas e na televisão, a resposta que conseguiu é que a “feminilidade, parecia dizer a cultura, estava ligada aos desejos sexuais”.  

Em vez disso, na Igreja Protestante que frequentava, percebeu que "as mulheres deveriam ser caladas, mansas e suaves".

"Cheguei à conclusão de que eu não era uma boa mulher para os padrões de ninguém: igreja ou cultura", assinalou. “Em cada parâmetro da feminilidade, parecia que eu estava aquém. Exceto um", acrescentou.

Stimpson indicou que, querendo ser magra, começou a passar por um estágio inicial de transtornos alimentares e decidiu enganar as pessoas fingindo ser tranquila e gentil, ocultando sua inteligência e suas próprias opiniões "por trás de uma estrutura delicada e frágil".

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"Passei os cinco anos seguintes tentando me adaptar, da única maneira que sabia, ao que pensava que significava ser mulher", disse.

Stimpson retornou em dezembro de 2000 à Igreja Católica, onde encontrou sua resposta na carta de São João Paulo II.

“Quando li essas palavras, cinco anos após a publicação, encontrei a paz e o começo da cura. Eu era mais do que um número em uma escala", disse. "Eu também não era menos feminina por causa da minha inteligência, opiniões ou força", acrescentou.

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A autora destacou que, nas palavras de São João Paulo II, descobriu que seus dons eram "dons de Deus, destinados a servir os outros: minha família, sim, mas também à Igreja e ao mundo".

Graças à "Carta às Mulheres", Stimpson entendeu que, em Cristo, "toda mulher tem um lugar, independentemente de ser casada ou solteira, fértil ou infértil, uma mulher que trabalha em casa ou uma mulher que trabalha no mundo".

O Santo Padre indicou que uma mulher é chamada para ser mãe "às vezes no corpo, sempre na alma", disse a autora.

Nesse papel de mãe, as mulheres são chamadas a ver em cada pessoa a imagem de Deus, buscando alimentar, incentivar, curar, afirmar, ensinar, acolher e prestar atenção a cada pessoa que o Senhor lhes envia.

"Também é desafiar as pessoas, ajudando-as a se tornarem o que Deus quer que sejam, mas fazendo-o gentilmente, controlando nossa força, nunca colocando o dedo nas feridas", acrescentou.

"Devemos fazer tudo com o olhar posto no céu, confiando na graça de Deus para trabalhar com todos os nossos esforços, a fim de guiar as pessoas à vida eterna", enfatizou.

Stimpson assinalou que as mulheres são pessoas que amam os outros para a santidade, "priorizam a pessoa sobre todos os outros bens e veem a grandeza de cada alma individual".

"Esse é o nosso 'gênio feminino'. Essa é a visão da mulher que João Paulo II deu ao mundo há 25 anos. E é uma visão que muitos ainda precisam aprender", acrescentou.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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