HONG KONG, 13 de ago de 2020 às 15:28
O delegado para a educação da Diocese de Hong Kong pediu aos diretores das escolas católicas que ensinem a polêmica lei de segurança nacional, que pune a subversão para fins políticos contra o governo e que tem, entre as suas penas, a prisão perpétua.
Segundo Asia News, o delegado diocesano Peter Lau enviou uma carta aos diretores de cerca de 200 escolas católicas de Hong Kong, na qual pediu que os colégios ajudem os alunos a entender a nova lei, o respeito à bandeira e o hino nacional, assim como incentivar “os valores de sua identidade nacional”.
Lau também pediu que nas escolas não haja “politização” nem “promoção de mensagens políticas, posições ou perspectivas unilaterais”.
Para isso, explica, cada escola deveria ser dotada de um “mecanismo” de verificação do “ensino, lição de casa e material didático” utilizado nas aulas.
A carta foi enviada algumas semanas antes do início do ano letivo previsto para setembro e depois de uma carta enviada pela Secretaria de Educação no mês passado, com mensagens semelhantes para evitar a “politização” dos alunos.
A secretária de educação, Ingrid Yeung, pediu às escolas que parassem com as atividades políticas de seus estudantes e incentivou a suspender os acusados de "motins" ou "incêndios criminosos".
Entre os mais de 9 mil presos nos protestos de junho, mais de 3.700 eram estudantes. 45% de ensino médio, ou seja, mais de 1.670.
A Diocese de Hong Kong explicou que o pedido em sua carta é mais uma "sugestão do que uma imposição".
Além disso, a carta, como indicou um sacerdote, especifica que “[os alunos] devem ser formados para ter uma compreensão correta da identidade nacional, seguindo a doutrina social da Igreja”.
Um jovem citado por Asia News escreveu em uma rede social que “não querem a politização das escolas, mas exigem a compreensão da lei de segurança. São eles que trazem a politização para a escola”.
A nova lei de segurança nacional
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Em 1º de julho, a polêmica e nova "lei de segurança nacional" foi introduzida em Hong Kong. Alguns analistas acreditam que isso terá um impacto negativo.
Segundo a nova lei, uma pessoa que seja condenada por secessão, subversão, terrorismo ou conspiração com forças estrangeiras receberá um mínimo de 10 anos de prisão, com possibilidade de prisão perpétua.
A definição de terrorismo contemplada neste novo regulamento inclui incêndio criminoso e atos de vandalismo em transporte público "que visem intimidar o governo de Hong Kong ou o governo chinês para fins políticos".
O Cardeal John Tong Hon, administrador da diocese, expressou apoio à nova norma, dizendo que ela não é uma ameaça contra a liberdade religiosa.
O Bispo Emérito de Hong Kong, Cardeal Joseph Zen ze-kiun, disse por sua vez que considera "incorreto" que o governo incentive as pessoas a falar em apoio à lei antes que todos os detalhes sejam revelados, mas reconheceu que seu sucessor está em uma situação "difícil"
"Por um lado, será um grande problema se não apoiamos o governo. Nunca sabemos o que farão à nossa Igreja", disse o Cardeal Zen. "Por outro lado, (o cardeal Tong) desapontou muitos na Igreja, ao dar o seu apoio" ao governo.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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Cardeal Zen alertou que novas normas cortarão liberdade religiosa em Hong Kong https://t.co/3w7CMzjpzE
— ACI Digital (@acidigital) July 2, 2020