NAIROBI, 3 de set de 2020 às 12:21
Grupos jihadistas atacaram a comunidade católica em Mocímboa da Praia, em Moçambique, desde então 70 pessoas estão desaparecidas. As religiosas são as irmãs Inês Ramos e Eliane da Costa, ambas brasileiras, sendo que a irmã Inês tem mais de 70 anos.
No dia 5 de agosto, ocorreu um violento ataque de grupos jihadistas, que durou vários dias, contra a comunidade cristã do porto de Mocímboa da Praia, em Moçambique. Desde então, não se sabe o paradeiro de 70 pessoas, incluindo 2 religiosas da congregação de São José de Chambéry, que desapareceram durante o violento ataque.
Pe. Kwiriwi Fonseca, da Diocese de Pemba (Moçambique) disse à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) que as autoridades até agora não esclareceram o que aconteceu a estas duas freiras e às mais de 70 pessoas que estavam no convento da comunidade quando ocorreu o ataque.
Segundo o Pe. Fonseca, a região de Mocímboa da Praia está praticamente fechada e ninguém consegue chegar lá. O ataque começou em 5 de agosto e continuou nos dias seguintes, até 11 de agosto. “Durante esses dias, atacaram e ocuparam o porto de Mocímboa da Praia”, assegurou o sacerdote.
Com efeito, na Diocese de Pemba, souberam do ataque por um membro da comunidade que lhes deu a notícia. Desde então não conseguiram entrar em contato com estas religiosas, por isso, pelo momento, são consideradas desaparecidas.
“Quando a cidade foi ocupada, devido à inviabilidade de comunicação por falta de conexão, não conseguimos estabelecer contato com as irmãs e acreditamos que elas perderam seus telefones. (...) Acreditamos talvez que não estejam mortas, mas não têm como se comunicar. Assim é como nos consolamos, porque não sabemos exatamente a versão oficial. Não temos nenhuma notícia oficial”, assegurou o Pe. Fonseca.
No momento do ataque, havia cerca de 70 pessoas no convento das Irmãs de São José de Chambéry, principalmente idosos e crianças.
“Se as religiosas voltaram para o local, também não sabemos, porque não há lugar onde se possa comprar telefone novo... Como não temos notícias dessas dezenas de pessoas, não sabemos se desapareceram, se morreram, se foram sequestradas. Não sabemos de nada…”, assegurou.
A crise humanitária que se vive em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, como consequência dos ataques terroristas que assolam esta região, adquiriu uma dimensão terrível devido ao número de mortos e deslocados, e por causa da falta de recursos para acolher esta população.
Da diocese de Nampula (Moçambique), Pe. Cantífula de Castro, vice-diretor da Rádio Encontro, enviou uma mensagem à sede portuguesa da fundação ACN na qual explica que só “na Arquidiocese existem cerca de cinco mil deslocados que chegaram aos distritos de Meconta, Nampula e Rapale. A maioria são mulheres jovens e crianças que precisam de ajuda humanitária. Na verdade, não têm espaço para se alojar, comida, roupa e inclusive material de prevenção para a Covid-19”.
O sacerdote garante ainda que “a província de Cabo Delgado leva três anos ardendo em guerra” e que “as pessoas estão vivendo momentos insuportáveis por causa do terrorismo”.
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“É uma situação deplorável. Estima-se que sejam pouco mais de mil mortos, casas incendiadas, aldeias abandonadas, pessoas que vivem nas montanhas e outras que se refugiam, de mãos vazias, em lugares mais seguros em busca de proteção, frisou o padre Cantífula na mensagem de vídeo enviada para ACN.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado tem sido palco de ataques de grupos armados que há alguns meses se declaram afiliados ao Daesh ou Estado Islâmico. Os ataques têm aumentado de intensidade nos últimos meses, principalmente desde o início deste ano.
Pe. Cantífula de Castro indica que, apesar da situação complexa e da falta de recursos, “a Igreja não abandona essas pessoas, mas fica ao seu lado, dando-lhes ajuda material e conforto espiritual”.
E pediu ajuda à comunidade internacional: “Por favor, não se esqueçam de nós. Se puderem, ajudem essas pessoas que perderam tudo e tiveram que fugir de suas casas. Muito obrigado".
A fundação pontifícia ACN ajuda os cristãos de Moçambique em vários projetos, desde a reconstrução de igrejas até o sustento de sacerdotes e missionários.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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— ACI Digital (@acidigital) July 20, 2020