A Conferência Episcopal Alemã indicou nesta segunda-feira, 24 de agosto, que aceitará o convite do Vaticano para discutir a nova instrução sobre paróquias emitida em 20 de julho.

Os bispos informaram que serão acompanhados por alguns leigos em representação do polêmico processo sinodal que está ocorrendo atualmente no país.

A Igreja Católica na Alemanha está atualmente imersa no polêmico processo sinodal, que começou no Advento de 2019 e reúne bispos e vários representantes leigos para discutir vários assuntos, como a ordenação de mulheres, a bênção de casais homossexuais e divorciados em nova união, bem como a possibilidade de que os protestantes recebam a Eucaristia.

Ao concluir a reunião do Conselho Permanente do Episcopado na cidade de Wuzburg, foi anunciado hoje que os bispos alemães decidiram que Dom Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal, “aceitaria a oferta de conversa feita pelo Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Beniamino Stella".

CNA Deutsch, a agência em alemão do Grupo ACI, informou que o Episcopado indicou que Dom Bätzing “irá sugerir à Congregação que a conversa seja feita com a presidência do processo sinodal, uma vez que bispos, sacerdotes, diáconos e leigos são os destinatários da instrução” do Vaticano.

Ainda não se sabe quando esse diálogo aconteceria no Vaticano.

No dia 29 de julho, o Cardeal Stella convidou os bispos alemães a irem a Roma para discutir as críticas feitas à instrução dedicada às paróquias e recentemente publicadas pelo Vaticano.

O Cardeal garantiu que ficaria feliz em receber os bispos para "eliminar as dúvidas e a perplexidade", informou a agência de notícias católica alemã KNA.

Vários bispos alemães criticaram fortemente o documento "A conversão pastoral da comunidade paroquial a serviço da missão evangelizadora da Igreja", o mesmo que enfatizou que, de acordo com a lei canônica, apenas os sacerdotes podem dirigir o cuidado pastoral das paróquias..

CNA Deutsch informou que alguns comentaristas viram a instrução como uma resposta aos planos de reduzir drasticamente o número de paróquias nas dioceses alemãs.

O Vaticano bloqueou recentemente um plano da Diocese de Trier de converter 800 paróquias em 35. Enquanto isso, a Arquidiocese de Freiburg disse que continuará com planos de reduzir suas mil paróquias para apenas 40.

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Em uma entrevista em 28 de julho com o jornal italiano La Stampa, o Cardeal Stella disse que “é preciso ter cuidado para não reduzir a paróquia à condição de 'filial' de uma 'empresa', neste caso, a diocese, com a consequência de que possa ser ‘dirigida’ por qualquer pessoa, talvez, inclusive, por um grupo de ‘funcionários’ com diferentes habilidades”.

O documento provocou uma reação mista na Alemanha. Enquanto o Cardeal Rainer Maria Woelki, de Colônia, e o Bispo de Eichstätt, Dom Gregor Maria Hanke, expressaram sua gratidão pelo texto, o Bispo de Osnabrück e o vice-presidente da conferência dos bispos alemães, Dom Franz-Josef Bode, descreveram a instrução como "um forte freio à motivação e valorização dos serviços dos leigos".

Dom Bode disse que temia que o texto indicasse uma "conversão à clericalização" porque enfatizava o papel do sacerdote na liderança das paróquias.

O teólogo Cardeal Walter Kasper, por sua vez, defendeu a intervenção do Vaticano, dizendo: “A crítica alemã perde completamente a verdadeira preocupação da instrução: a conversão pastoral a uma base missionária. Mas, precisamente essa preocupação básica do Papa Francisco seria muito atual, em vista do alarmante número de saídas da Igreja recentemente publicado”.

O Cardeal se referiu às estatísticas divulgadas recentemente que mostraram um número recorde de católicos que deixaram a Igreja na Alemanha em 2019.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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