Roma, 15 de jul de 2020 às 14:30
Segundo o Instituto Nacional de Estatística da Itália (Istat), é provável que haja uma diminuição significativa no número de bebês nascidos no período após a nova pandemia de coronavírus
O Istat previu em seu relatório anual que, no restante de 2020 e 2021, o clima de incerteza e medo causado pelo coronavírus pode levar a 10 mil nascimentos a menos no país.
O relatório também assinalou que, se for incluído o aumento previsto de desemprego, espera-se que no pior dos casos, a taxa de natalidade possa cair a cerca de 396 mil em 2021, com uma diminuição de quase 25 mil nascimentos desde 2019.
Também se informou que "a Itália é um país com baixa fertilidade permanente", com taxas de natalidade que continuam diminuindo desde as primeiras décadas do século XX.
Nesse sentido, em um relatório publicado em julho sobre as taxas de fertilidade do país em 2019, os dados nacionais mostram que a Itália registrou 420.170 nascimentos no ano passado, um recorde desde a unificação da península itálica em 1861, que levou à criação da Itália.
Com um declínio constante dos nascimentos nos últimos 10 anos, o relatório assinala que a taxa de natalidade entre os italianos caiu 4,5% adicionais em relação ao ano anterior, resultando em um total de 19 mil nascimentos a menos.
Além disso, a Itália também apresentou um ligeiro aumento nas mortes em 2019 e o número de italianos que se mudaram para o exterior aumentou 16,1 pontos percentuais.
Istat também coletou dados sobre como os italianos passaram seu tempo durante o fechamento da fronteira nacional devido ao coronavírus realizado de 9 de março a 18 de maio.
Segundo esta pesquisa, quase 43% dos italianos disseram que rezavam pelo menos uma vez por semana e destes, 22% disseram que rezavam todos os dias. Além disso, 48% dos entrevistados relataram não ter rezado durante esse período.
O mercado de trabalho da Itália ainda sofria com os efeitos da recessão de 2008 antes da pandemia, diante disso, o relatório indica que particularmente os homens, os jovens, aqueles que têm menos escolaridade e aqueles que pertencem ao sul da Itália “ainda não recuperaram os níveis de emprego e as taxas de 2008”.
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"A fotografia pré-pandêmica do mercado de trabalho mostra crescentes desigualdades", assinalou o relatório nacional.
O Papa Francisco abordou repetidamente o problema da queda da taxa de natalidade nos países ocidentais. Por exemplo, em 8 de janeiro de 2018, o Santo Padre se referiu a este tema em uma reflexão sobre os desafios enfrentados pelas famílias que apresentou durante um discurso dirigido aos diplomatas acreditados junto à Santa Sé.
É urgente “que se adotem políticas efetivas em apoio da família, da qual aliás depende o futuro e o desenvolvimento dos Estados. Sem ela, de fato, não se podem construir sociedades capazes de enfrentar os desafios do futuro”, ressaltou.
Para o Santo Padre, “a falta de interesse pela família traz consigo outra consequência dramática – particularmente atual nalgumas regiões – que é a queda da natalidade. Vive-se um verdadeiro inverno demográfico!”.
A diminuição da taxa de natalidade "é sinal de sociedades que sentem dificuldade em enfrentar os desafios do presente, tornando-se, por conseguinte, cada vez mais temerosas do futuro e acabando por se fechar em si mesmas", concluiu.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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