ORLANDO, 28 de ago de 2020 às 15:00
As evidências sugerem que os serviços religiosos que seguem as diretrizes de saúde pública não apresentam um risco maior de propagar o novo coronavírus do que outras atividades semelhantes, disse um grupo médico na semana passada.
A lavagem das mãos, o distanciamento social e o uso de máscara ajudaram a prevenir a disseminação da COVID-19, mesmo nos casos em que paroquianos infectados e pré-sintomáticos participaram de eventos da Igreja, conforme concluído por um grupo de trabalho do Instituto Tomista sobre Protocolos de Doenças Infecciosas para Sacramentos e Cuidados Pastorais.
Os três membros do grupo, Drs. Thomas McGovern, Diácono Timothy Flanigan e Paul Cieslak escreveram um artigo para a Real Clear Science em 19 de agosto sobre a participação na Missa em meio à COVID-19.
“Para as igrejas católicas que seguem as diretrizes, nenhum surto de COVID-19 foi associado à participação na igreja, embora tenhamos exemplos de pessoas assintomáticas, infectadas sem saber, participando de Missas e outras funções paroquiais. A assistência deles poderia ter causado um surto se as precauções adequadas não fossem seguidas, mas em cada caso, não encontramos nenhuma evidência de transmissão viral”, escreveram.
“Esta notícia encorajadora deve inspirar confiança de que as diretrizes atuais, baseadas nas recomendações do CDC [NdR: Centros para Controle e Prevenção de Doenças], estão funcionando para diminuir a transmissão da COVID-19. Embora nada durante uma pandemia esteja livre de riscos, essas diretrizes significam que os católicos (e funcionários públicos) podem ter certeza de que é razoavelmente seguro ir à Igreja para a Missa e os sacramentos”, continuaram.
Em outro ponto, disseram que "durante as últimas 14 semanas ou mais, mais de um milhão de Missas públicas foram celebradas seguindo as diretrizes para prevenir a propagação do vírus" nos Estados Unidos, onde existem cerca de 17 mil paróquias que costumam celebrar três ou mais Missas de fim de semana.
Os autores assinalaram que "a boa notícia" é que "não houve nenhum surto de COVID-19 relacionado à participação das pessoas nas igrejas católicas que seguem estas diretrizes”.
O artigo assinala que Nick Schoen, um funcionário da Arquidiocese de Seattle, que está realizando um protocolo de rastreamento de contato para todos que participam na igreja, forneceu uma série de casos da Arquidiocese que envolvem pessoas que testaram positivo para a COVID-19 e participaram em vários eventos paroquiais ou reuniões sacramentais, mas não transmitiram o vírus aos demais.
Os autores assinalaram pelo menos quatro exemplos de pessoas infectadas assistindo à Missa enquanto estavam pré-sintomáticas, bem como três unções dos enfermos realizadas por sacerdotes em quartos mal ventilados. Em cada caso, os pacientes evitaram infectar outras pessoas, indicaram.
“Durante uma Missa fúnebre em 3 de julho (45 participantes, capacidade para 885), dois membros de uma família notificaram à paróquia que tinham testado positivo para a COVID-19 e estavam infectados e pré-sintomáticos durante a Missa”, disseram os médicos.
“Durante um matrimônio no dia 11 de julho (200 participantes, capacidade para 908), o ar fresco circulou por várias janelas abertas com a ajuda de ventiladores. No dia seguinte, um participante desenvolveu sintomas de COVID e testou positivo em 13 de julho. É quase certo que o participante tinha a possibilidade de contagiar já que estava pré-sintomático durante o matrimônio”, foi outro caso.
Em abril, um grupo de médicos que compõe este Instituto Tomista publicou diretrizes para a reabertura de igrejas para a Missa e outros sacramentos. Essas diretrizes foram incorporadas por numerosas dioceses em seus protocolos de reabertura.
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As diretrizes foram construídas a partir de uma proposta de várias fases para a retomada e ampliação das Missas públicas, sem deixar de cumprir com as diretrizes de saúde pública vigentes em diferentes lugares.
Na “Fase 1” da proposta, o instituto incentivou a dispensa da “obrigatoriedade da missa dominical”, aos idosos e àqueles do grupo de risco da COVID-19 pedindo que fiquem em casa e também pedindo às pessoas que apresentarem algum sintoma para não irem à Missa. O instituto também promoveu o distanciamento social, obrigatoriedade do uso de máscaras e uso regular de desinfetante de mãos.
As poucas igrejas que relataram um surto de COVID-19 não seguiram esses regulamentos e, em alguns casos, participaram de ações proibidas, como canto congregacional.
Em alguns casos, esses incidentes isolados levaram os funcionários do governo local a restringir os serviços religiosos mais do que as atividades em restaurantes, cinemas e cassinos. Isso levou a ações judiciais por discriminação religiosa, que foram bem-sucedidas em alguns casos.
Os médicos disseram em seu artigo que não há evidência de que os serviços religiosos sejam de maior risco que atividades similares, desde que sigam as diretrizes.
“Até o momento, a evidência não sugere que ir à Igreja, seguindo as diretrizes atuais, seja mais perigoso que comprar alimentos. E o bem espiritual para os fiéis que participam na Igreja é imensamente importante para o seu bem-estar”, disseram.
“Com efeito, para os católicos, a Missa e, sobretudo, a Eucaristia são fundamentais para a vida cristã. Em um momento como este, é ainda mais importante que os fiéis possam vir à Igreja e receber a Sagrada Comunhão”, concluíram.
Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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