MADRI, 7 de jul de 2004 às 12:37
O Arcebispo de Toledo, Dom Antonio Cañizares Llovera, assegurou que admitir como “matrimônio” a união entre pessoas do mesmo sexo não é só a perversão da linguagem mas também da verdade das coisas, a destruição do matrimônio e um “verdadeiro suicídio social”.
Depois que a maioria dos grupos parlamentares instaram ao Governo, mediante uma proposição de lei, que acelerasse a aprovação do mal chamado "matrimônio" de pessoas do mesmo sexo e a promessa do Ministro de Justiça de aprová-la antes do próximo mês de janeiro, o Arcebispo de Toledo ofereceu uma declaração na qual advertiu a gravidade do que esta medida supõe.
“A união entre pessoas do mesmo sexo nunca foram, não é, e nem pode ser matrimônio. Será outra coisa, mas nunca matrimônio. Admitir estas uniões como matrimônio supõe não só uma perversão da linguagem, como também, e principalmente, uma perversão da verdade das coisas, e uma destruição, em conseqüência da verdade do que é o matrimônio em sua realidade mais própria. Leva-se a cabo com esta disposição um grave dano ao homem e à sociedade, que se sustentam na verdade do matrimônio”, assegurou.
O Primaz da Igreja na Espanha lembrou em sua carta que “ o matrimônio é única e exclusivamente a união com vínculo indissolúvel entre um homem e uma mulher, livremente contraído e publicamente afirmado, cuja missão específica é desenvolver uma autêntica comunidade de pessoas, transmitir a vida e garantir a educação e a trasmissão de valores culturais, éticos, sociais, espirituais e religiosos”.
Após chamar a atenção sobre o contraste entre o expressado recentemente pelo Papa João Paulo II ao novo Embaixador na Santa Sé e a decisão do Executivo, Dom Cañizares destacou o sem sentido e a ausência de necessidade da nova lei, “a não ser que o que se pretenda com ela seja introduzir em nossa sociedade um novo marco de valores e referências com respeito à pessoa, a sexualidade, o matrimônio e a família, com graves conseqüências no âmbito pessoal, familiar e social”.
“o que se faz nesta iniciativa é atentar, por um lado, ao bem comum, que prescreve o cuidado dos mais necessitados e fracos –as crianças- e, por outro, a liberdade de muitas pessoas às quais se quer impor uma minoritária e errônea visão do ser humano e das relações interpessoais. Esta agressão ao bem comum e à liberdade das pessoas é de tal profundidade que sua aceitação por parte da sociedade significaria um verdadeiro suicídio social”.
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Mais adiante, o Prelado indicou que desconhecer a bondade do autêntico matrimônio “tornando-o igual a outras formas de convivência é um ato de manifesta ingratidão e de injustiça ao bem social fornecido por tantos matrimônios”, que desta maneira seriam “mal-tratados”.
O Acebispo precisou que quando se buscam “reconhecer como análogas ou idênticas ao matrimônio as uniões do mesmo sexo, estão contrariando gravemente a gênesis dos direitos: é uma agressão ao fundamento de todos os direitos”.
“Para que uma união entre pessoas do mesmo sexo possa ser considerada análoga ao matrimônio é preciso algo totalmente diferente ao reconhecimento de um direito, a criação artificial de direitos por parte do Estado. E se um Estado artificialmente pode criar direitos, também pode destrui-losr. O que, a ninguém é ocultado, eé um gravíssimo risco para o homem e a sociedade”, indicou.
Dom Cañizares, afirmou que “o Projeto discrimina e coloca em perigo a proteção ao matrimônio e à família, constitucionalmente reconhecida na Espanha, porque discriminatório é tratar de forma igual os que são desiguais”.
“Valorizar de forma distinta a realidades diferentes é o justo por quanto a justiça é dar a cada um o que é seu. Tratar como iguais realidades desiguais, pelo contrário, é uma injustiça”, acrescentou.
O Arcebispo concluiu sua declaração afirmando que “a adoção de crianças por parte destes casais não respeita o princípio do ‘bem superior da criança’ e conduz a um vazio antropológico”.