BOGOTÁ, 11 de set de 2020 às 11:00
O secretário-geral da Conferência Episcopal da Colômbia (CEC), Dom Elkin Álvarez Botero, lamentou as violentas manifestações que até agora deixaram oito mortos e mais de 370 feridos, ocorridas após a divulgação de um vídeo que mostra um homem sendo agredido pela Polícia e que faleceu logo depois em um centro de saúde.
Da tarde de quarta-feira até o início da manhã de quinta-feira, milhares de pessoas protestaram violentamente em vários bairros de Bogotá, depois que viralizou nas redes sociais um vídeo que mostra dois policiais agredindo o advogado e taxista Javier Ordóñez Bermúdez, de 45 anos.
No vídeo, um dos agentes é visto dando vários choques elétricos em Ordóñez, enquanto o advogado diz "por favor, já chega". A pessoa que gravou a cena e outras pessoas também pediram aos agentes que parassem. Finalmente, o homem foi levado para uma delegacia de polícia e depois para um centro de saúde, onde morreu.
Segundo informa a BBC, o evento aconteceu na terça-feira, 8 de setembro. Dois policiais prenderam Ordoñez Bermúdez no bairro de Santa Cecília, em Bogotá, por estar tomando bebidas alcoólicas com outras pessoas e discutindo, em uma situação, que segundo os agentes, tornou-se agressiva.
Segundo informa Caracol, na noite de quarta-feira, 9 de setembro, pelo menos 45 delegacias de polícia foram atacadas em cidades como Chapinero, Kennedy e Usaquén. Outros 10 ônibus foram vandalizados e os comércios sofreram graves danos.
“Lamentamos muito o que aconteceu e expressamos nossa solidariedade e fraternidade aos familiares de Javier Ordóñez que morreu inicialmente e também aos que morreram em meio aos protestos”, disse Dom Álvarez à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, no dia 10 de setembro.
“Sentimos muito por esta situação e lembramos que a violência gera violência. A força pública não pode exagerar no uso de sua autoridade ou poder. Não pode recorrer a estas formas de violência contra as pessoas”, frisou o também Bispo Auxiliar de Medellín.
Diante do ocorrido, o ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, anunciou que, para garantir a ordem pública, o efetivo policial será reforçado com 750 militares uniformizados, além de 850 vindos de outras regiões do país, além do destacamento de 300 militares da 13ª Brigada do Exército que apoiará o trabalho da Polícia Nacional.
Em declarações à imprensa, Holmes disse que “o Ministério da Defesa rejeita e condena qualquer ato de um membro da polícia que viole a lei ou ignore os regulamentos internos”.
Sobre os responsáveis pela morte de Ordóñez, Holmes especificou que “os dois agentes já estão sujeitos a investigação disciplinar e criminal e a instituição dará toda a colaboração exigida pela autoridade competente”.
Por sua vez, o General Gustavo Moreno, subdiretor-geral da Polícia, disse que “a Polícia Nacional rejeita qualquer ato que atente contra a vida ou a integridade dos cidadãos”.
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O presidente da Colômbia, Iván Duque, também se pronunciou e disse que “temos que deixar claro que não pode haver tolerância quando se abusa do uniforme ou da autoridade. Vimos acontecimentos dolorosos hoje (quarta-feira) mas vimos a atitude galante e férrea dos comandantes da polícia e do Ministro da Defesa e de todas as instituições para que as investigações sejam realizadas, avancem rapidamente e sejam aplicadas as regras como tem que ser”.
Dom Elkin Álvarez disse à ACI Prensa que “devemos deixar a justiça fazer seu trabalho e investigar, porque esse abuso de violência não é tolerável” por parte dos agentes da Polícia.
“Também temos que ter a sensatez e a clareza do momento para não deixar que essas manifestações se transformem em eventos piores do que aqueles pelos quais estão protestando”, continuou e especificou que os protestos são “a prova de que a violência gera violência, e é preciso parar este ciclo”.
“Condenamos o ato de violência inicialmente apresentado e pedimos às forças públicas que revejam essas situações e tomem todas as medidas para que não voltem a ocorrer”, disse o Prelado.
“Convidamos todos a impedirem justamente que o ciclo de violência continue”, concluiu.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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