REDAÇÃO CENTRAL, 17 de set de 2020 às 12:08
Neste dia 17 de setembro, a Família Franciscana celebra a festa da Impressão das Chagas (ou Estigmas) de São Francisco de Assis, recordando o episódio ocorrido em 1224, no Monte Alverne, quando o santo recebeu em seu corpo as marcas da Paixão de Cristo.
“O Seráfico Pai Francisco, desde o início de sua conversão, dedicou-se de uma maneira toda especial à devoção e veneração do Cristo crucificado, devoção que até a morte ele inculcava a todos por palavras e exemplo. Quando, em 1224, Francisco se abismava em profunda contemplação no Monte Alverne, por um admirável e estupendo prodígio, o Senhor Jesus imprimiu-lhe no corpo as chagas de sua paixão. O Papa Bento XI concedeu à Ordem dos Frades Menores que todos os anos, neste dia, celebrasse, no grau de festa, a memória de tão memorável prodígio, comprovado pelos mais fidedignos testemunhos”, afirma a introdução litúrgica da Missa e Liturgia das Horas.
Conforme relata o site da Pronvíncia Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, “no verão de 1224, última vez que esteve no Alverne, Francisco procura um lugar ainda mais ‘solitário e secreto’ no qual possa mais reservadamente fazer a quaresma de São Miguel Arcanjo”. E neste local, “na manhã de 14 de setembro de 1224, os céus se abrem e Cristo crucificado desce ao Monte Alverne na forma de um serafim”.
A Legenda Menor de São Boaventura narra este episódio recordando que, dois anos antes de sua morte, tendo “iniciado um retiro de Quaresma em honra de São Miguel” no Monte Alverne, Francisco “sentiu com maior abundância do que nunca a suavidade da contemplação celeste”.
“Transportado até Deus num fogo de amor seráfico, e transformado por uma profunda compaixão n’Aquele que, em seus extremos de amor, quis ser crucificado, orava certa manhã numa das partes do monte”.
Então, viu descer do céu um serafim que lhe pareceu “não apenas munido de asas, mas também crucificado, mãos e pés estendidos e atados a uma cruz”. “Tal aparição deixou Francisco mergulhado num profundo êxtase, enquanto em sua alma se mesclavam a tristeza e a alegria: uma alegria transbordante ao contemplar a Cristo que se lhe manifestava de uma maneira tão milagrosa e familiar, mas ao mesmo tempo uma dor imensa, pois a visão da cruz transpassava sua alma como uma espada de dor e de compaixão”, prossegue o relato.
Após uma conversação familiar, a visão desapareceu, “deixando-lhe o coração inflamado de um ardor seráfico e imprimindo-lhe na carne a semelhança externa com o Crucificado, como a marca de um sinete deixado na cera que o calor do fogo faz derreter”.
“Logo começaram a aparecer em suas mãos e pés as marcas dos cravos. Via-se a cabeça desses cravos na palma da mão e no dorso dos pés; a ponta saía do outro lado. O lado direito estava marcado com uma chaga vermelha, feita por lança; da ferida corria abundante sangue. Frequentemente, molhando as roupas internas e a túnica”, continua.
Em artigo sobre o sentido e o significado das chagas, Frei Régis G. Ribeiro Daher, assinala que “o que ocorreu no Monte Alverne é o cume de toda uma vida, de uma busca incessante de Francisco em ‘seguir as pegadas de Jesus Cristo’”.
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“As chagas significam que Deus é Senhor de sua vida. Deus encontrou nele a plena abertura e a máxima liberdade para sua presença”, afirma o franciscano.
Além disso, as chagas significam que “Deus não é alienação para o ser humano, ao contrário, é sua plena realização e salvação”. De acordo com Frei Régis, “o homem só encontra sua verdadeira identidade, sua própria consistência e o sentido de sua existência em Deus. E Francisco fez esta descoberta: Jesus Cristo foi crucificado em razão de seu amor pela humanidade – ‘amou-os até o fim’ –, e ele percorre este mesmo caminho”.
As chagas expressam ainda “que a vivência concreta do amor deixa marcas”. “A exemplo de Cristo, Francisco quis suportar/carregar e amar os irmãos para além do bem e do mal (amor incondicional)”, afirma.
Outro sentido das chagas se expressa no fato de que “seguir o Cristo implica em morrer um pouco a cada dia: ‘Quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz a cada dia e me siga’ (Lc 9,23)”.
“São Francisco não contentou-se em unicamente seguir o Cristo. No seu encantamento com a pessoa do Filho de Deus, assemelhou-se e configurou-se com Ele”, completa.
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