Victória Libonatti é uma jovem católica, de 23 anos, casada, que há alguns meses sofreu um aborto espontâneo, fato que transformou a sua vida ao ensiná-la que os filhos não são um direito, mas sim “dom de Deus” e que não se deve ficar adiando para tê-los apenas depois das realizações pessoais e materiais.

A jovem, da cidade de Petrópolis (RJ), partilhou sua experiência por meio de um vídeo publicado em seu perfil do Facebook na quinta-feira, 9 de julho.

“Não foquem no fato do aborto! O principal do vídeo é todos entenderem que não tem problema nenhum um casal ter filhos meses depois que casou, pelo contrário! O amor desse casal gerou uma vida e devemos louvar a Deus por isso! Filhos são presentes e não um direito nosso, não temos o poder de escolher quando ou não ganhá-los!”, escreveu na descrição.

No vídeo, Victória conta que sempre escutou as pessoas aconselharem a ter filho apenas depois de aproveitar a vida com o marido e alcançar as conquistas materiais que deseja. Ela confessa ainda que concordava com este pensamento.

Até que a jovem, que completa um ano de matrimônio neste dia 13 de julho, engravidou e pouco depois sofreu um aborto espontâneo.

“Eu vi quanto eu fui egoísta de querer ter tudo primeiro antes de ter um neném. Isso me corroeu por dentro”, afirmou a jovem, acrescentado: “Eu tive um neném no meu ventre, eu o amei no tempo que o conheci e o perdi. Depois que eu conheci esse amor, eu quis que eu gerasse de novo e, desde então, Deus não quis”.

Em entrevista à ACI Digital, Victória Libonatti contou que quando era criança e adolescente, “mal queria casar, pois não queria ter filhos”. “Eu me via ‘presa’ dentro de casa com criança correndo de um lado e do outro, e não poderia ter a vida que queria ter”, admitiu.

Até que conheceu Victor Antonio, “e o casamento era algo inevitável”. Assim, em 13 de julho de 2019, os dois contraíram matrimônio.

Entretanto, revelou esta jovem pedagoga, “apesar de amar crianças, e trabalhar com e por elas, no fim do dia, amava também entregá-las para os pais”.

“Comecei a ver o lado bom dos filhos, as alegrias, deixando o que é ‘ruim’ de lado, pois eu casaria, precisava me acostumar com a ideia. Então, conversando com o Victor, colocamos a meta de 1 ou 2 filhos, e também só depois de 5 anos de casados. Antes disso, queria ir à Disney, ter meu carro e casa”, narrou.

Após o casamento, o casal começou a ouvir de outras pessoas o conselho de que precisavam “curtir o casamento” e “nada de filhos agora”. “E eu concordava em número e grau”. Mas, engravidou antes de completar um ano de matrimônio e “bateu desespero”, questionando-se “o que os outros iam pensar da gente?”.

“Mas rapidamente me coloquei no lugar de cristã, e amei meu filho. Sonhei com o cheirinho das roupinhas, com a educação que daria, como eu ninaria ele. Mas durou só 3 dias. Tive o aborto e o sangue jorrava em comum com as minhas lágrimas”, recordou.

De acordo com Victória, naquele momento, “ainda não entendia o que Deus esperava” dela, “mas algo mudou”. “Depois, mesmo tentando, eu não engravidei mais, mesmo ‘seguindo o roteiro’. Foram meses de tristeza, pois meu ventre estava vazio”, declarou.

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Tudo começou a mudar depois que Victória ouviu de uma amiga uma frase: “os filhos são dons, e não direitos nossos”.

“Eu não podia querer ter outro filho agora, porque Deus não queria, eu quis ter o poder de gerar, mas esse presente eu não posso me dar. E isso me consolou”, disse.

No vídeo em que contou seu testemunho, Victória explicou que quando se pensa que um filho “é um direito nosso, a gente escolhe quando a gente quer, é um direito meu, então, agora quero ter e agora vou ter. Mas, não o presente, Deus escolhe quando quer dar o presente”.

“Então, com todos os métodos contraceptivos, torna-se o filho um objeto”, observou, ressaltando que, na verdade, os filhos “não são um objeto que a gente pode ir lá e comprar quando a gente quer”, ao contrário, são “um presente de Deus, um dom da vida e vão vir quando Deus achar que tem que vir, quando Ele achar que deve nos dar esse presente”.

Victória contou ainda à ACI Digitalque, rezando e agradecendo a Deus pelo entendimento”, essa questão “martelava” em sua cabeça, sobre “como as pessoas são egoístas e nos fazem crescer nesse meio também, nos ensinam isso”.

“Naturalizamos o egoísmo. É horrível! Como podemos, por tanto tempo, recusar os presentes de Deus e não acreditar no bem que irão nos fazer. Eles mudarão sim nossas vidas, mas isso não quer dizer que não é o certo e o melhor”, destacou.

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Desse modo, após uma “noite turbulenta” pensando sobre esse assunto, Victória decidiu gravar o vídeo a fim de conscientizar “as pessoas sobre os egoísmos”.

Essa decisão também reforçou os laços com seu marido Victor, que “sempre quis ter filhos”, mas respeitava sua opinião. “Estudando juntos, hoje, temos enraizada essa opinião e esperamos estar em comunhão com a Santa Igreja”.

“Enquanto eu gravava – revelou Victória –, ele ficou na cozinha escutando, e quando finalizei ele veio chorando também, e num abraço desejamos, mais que nunca, realizar a vontade do nosso Amor, Deus”.

O testemunho de Victória alcançou diversas pessoas nas redes sociais e muitas a agradeceram, “porque de alguma forma os pensamentos delas mudaram”. A jovem contou que recebeu relatos de casos como, por exemplo, “de parar o uso do anticoncepcional”. “Eu glorifico a Deus por me permitir ser canal para Ele, mesmo errando tanto”, concluiu.

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