HONG KONG, 21 de jul de 2020 às 09:09
Uma publicação especializada em tecnologia informou recentemente que o Governo comunista da China tentou hackear a Diocese de Hong Kong.
Segundo a ZDNet, hackers associados ao Governo chinês atacaram repetidamente as autoridades da Diocese de Hong Kong com documentos que parecem legítimos e que na verdade instalam vírus ou malware, ou seja, programas maliciosos que visam danificar os dispositivos móveis e computadores
A modalidade usada nas tentativas de hackear é conhecida como "spear-phishing", que consiste em solicitar a entrada de alguma senha para a instalação do malware. Embora o phishing seja muito comum, a diferença do spear phishing é que ele está direcionado a uma pessoa ou organização. Nesse caso, a diocese de Hong Kong
Um analista de malware, conhecido pelo pseudônimo Akbird, disse a ZDNet que já viu malware usado pelo Governo chinês. O vírus que viu continha aplicativos que exibiam textos que pareciam documentos ou artigos sobre a Igreja Católica, mas na verdade instalavam malware no computador do usuário sem que ele percebesse.
Akbird acredita que o malware se originou de um grupo chamado "Mustang Panda", que já havia afetado organizações religiosas no passado.
A Igreja Católica em Hong Kong sempre teve um relacionamento normal com o Vaticano, ao contrário da Igreja na China continental. Lá, existe uma divisão na qual a Igreja clandestina, subterrânea ou não-oficial estava em comunhão com Roma, enquanto a Associação Católica Patriótica Chinesa (ACPC), liderada pelo Partido Comunista, não estava.
Em setembro de 2018, o Vaticano e a China assinaram um acordo sobre a nomeação de bispos no qual o status da ACPC foi regularizado e seus bispos foram aceitos em plena comunhão da Igreja. Os detalhes do acordo não foram divulgados.
Vários líderes católicos em Hong Kong apoiaram os protestos massivos pró-democracia que ocorreram no ano passado.
Em 1º de julho, uma nova "lei de segurança nacional" foi introduzida em Hong Kong e acredita-se que tenha um impacto negativo nos cidadãos da província.
Os termos da lei foram divulgados em 30 de junho, um dia antes da comemoração de mais um aniversário da devolução de Hong Kong à China continental. Até 1997, a cidade era uma colônia britânica.
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De acordo com a nova lei, uma pessoa detida por secessão, subversão, terrorismo ou conspiração com forças estrangeiras receberá no mínimo 10 anos de prisão, com a possibilidade de prisão perpétua. A definição ampla de terrorismo da norma inclui incêndio criminoso e vandalismo no transporte público "com o objetivo de intimidar o governo de Hong Kong ou o governo chinês para fins políticos".
O Cardeal John Tong Hon, administrador da diocese, expressou seu apoio à nova norma e disse que esta não ameaça a liberdade religiosa.
"Acredito que a Lei de Segurança Nacional não terá efeito sobre a liberdade religiosa, pois o artigo 32 da lei básica garante que tenhamos liberdade religiosa e que podemos pregar abertamente e realizar cerimônias de culto, além de participar nas atividades religiosas", escreveu o Cardeal em junho, no Kung Kao Po, jornal da diocese de Hong Kong.
O Bispo emérito de Hong Kong, Cardeal Joseph Zen ze-kiun, disse por sua vez que considera "incorreto" que o governo incentive as pessoas a falar em apoio à lei antes que todos os detalhes sejam revelados, mas reconheceu que seu sucessor está em uma situação "difícil".
"Por um lado, será um grande problema se não apoiamos o governo. Nunca sabemos o que farão à nossa Igreja", disse o Cardeal Zen. "Por outro lado, (o cardeal Tong) desapontou muitos na Igreja, ao dar o seu apoio" ao governo.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
Confira também:
Cardeal Zen alertou que novas normas cortarão liberdade religiosa em Hong Kong https://t.co/3w7CMzjpzE
— ACI Digital (@acidigital) July 2, 2020